Sentir-se bem
“o homem nasceu para o prazer. Sente-o.” (Blaise Pascal).
“A maior parte das coisas que dão prazer não são razoáveis” (Montesquieu).
O vento leva, o vento traz. Retomo este artigo adiado há dois dias.
Funciono por vagas. Ora música, ora publicidade, ora imagens, ora escrita. Assim me disperso. Esta semana, escrevi, escrevi, escrevi: ruminação obstipada com destempero de letras. Coisa séria e ensimesmada. Apetece-me fechar as palavras e abrir a janela às notas, à música. Deixar entrar prazer descontraído. Com os olhos desembaciados. Quero sentir-me bem! Com minudências. Por exemplo, a partilhar Bobby McFerrin, Anne Murray e Nina Simone.
Bobby McFerrin. Sing! Day of song – Improvisation. Ao vivo. Veltins arena. 2010.
Grupo Etnográfico da Casa do Povo de Melgaço
É um prazer partilhar um vídeo e uma galeria de imagens da atuação do Grupo Etnográfico da Casa do Povo de Melgaço durante a Festa do Alvarinho e do Fumeiro 2020 em Melgaço.
Para a aceder à galeria de fotografias da atuação do Grupo Etnográfico da Casa do Povo de Melgaço durante a Festa do Alvarinho e do Fumeiro 2022, carregar na seguinte imagem:

A um filho emigrante

“O que o pai calou aparece na boca do filho, e muitas vezes descobri que o filho era o segredo revelado do pai” (Friedrich Nietzsche, Humano, Demasiado Humano, 1878).
“O Filho de Deus tornou-se homem para possibilitar que os homens se tornem filhos de Deus” (C.S. Lewis, Mere Christianity, 1952).
Passaram trinta e um anos, toda e metade de uma vida. A primavera e o outono. Revejo-me como num espelho maior e melhor, com invulgar determinação em crer, querer, arriscar e criar. Quem tem a bênção de um filho não precisa renascer, simplesmente congratular-se e agradecer.
Como lembrança, acrescento, sem surpresa, quatro músicas. É o bem mais disponível, pessoal e rápido para enviar para a Holanda. Podem não entusiasmar de imediato, mas estou convencido que pertencem àquelas que se prestam a que as interrompamos a meio para voltar a escutá-las com outros ouvidos. Possuem a virtude de nos sintonizar à distância. Formam dois pares: um, “primaveril”, que abre com um bailado de Pina Bausch, o outro, “outonal”. Duas músicas para adormecer a Sara, outras tantas para a acordar.
João e Sara
Neotango. Reciprocidade.

Há dias coloquei uma canção, If tomorrow never comes, porque outra pessoa a escutava. Coloco, agora, Pa’ Bailar, um neotango, dos argentinos Bajofondo, com a esperança que os ecos alcancem a mesma pessoa, admiradora de Astor Piazzolla. Reciprocidades.
Bajofondo é a banda de Gustavo Santaolalla, contemplado com dois prémios consecutivos da Academia pelas músicas dos filmes Brokeback Mountain (2005) e Babel (2006).
Ter um amigo / perder um amor

Faltam ao Tendências do Imaginário canções em catalão. Joan Isaac, nascido em Barcelona em 1953, com mais de vinte álbuns individuais publicados, é uma boa referência. Seguem duas canções: No, tu no (2017: o vídeo oficial apresenta uma coreografia notável) e Tenir un Amic (2020). Em jeito de anexo, acrescento um divertimento fugaz e maneirista dedicado a uma entidade abstrata, um amor qualquer, que tanto pode ser uma pessoa, um fenómeno ou uma instituição.
Destino Passado
Vim p’ra te dizer
Que não sou aquele que te ama
Como podes ver
Já não me aquece a tua chama
Vim p’ra te dizer
Que não sou teu nem tu minha
Como podes ver
A nossa sombra já não caminha
Prefiro o vazio do abrigo
Ao brilho do sol contigo
Já não andas a meu lado
És meu destino passado
Se não me aquece a tua chama
Já não sou aquele que te ama
Se a nossa sombra não caminha
Não sou teu nem tu és minha
Deixei de te ter a meu lado
Passaste a destino passado
Canto galego

Anque tocan as campás
non tocan polos que morren.
Tocan polos que están vivos
para que deles se acorden.
(Tanxugueiras. Albedrío. Contrapunto. 2019)
Um canto de Galiza, terra de meus avós. As Tanxugueiras, três vozes femininas, seis dedos de música festiva. Esmorecer é começar a perder.
It’s the Music, Stupid!

Não se consegue a harmonia quando todos cantam a mesma nota (Doug Floyd).
O anúncio The best moments are those we spend together, do Palácio das Artes Müpa, em Budapeste, coaduna-se com a vocação musical da Hungria. Acrescento dois excertos do filme O Violinista do Diabo (2013), dedicado a Niccolò Paganini.
Cuidar dos mortos

O blogue Tendências do Imaginário é pouco interativo. É um dos seus defeitos. As exceções são bem vindas. A Salomé enviou-me esta ternura, uma curta-metragem dedicada às tradições do Día de los Muertos, no México. Confirma que os espelhos não são os únicos mediadores entre os vivos e os mortos. A comida, as velas e as flores também fazem a interligação. Passada amanhã, dia 1 de novembro, é o dia de Todos-os-Santos, da visita aos cemitérios, no dia seguinte, dia 2, comemora-se os fiéis defuntos, dia dos mortos. O ciclo começa hoje e amanhã, dias de flores e asseio das sepulturas. Convém embelezar e perfumar os mundos, cuidar dos mortos e dos vivos.
O sonho de voar, o negócio de vestir

Voar, eis o sonho! Coreografar, eis a arte! Vestir, eis o negócio!
Viva a família!

Os anúncios So Good e Let Life Happen, ambos promovidos por companhias de seguros, podem não parecer mas são, certamente, por eventual cambalhota de sentido, dois incentivos à vida familiar e à natalidade. São, não são?