Antes e depois de Hollywood
Que não há nada que supere Hollywood, já se sabe. Que há contadores de histórias e douradores de histórias, também. Apesar de tanta sabedoria, não fomos nós mas os argentinos a avançar com uma paródia esclarecedora.
Anunciante: Argentina New Cinema. Título: Love Story. Agência: Saatchi & Saatchi. Direção: Dos Ex Maquina. Argentina, Janeiro 2013.
Empurrãozinho
Neste anúncio libanês, bastante agradável, uma história de amores infantis é coroada com um cliché bem repescado. O produto, o banco, quase não aparece. O que, em publicidade, não é caso raro. Já no país dos empurrõezinhos, um empurrãozinho assim, amigável e eficaz, dava muito jeito.
Marca: Byblos Bank. Título: A Little Push Matters. Agência: FP7, Beirut. Direção: Wissam Smayra. Líbano, Janeiro 2013.
Prazer de Amor: O bom faz mal
Plaisir d’Amour é uma canção francesa memorável. Foi composta em 1784 por Jean-Paul Égide Martini (1741-1816) a partir de um poema de Jean-Pierre Claris de Florian (1755-1794). Berlioz adaptou-a, em 1859, para orquestra. Foi interpretada por inúmeros cantores, entre os quais Nana Mouskouri, Karrin Allyson, Joan Baez, Marianne Faithfull e Tino Rossi. Diz a canção que “prazer de amor dura apenas um instante; desgosto de amor dura toda a vida”. Ocorre-me, a despropósito, um tópico da tradição judaico-cristã: o que é bom pode ser mal. Até o mais sublime dos prazeres se resume a uma trinca na maçã. Seguem duas interpretações: uma, clássica, mas bem-humorada, da Orquestra de André Rieu, com voz da brasileira Carmen Monarcha e da australiana Misusia Louwerse; a segunda é uma interpretação de jazz muito livre, mas incontornável, de Jacky Terrasson (álbum A Paris, 2001).
Plaisir d’Amour, pela Orquestra de André Rieu, com Carmen Monarcha e Misusia Louwerse. Dresden, 2008.
Plaisir d’Amour, por Jacky Terrasson, álbum A Paris, 2001.
PLAISIR D’AMOUR
Plaisir d’amour ne dure qu’un moment. chagrin d’amour dure toute la vie.J’ai tout quitté pour l’ingrate Sylvie. Elle me quitte et prend un autre amant.Plaisir d’amour ne dure qu’un moment. chagrin d’amour dure toute la vie.Tant que cette eau coulera doucement vers ce ruisseau qui borde la prairie,Je t’aimerai me répétait Sylvie. L’eau coule encore. Elle a changé pourtant.Plaisir d’amour ne dure qu’un moment. chagrin d’amour dure toute la vie. |
The pleasure of love lasts only a moment The pain of love lasts a lifetime.I gave up everything for ungrateful Sylvia, She is leaving me for another lover.The pleasure of love lasts only a moment, The pain of love lasts a lifetime.”As long as this water will run gently Towards this brook which borders the meadow,I will love you”, Sylvia told me repeatedly. The water still runs, but she has changed.The pleasure of love lasts only a moment, The pain of love lasts a lifetime. |
Disforia estimulante
A Chicken Licken da República da África do Sul lança uma série de três anúncios. Espelham uma convicção da publicidade: o disfórico pode ser estimulante, o macabro vivificante, o estranho familiar e o feio atraente. Há muito que se sabe. Desde as primeiras emoções do homo sapiens. Mas quase o esquecemos: a razão ofusca-se com tanta lógica e abstracção; e o que sobra contorce-se nas brumas da retórica. Pois, nestes anúncios está tudo bem digitalizado, bit a bit: o deprimente pode animar.
Marca: Chicken Licken. Títulos: Longing / Orphanage / Prison. Agência: Net#work BBDO. Direção: Pete Pohorsky / Terence Neale / Pete Pohorsky. República da África do Sul, Janeiro 2013.
Afinal havia outro
Este anúncio da Guinness é extraordinário. Aguardou 17 anos, mas não escapou. Inspira-me dois comentários inoportunos. É raro uma marca de cerveja aventurar-se no registo da homossexualidade. Antes pelo contrário, o valor predominante é o machismo. Neste sentido, trata-se de um anúncio excepcional. Mas nunca chegou a ser publicado e a Guinness quase o renegou (ver, em baixo, o artigo do Business Insider, “Gay marriage victories give new life to this banned Guinness ad from 1995”: http://www.businessinsider.com/banned-gay-guinness-ad-from-1995-2012-11). Por outro lado, incide sobre as rotinas íntimas e grotescas do quotidiano. Com elevada qualidade estética: “a estética do feio” (Karl Rosenkranz, 1853). Iniciada, segundo Norbert Elias, há, pelo menos, oito séculos, a civilização dos costumes ainda não chegou a meio da jornada. O que é um bom auspício para a condição humana.
Marca: Guinness. Título: Homos – “Men and women shouldn’t live together”. Agência: Ogilvy & Mather. Direção: Tony Kaye. Reino Unido, 1995.
“Gay Marriage Victories Give New Life To This Banned Guinness Ad From 1995
Jim Edwards | Nov. 12, 2012, 10:31 AM | 8,101 | 4
The crucial scene from Guinness’s 1995 spot.
The campaign to legalize same-sex marriage — which won four state referenda in the 2012 elections cycle — has given new life to a 17-year-old commercial (below) made by Ogilvy & Mather for Guinness in the U.K., which was never aired.
The spot was cited recently by Business Insider as one of “15 Ads That Changed The Way We Think About Gays And Lesbians.” Since then, Buzzfeed, The Daily Beast, Daily of the Day, and Jezebel have all spotlighted it. The ad has received 122,000 views on YouTube since it was uploaded in 2010 — fifteen years after it was made and then shelved.
The ad features the song “Stand By Your Man” and shows the classic unspoken domestic civil war between a couple in which one partner is messy and the other is a neatnik. Only at the end of the ad is it revealed that both partners are men.
The ad never saw the light of day after it was created due to a “massive negative backlash,” according to Adweek. Adrespect.org wrote that once the press heard about the upcoming ad, Guinness denied that it existed:
Artfully shot with the help of maverick California-based British producer Tony Kaye, the UK tabloid press widely reported the planned ad before it aired, to much scandal. Pubs and consumers were shocked that the traditional brand would air a gay ad.
Fearing greater backlash by straight consumers, the TV spot was ultimately dropped by Guinness. Later, the company tried to deny that this spot even existed.
“There was a desire by the agency and Guinness to have a certain ambiguity about it,” Kaye told the Canadian Broadcasting Corp. in 1997 about the ad he created. “So that when you watch the spot, you said, ‘Well are these guys gay or not?’ These guys are gay — the storytelling, to me, needed him to give the other guy a little peck on the cheek.”
When asked why the company would deny the existence of the ad he shot, Kaye offered, “Most of them have the vision of a dead rat. I think it was charming and it was very funny and would sell a hell of a lot of beer.”
Read more: http://www.businessinsider.com/banned-gay-guinness-ad-from-1995-2012-11#ixzz2JCZI4PDg
Lá vai um, lá vão dois, três modelos a passar
Não há modo de acabar esta desagradável tarefa de aferir saber alheio. O que vale são os desfiles de moda. Entre duas avaliações, nada como pasmar com tanta estética móvel. Junto um vídeo recente da Burberry: Woodland Adventure. Chamo a atenção para a música: Numb, de Marina and the Diamonds. Acrescento, a propósito, um vídeo deste grupo: I am not a Robot, de 2010. Desde os tempos de Mick Jagger que não me lembro de uma boca com tanto protagonismo. Lá vai um, lá vão dois, três modelos a passar. O do meio desfez-se no ar.
Marca: Burberry. Título: Woodland Adventure. Reino Unido, 2012.
Marina and the Diamonds. I am not a Robot. The Family Jewels. 2010.
Sozinha no Museu
“Toda a arte é uma revolta contra o destino do homem” (André Malraux, A Condição Humana, 1933)
“A todas as obras de arte que elege, o Museu Imaginário acrescenta, se não a eternidade que lhe pediam os escultores da Suméria e da Babilónia, ou a imortalidade pedida por Fídias e Michelangelo, pelo menos uma enigmática libertação do tempo.” (André Malraux, A Condição Humana, 1933).
“Afinal, o museu é um dos locais que nos proporcionam a mais elevada ideia do Homem” ( André Malraux, O Museu Imaginário, 1947)
Path of Beauty, dirigido por Florent Ingla, com a atriz francesa Eve Claudel. 2012.
O ovo, a pancada e o resto
Este anúncio surrealista, estilo retro, contempla-nos com um exemplo extremo de razão argumentativa. Quem hesitava quanto a que marca escolher, ficou esclarecido: os melhores slips são aqueles que fazem omeletes. São os mais protectores. Alguma dúvida?
Marca: Le Slip Français. Título: La surprise du chef. Agência: BETC. Direção: Julien Rambaldi. França, Janeiro 2013.
Objetos encantados
Gilbert Legrand formou-se, em Paris, em Artes Plásticas e Design. As suas esculturas, originais e cheias de humor, subvertem objectos banais concedendo-lhes novas vidas. Esta pequena galeria de esculturas visa espicaçar a vontade para a visita à vasta obra de Gilbert Legrand no seu site http://www.gilbert-legrand.com/sculptures.html.
- 09. Gilbert Legrand. Les frères zip
- 01. Gilbert Legrand. Miss Égoines
- 02. Gilbert Legrand. Bien Affuté
- 03. Gilbert Legrand. La fuyarde crédit
- 04. Gilbert Legrand. La vie est truelle
- 05. Gilbert Legrand. Noyé dans ses pensées
- 06. Gilbert Legrand. Sous les manteaux
- 07. Gilbert Legrand. Photo
- 08. Gilbert Legrand. Les maîtres chanteurs