À minha maneira

Há anúncios que vêm aos pares. Por exemplo, os anúncios The Chase, apresentado no artigo precedente, e Leaving The Nest, em baixo, ambos produzidos para a marca Renault Zoe-E-Tech. Leaving The Nest manifesta-se particularmente feliz na escolha da música, de Tom Rosenthal:
I’m happy, nothing’s going to stop me
I’m making my way, i’m making my way
I go solo, oh go solo,
I’m making my way home
I’m making my way
(Tom Rosenthal – Go Solo. 2014)
Segue o anúncio Leaving The Nest, mais duas canções de Tom Rosenthal: Go Solo (do anúncio) e Leaving The Nest.
Como um gato atrás de uma tartaruga

Confinamento duplo: pandemia e quatro meses de baixa médica. Não saio. Pareço um gato atrás de uma tartaruga. Em estacionamento. No retrato de família, pareço um emplastro. A televisão e o computador cansam-me. Cansa-me, também, o que tenho para fazer e não faço. Entrei em estado lesma. Comando na mão, escuto música. Escuto música, como, bebo e durmo. Faço inveja a um suíno.
Infradotado

Um perito, uma opinião. Dois peritos, uma contradição. Três peritos, uma confusão (Anónimo).
Nunca me deparei com tantos peritos e especialistas como durante a epidemia. Infradotado, confesso que pouco ou nada aprendi. Valha-me o Leonard Cohen.
A quem tem o monopólio de me aturar!
Aspirar a solidão

O confinamento altera as rotinas. As pequenas e as grandes. Presta-se ao desempoeiramento dos objetos: filmes, discos, fotografias, entrevistas gravadas… Alguns aguardam uma infinidade por um gesto de atenção. Poderiam continuar esquecidos? A televisão é uma alternativa, mas irrita. O telemóvel? Nunca lhe apanhei o jeito. Despacho as pessoas, e elas ressentem-se. Entrego-me, portanto, às minhas coisas, como o Principezinho à rosa.
Sem o confinamento, os objetos são belas adormecidas à espera de animação. Passo os dias só. A solidão não me larga. Também ganho pó. O Tendências do Imaginário é uma face deste isolamento. A solidão não é boa nem má. É um estado com que se convive bem ou mal. A música é uma companheira. Aspira o pó da solidão.
Matar a música. Victor Jara

Há épocas e lugares em que a música e a política se aproximam. O canto politiza-se e a política canta. Aconteceu em Portugal nos anos sessenta e setenta. Esta relação pode degenerar, tornar-se trágica. Victor Jara foi torturado e assassinado em 1973 pelo governo chileno de Pinochet. O Tendências do Imaginário contém várias canções de Victor Jara. Acrescento duas.
Excitação

Nestes tempos de repetição ansiosa, uma pitada de excitação não é pecado. Seguem três exemplos de riffs de guitarra.
A música na publicidade

Quando a música e, eventualmente, a dança são estrelas, o resto perde brilho. São exemplo os anúncios Dairy Dancing, da Pump e Little Angels, da Hyundai. O motivo e a marca podiam mudar, o impacto e a promoção mantinham-se. Repare-se, por último, que a música produz um efeito de união: em Dairy Dancing, as pessoas sintonizam-se; em Little Angels, a música pacifica e gera comunhão dentro e fora da família.
Madrigal de Monteverdi

Claudio Monteverdi (1567-1643), compositor maneirista, merecia mais reconhecimento. Selecionei o madrigal “Hor che’l ciel e la terra”, pela música e pela interpretação (Les Cris de Paris). Espero não ser o único a gostar. Carregar na seguinte imagem para aceder ao vídeo.

Albatroz

Albatroz: descolagem lenta, voo largo.
Rescaldo das eleições, música para espairecer. Albatross (1969) é um instrumental de início de carreira dos Fleetwood Mac. Gosto do grupo. Acrescento as canções Dreams e Ho Daddy, ambas do álbum Rumours, de 1977.