Criaturas pantagruélicas 1
François Rabelais (1494-1553) é um dos grandes nomes da literatura universal. Pantagruel e Gargantua, seguidos pelo Tiers Livre e pelo Quart Livre, são obras-primas originais, escritas num estilo livre, criativo e ousado. Mikhail Bakhtin fala, a seu propósito, em realismo grotesco, eivado por um humor desenfreado, fantástico e exorbitante, francamente inspirado na cultura cómica popular da época. Apesar de sucessivas proibições, os romances de Rabelais foram um caso sério de popularidade.
Em 1979, devorei A Cultura Popular na Idade Média e no Renascimento: o Contexto de François Rabelais, de Mikhail Bakhtin, e decifrei toda a obra de François Rabelais na versão original. Há coincidências prodigiosas. François Rabelais é, para mim, um dos melhores escritores de todos os tempos e Bakhtin, um dos maiores pensadores do século XX. A influência de Rabelais venceu os séculos. Concebeu situações e seres fantásticos. Artistas, como Salvador Dali, não resistiram à tentação de os desenhar.
O álbum Les Songes drolatiques de Pantagruel, ou sont contenues plusieurs figures de l’invention de maistre François Rabelais, da autoria de François Desprez, é uma das primeiras obras gráficas dedicadas às personagens rocambolescas do livro Pantagruel. Foi editado em 1565, doze anos após a morte de Rabelais. Les songes drolatiques é composto apenas por 120 gravuras legendadas. Segue uma galeria com algumas dessas “criaturas”. Fala-se muito, na atualidade, em ciborgues, homens-máquina e biomecanóides. Mas já em 1565, há mais de quatro séculos, a questão da ligação entre o corpo e a técnica era sistemática e explicitamente abordada. O nosso tempo, dito pós-moderno, compraz-se em barrigadas sociocêntricas. Somos diferentes, claro! Mas muito menos do que se nos afigura.
Recorri a estas imagens numa comunicação intitulada “O tecnohumano na era dos descobrimentos: a pretexto do livro Tecnologia e Configurações do Humano na Era Digital”, no âmbito do encontro Ecosofia na Era Digital, 1º Simpósio Internacional, Universidade do Minho, 28 de Junho de 2011.
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