O início da conversa dedicada aos “antepassados do surrealismo” mantém-se às 17 horas, do dia 27 de maio, no Museu D. Diogo de Sousa. Prevê-se não exceder os 60 minutos. Concluirá com um pequeno convívio.
Se fui estranho e estranhas foram as minhas figuras / Uma tal estranheza é fonte ao mesmo tempo de graça e arte; / E quem acrescenta aqui e acolá estranheza ao seu estilo, / Dá vida, força e espírito às suas pinturas (Giorgio Vasari. Le vite de’ più eccellenti pittori, scultori e architettori – Vita di Piero di Cosimo, Pittor Fiorentino. Epitáfio. 1550)
Às voltas com os artistas maneiristas, deparei com meia dúzia de belas gravuras com rostos deveras feios da autoria de boémio (checo) Wenceslaus Hollar (1607-1677). Atendendo a que não vão ser contempladas na próxima conversa sobre a relação entre surrealistas e maneiristas, não resisto a partilhá-las.
Que o feio pode ser atraente é coisa assente. Se o belo vem acusando algum desgaste nos últimos séculos, o feio vai adquirindo protagonismo. E não apenas pela negativa. Demonstra-o, por exemplo, a recente dissertação do mestrado em Comunicação, Arte e Cultura do Pedro Abreu dedicada ao recurso ao feio na publicidade de automóveis.
Para compreensão dos contornos da estética do feio, aconselho duas obras clássicas: Do Grotesco e do Sublime, do Victor Hugo (1ª edição: 1827; anexo o respetivo pdf); e a Estética do Feio, publicada pelo alemão Karl Rosenkranz em 1853 (trad. francesa: Esthétique du Laid, Circé, 2004).
Como introdução às gravuras de Wenceslaus Hollar, pemito-me citar Sara Christova:
Através da sua obra, os maneiristas questionam a venerada aspiração à perfeição uma vez que sabem que tal não existe – somos todos perfeitamente imperfeitos. A ilustração pode captar estes defeitos de modo a provar ao mundo como até o pedaço de terra mais ténue pode tornar-se uma preciosa fonte de inspiração. Trata-se de mostrar até que ponto o feio pode ser belo e até que ponto o estranho é normal. O nosso mundo é magnificamente diversificado e imprevisível, e termos como “estranho” e “feio” não passam de meras ilusões do espírito nebuloso (Sara Christova, Defining the Strange and the Ugly Sara Christova, 2014: https://sarachristova.wordpress.com/2014/12/23/final-assignment/).
Two deformed heads facing each other, print, Wenceslaus Hollar, after Leonardo da Vinci. 1645Two deformed heads facing inwards, print, Wenceslaus Hollar, after Leonardo da Vinci. 1645Wenceslaus Hollar. A deformed couple facing each other. After Leonardo da Vinci. 1645Attributed to Wenceslaus Hollar. Two deformed heads facing each other. After Leonardo da Vinci. 1645Formerly attributed to Wenceslaus Hollar. Two deformed heads. After Leonardo da Vinci. 1645–50Wnceslaus Hollar. Two deformed heads facing each other. 1645
Pela mão do historiador de arte Eduardo Pires de Oliveira, o Tendências do Imaginário tem a oportunidade e o privilégio de divulgar seguintes documentos, deveras fabulosos, respeitantes à escadaria do Santuário do Bom Jesus do Monte de Braga: uma imagem de meados dos anos 1970 e uma fatura por serviços prestados nas capelas no ano 1785.
João Abel Manta, ca. 1976
******
Uma factura fantástica que tem sido atribuída ao Santuário do Bom Jesus do Monte
Entre a realidade e a fantasia não há diferença mensurável. Hugo Pratt, através do seu fantástico herói tão profundamente sonhador e humano que é Corto Maltese, deu-nos, melhor do que qualquer outro, a noção exacta dessa diferença: a diferença entre a realidade e o sonho está no simples acto de abrir ou fechar os olhos!
Mas será essa uma diferença real? Não sei responder porque, na verdade, não sei em que mundo quero viver: se no mundo em que sou obrigado a andar com os olhos abertos e em que vejo continuamente coisas que nunca imaginei ver (atropelos de toda a espécie, mesmo pelas pessoas que nunca pensei que o pudessem vir a fazer, etc.); ou se no meu mundo interior em que o sonho comanda a vida, e em que ao não querer ver a “realidade” estou, talvez, a desrespeitar os outros.
Na história também acontece o mesmo. Ciclicamente chega-nos às mãos o conhecimento dos mais incríveis factos, que uns acreditam ser realidade e que outros sabem logo ser mentira. Mas, mesmo aqueles factos que facilmente percebemos ser mentira, podem lentamente tornar-se realidade se forem continuamente dados a conhecer, ou se a sua transmissão for feita por alguém que nós respeitamos e admiramos.
Mas a que propósito vem este relambório, perguntará o leitor. Explico-lhe já.
Por mais do que uma vez fui confrontado com a existência de uma factura fantástica que durante anos correu impressa e agora anda na net, sobre pequenas obras efectuadas no figurado das capelas da via-sacra do Bom Jesus do Monte. Como o espaço não dá para mais, vejamos apenas duas dessas cópias.
Uma foi-nos dada a conhecer pelo incansável bibliófilo Cândido de Sousa (“Diário do Minho”, 1 de Novembro de 1956: Velharias bracarenses. Uma factura… “roubada”?), infelizmente já há muito desaparecido do mundo dos vivos. A outra chegou-me há dias entre as brincadeiras que quotidianamente recebo pela net.
Uma, a de Cândido de Sousa, intitula-se
CÓPIA DA FACTURA APRESENTADA PELO ARMADOR À CONFRARIA DO BOM JESUS DO MONTE DE BRAGA, POR VÁRIOS SERVIÇOS EXECUTADOS NAS CAPELINHAS DA ESCADARIA NO ANO DE 1785
a outra tem um título similar mas que, se analisarmos bem, apresenta imensas diferenças e, desde já o digo, é muito mais inverosímil
CÓPIA DA FACTURA QUE UM MESTRE-DE-OBRAS APRESENTOU EM 1853 PELA REPARAÇÃO QUE FEZ NA CAPELA DO BOM JESUS DO MONTE DE BRAGA (Do original arquivo da Torre do Tombo)
Analisemos a possível plausibilidade de ambas:
Em 1785, o Bom Jesus estava num momento de charneira. Tinha uma obra maior, imensa, que lhe absorvia quase todo o dinheiro possível e impossível de obter: a construção da nova igreja, iniciada precisamente no ano anterior. Se lermos a excelente e minuciosa tese de Mónica Massara, logo descobriremos que nesse ano as despesas estavam todas vocacionadas para aquela obra maior.
Em 1853, a confraria do Bom Jesus do Monte não tinha obras excepcionais a fazer, embora estivesse a correr um trabalho de certa monta: a construção da capela da Elevação.
Reparemos agora na pessoa que é apresentada como responsável pelas obras: é-nos dito que em 1785 foi um armador que ficou com o encargo; e em 1853 um mestre-de-obras.
Ora, não nos parece plausível que um ou outro destes homens pudesse ter tomado à sua conta estes pequenos “remendos”. Um armador aceitava o trabalho de preparar festas, procissões, ornamentações fúnebres, etc.; um mestre-de-obras encarregava-se de trabalhos de pedra, raramente de carpintaria, e nunca de pequeninas reparações de figurado.
A verdade é que nesta data o trabalho escasseava, mesmo numa cidade extremamente importante do ponto de vista religioso como era o caso de Braga. E como a urbe era pequena, rapidamente os artistas sabiam da necessidade de se fazer estes retoques e acorriam a oferecer-se, sobretudo aqueles que tinham um menor nome no mercado e que, confessemos, eram perfeitamente aptos para executar este tipo de trabalhos.
Vejamos agora o local onde teriam sido feitas as obras: para um, foi nas capelas da via-sacra, o que nos parece plausível. Para outro, na capela; mas qual capela, perguntamos nós?
E não se esqueça que enquanto um nada nos diz sobre o local onde se guarda a factura original, o outro informa-nos que está na Torre do Tombo. E a minha pergunta será: porque carga de água na Torre do Tombo? Nem na Torre do Tombo nem no Arquivo Distrital de Braga! Um papel desses, a existir, guarda-se nos arquivos da confraria.
Por último, devemos dizer que enquanto o primeiro dos relambórios tem 14 parcelas, o outro tem 16. E enquanto um apresenta um total de 16$760 réis, o outro dá-nos apenas o valor de 2$545 réis, um preço perfeitamente irrisório, tanto mais que havia algumas obras que, embora fossem menores, não eram assim tão baratas.
Naturalmente, não vamos apresentar aqui os dois relambórios. Daremos apenas conta do que nos parece ser mais plausível, o de 1785:
1 – Por corrigir os dez mandamentos, embelezar o Pôncio Pilatos, mudar-lhe as fitas e limpar o nariz 1$700 réis
2 – Um rabo novo para o galo de S. Pedro e pintar-lhe a crista $500 réis
3 – Lavar o criado do Sumo-sacerdote e pintar-lhe as suissas 1$000 réis
4 – Dourar e pôr asas novas no lado esquerdo do Anjo da Guarda e botar-lhe vinho no cálice 1$000 réis
5 – Tirar as nódoas ao filho de Tobias 2$000 réis
6 – Uns brincos novos para a filha de Abraão $930 réis
7 – Avivar as chamas do Inferno, pôr um rabo novo no diabo e fazer vários concertos nos condenados 2$400 réis
8 – Renovar o purgatório e pôr-lhe almas novas 1$830 réis
9 – Limpar o fato e a cabeleira de Herodes e retocar-lhe o bigode 1$000 réis
10 – Meter uma pedra nova na funda de David e empastar a cabeça de Gulias (sic) e alargar as pernas de Santo Saúl 1$400 réis
11 – Adornar a arca de Noé e compor a túnica do filho pródigo, limpar-lhe a orelha esquerda e lavar os pés $600 réis
12 – Renovar o céu, arranjar as estrelas e limpar a lua 1$400 réis
13 – Pôr umas barbas novas no Padre Eterno e pintar a pomba do Espírito Santo 1$000 réis
14 – Cortar o cabelo e comprar um lenço novo para assuar (sic) o nariz do rapaz da cesta dos pregos
Importa a presente em dezasseis mil setecentos e sessenta réis.
E por ser cópia e conforme, peço a todos quantos a lerem a façam cumprir e cumpram tão fielmente quanto eu.
Braga, ano de N. S. J. C. de 1785, aos 28 de Fevereiro
Jeremias Anastácio Rei
F.S.M.
Ressalta logo aos nossos olhos que esta factura é de todo inverosímil. Se lermos com atenção, veremos que falta a conta da última parcela, e que mesmo assim a soma total bate certa!
E o que é que nos diz a sabedoria imensa de Cândido de Sousa? Precisamente isso mesmo! Sem tirar nem pôr!
Ou seja, que já vira esta factura publicada na “Revista da Semana”, do Rio de Janeiro, ano 18, nº 35, de 6 de Outubro de 1917 e que a redacção desta revista carioca indicava que por sua vez a encontrara num jornal francês de que não indicava o nome, onde era dada a conhecer uma conta curiosa apresentada às autoridades eclesiásticas de uma povoação da Bélgica pelo artista que fora encarregado de executar diversos trabalhos numa velha igreja. E, de seguida, apresentava uma tradução dessa factura, em tudo semelhante à que acima transcrevemos.
Quer dizer: da Bélgica foi para a França, da França para o Brasil, do Brasil para o Bom Jesus do Monte!!! Quase me parece aquelas lengalengas infantis…
Claro que ainda ficou muito por dizer, mas nem o meu espaço no jornal é elástico (apenas uma página que deverá ser “temperada” por uma gravura), nem o tempo para me ler é eterno. O leitor já tem dados suficientes para poder analisar mais calmamente a factura e sorrir. Pelo que me fico por aqui. Até uma próxima oportunidade.
Para celebrar o início da primavera e o aniversário do Fernando, entusiasta da guitarra, quatro músicas compostas por Andrew York.
“Sem a música, a vida seria um erro” (Friedrich Nietzsche, Crepúsculo dos Ídolos, 1889). Há quem diga que é uma prenda da vida. Como todas as dádivas, subsiste a opção de a desdenhar.
Andrew York. Lotus Eaters. 4th Antwerpen Gitaarfestival. 2014
Andrew York. Home. 2018 (com uma guitarra de Antonio de Torres)
Andrew York & Jan Depreter. Sanzen. 4th Antwerpen Gitaar Festival. 2014
Em 2020, os dias repetiam-se como lesmas. Ora ecrã, ora espelho, ora ambos, gestos submersos destinados ao esquecimento. Ao transferir ficheiros para uma pen, surpreende-me o texto “Prado subjetivo: metamorfoses de uma freguesia modernizada”. Adormecido no “vale dos caídos”, reli-o como pela primeira vez. Tocou-me tamanha obra estranha. Encantamento da memória e desencanto do mundo. Um excesso de objetividade subjetivada, e vice-versa. Entre ecos e ressonâncias, pareceu-me, contudo, uma alegoria de tantas aldeias inquietas.
Segue o referido texto, “Prado subjetivo: metamorfose de uma freguesia modernizada”, capítulo do livro Quem Somos os que Aqui Estamos: Prado e Remoães (c. Álvaro Domingues). Editado pela União de Freguesias de Prado e Remoães, 1920, pp. 8-17.
Numa atmosfera eivada de exotismo e exuberância, os sentidos almofadados entregam-se ao ecrã das surpresas programadas (Albertino Gonçalves, instalação “cápsulas de emoções”, exposição Vertigens do Barroco, Mosteiro de Tibães, 2007)
Estiveram abertas até ao dia 10 de março as candidaturas para o concurso New York Festivals Advertising Awards, organizado em parceria com a BCW (Burson Cohn & Wolfe, empresa multinacional de relações públicas e comunicação, com sede em Nova York). A “chamada” desafia os candidatos a exibir algo nunca antes visto (“Show Us Something We Haven’t Seen”), capaz de impressionar e contrariar a saturação dos nova-iorquinos e dos profissionais de publicidade. Algo, ao mesmo tempo, espantoso e memorável.
“A New York Festivals (NYF) desenvolve, desde 1957, a nível mundial, uma atividade que convoca o espírito de rutura e de vanguarda caraterístico da cidade (…) A campanha de promoção reúne fotógrafos da cidade de Nova York cujas imagens expressam a vibração urbana de NYC e projetam uma luz reveladora da agitação e da atitude invulgares que alicerçam a excelência criativa em NYC” (Scott Rose, presidente, New York Festivals Competitions).
A campanha de promoção do festival é composta por três posters e um vídeo.
Anunciante: New York Festivals Advertising Awards. Título: Show us something we haven’t seen. Agência: BCW (Burson Cohn & Wolfe). Direção: Henry DaCosta. USA, fevereiro 2023
“Como nunca ninguém viu” é o título de um artigo que publiquei em 2011 (in Moisés de Lemos Martins et alii, Imagem e Pensamento, Coimbra, Grácio Ed., pp. 139-165). Corresponde à conferência “A construção do impossível: o espaço nos anúncios publicitários”, apresentada no Congresso Internacional de Ciências da Comunicação, em Braga, em setembro de 2009.
“‘Ver como ninguém viu’, porventura mais do que ver “o nunca visto”, eis a tentação ou, melhor, a proposta que percorre a publicidade atual” (Como nunca ninguém viu, p. 142).
O texto procura argumentar e ilustrar esta intuição. O vídeo “A construção do impossível”, com duração de 20 minutos, acrescenta uma seleção de anúncios ilustrativos. Segue uma primeira versão do texto, não paginada mas com imagens a cores (a versão editada, com imagens a preto e branco, está acessível no seguinte endereço do livro: https://hdl.handle.net/1822/29165), bem como o vídeo complementar. Constam entre os meus trabalhos preferidos, concebidos, aliás, durante um período de deriva da desmotivação da cidade académica para a exploração de trilhos menos consagrados. Menos pontos no currículo e mais realização pessoal. A criação do blogue Tendências do Imaginário, em 2011, constitui um marco e um bom exemplo.
A aposta no assombro, especialmente no nunca visto, cruza-se com duas tendências que atravessam a publicidade. A difícil captação da atenção e influência dos públicos justifica duas rotações: dos produtos para as marcas e do desejo para a adesão. À distinção invejável sobrepõem-se a identificação projetada e a estranheza fácil de entranhar. O foco desliza, assim, por exemplo, do belo e do funcional para o surpreendente e o insólito, que tocam, impregnam e envolvem. Uma espécie de rotinização ou homeopatia do anómalo.
Fumar, a submissão cega ao feitiço do tabaco, é o meu lado feio. Leva a fazer e dizer disparates. Numa sociedade regida pelo princípio da razão e pela ética da responsabilidade, fumar representa uma espécie de colapso no processo civilizacional. Insinua-se como o mais anticartesiano dos argumentos, a demonstração de que o bom senso não é, afinal, a coisa mais bem distribuída. Não há Luzes que resistam. Trata-se da atividade mais massiva, inútil e sem sentido de toda a história da humanidade. Nunca tanta gente perdeu ao mesmo tempo o juízo. Fumar só faz mal. Ao próprio, ao outro, a todos. A autodestruição elevada a biliões de praticantes. Haverá desgraça ou frustração maiores do que a impotência face à iminência do suicídio defumado de um em cada quatro concidadãos? Um enorme e cavado buraco na roda preventiva da sensibilização e da socialização.
Absconsos, os fumadores obstinam-se a adiar a conversão. Absconsos e desbussolados, os fumadores obstinam-se, narinas contra o vento, a adiar a conversão. Não enxergam o óbvio? A salvação hodierna passa mais pelos corpos do que pelas almas. Impõe-se o cuidado disciplinado de si. A sociedade atual é tão pós-industriais, informacional ou pós-moderna quanto medicalizada. Atentar contra a saúde é um crime digno de denúncia e opróbio militantes. Não há, porém, quem desencante um testo suscetível de abafar esta baforada de sociopatas.
Os espelhos da morte e os transi medievais e modernos confrontam-nos com o destino, com a sementeira no “quintal junto à igreja”. “In the Yard, Behind the Church”, dos Eels, propicia-se a ressoar como música de fundodo próximo cigarro. Vanitas ou memento mori de uma redução a cinzas.
Não é? Em plena época carnavalesca, após um sábado de contenção, uma rabugice em jeito de folia chocalheira. Antes que quarta chegue depois da terça.
Eels. In the Yard, Behind the Church. Blinking Lights and Other Revelations. 2005
Blue October. Ugly Side. History for Sale. 2003.
In the Yard, Behind the Church
In the yard, behind the church where Butterflies and blackbirds search for A safe place to rest the night away We will go down to the brook and Sit upon the overlook then Forget about the troubles of the day We will walk among the graves of Men long dead with presidents’ names and Listen to the water flow softly by I will kiss you on the lips now And as the sky grows dark we’ll strip down And let the water wash away all lies In the yard, behind the church where Butterflies and blackbirds perch on Grey stones as the garden’s growing dim We will lay down on the ground and Put our cheeks against the dirt down Where it no longer matters Where you’ve been
Tenho andado arredado do Tendências do Imaginário. A razão é simples. Nos últimos tempos tenho tido poucas tendências, só estáticas. Afazeres e afazeres que se sentam em cima da criatividade como um elefante numa laranja. Criatividade e tendências apenas as dos outros. São poucas, porque vistas por um canudo. Deu, não obstante, para espreitar a curta-metragem Papá? do Canal+. Obtusa! Para quem a tome a sério, logo conjetura que a pandemia alijou o tabu da morte, mormente do morrer.
Mas eu não estou virado para o sério. Se calhar é uma exceção. Ou coisa bizarra que deu aos gauleses. Ou um riso amarelo. Ou uma cambalhota do carnaval. Ou o humor possível na era da técnica. Ou…
Marca: Canal+. Título: Papá? Agência: BETC. Paris. Direção: Dario Fau. França, janeiro 2023