La Llorona
A Llorona é uma figura mitológica, sobrenatural, de origem milenar, da América Latina, nomeadamente do México. Alude a uma mãe que, traída pelo marido, afoga, num ataque de ciúmes, os próprios filhos. Arrependida e incapaz de resgatá-los, ela também se afoga, mas é-lhe impedida a entrada no outro mundo, na vida após a morte. Resulta, assim, condenada a penar aparecendo, de noite, principalmente, vestida de branco e perto de lugares com água.
Um AI chatbot mais especializado e mais leve: o ELM (Erasmus Language Model)
O meu rapaz mais velho, o João, não para (ver Português coordena projeto de investigação com financiamento de 10 milhões de euros). Estou em crer que por isso e para isso optou por emigrar. Professor e investigador na Universidade Erasmus de Roterdão, está na origem da criação, com Michele Murgia, de um novo “ChatGPT” mais especializado e mais leve: o ELM (Erasmus Language Model). Por cá, talvez o fado fosse diferente. Para aceder à notícia no Erasmus Magazine, carregar na seguinte imagem ou no neste link: https://www.erasmusmagazine.nl/en/2023/10/11/erasmus-has-its-own-chatgpt/.
O repouso dos espíritos
Sabia que as almas do outro mundo também apreciam uma boa cama? Na Austrália, é proverbial. Que descansem que se avizinha excecional atividade.
Adagio
Sonhem, à castelhana, com os anjos ou, à portuguesa, como justos. Mas sonhem!
Música – De Corpo e Alma
“A boa música não se engana e vai direta ao fundo da alma em busca da tristeza que nos devora” (Stendhal)
“A música é o refúgio das almas ulceradas pela felicidade” (Emil Michel Cioran)
“A música dá uma alma aos nossos corações e asas ao pensamento” (Platão)
“Toma um banho de música uma a duas vezes por semana durante alguns anos e verás que a música é para a alma o que a água do banho é para o corpo” (Oliver Wendell Holmes)
“Ah! A música. São pedaços do bom Deus que vos entram na alma pelas orelhas!” (Louis Pelletier-Dlamini)
“A música é infinita. Ela é a linguagem da alma” (Otto Klemperer)
Tende-se a distinguir o corpo da alma, associando a música à segunda. Não me parece sensato. A música convoca tanto o corpo como a alma. Envolvem-se e vibram ambos. Quando a alma ou o corpo cantam o corpo ou a alma dançam, e vice-versa. Duvido, aliás, da bondade de desligar corpo e alma. A dualidade “corpo e alma” afigura-se-me como um desdobramento perifrástico de uma unidade simples: o “ser”. O meu corpo e a minha alma gostam de andar abraçados: juntos sou eu; separados não sei o que são.
Se existem compositores que ilustram a associação do corpo, Jean-Philippe Rameau (1683-1764) é certamente um deles. Abra-se, portanto, o corpo e a alma a um excerto da ópera Les Indes Galantes e à balada Frère Jacques.
Barbas salutares
A Modernidade abraçou a Razão. O ser humano passa a orientar-se e mobilizar-se pela análise, pela linearidade e pela lógica. Eis uma das maiores ilusões da História da Humanidade. Segundo Marshal McLuhan (A Aldeia Global, 1992), o cérebro divide-se em dois hemisférios: o esquerdo, visual, mais racional e o direito, acústico, mais emocional. Na Modernidade, prevalece o lado esquerdo.
Vem esta nota a propósito do anúncio de sensibilização norte-americano A Hairy Time. Enquanto que no Oriente, a publicidade de sensibilização não hesita em recorrer à fantasia e ao absurdo, no Ocidente insiste-se na argumentação lógica e racional. Mesmo que o insucesso seja, muitas vezes, o preço deste arremedo de seriedade. A motivação e a adesão das pessoas continuam a assentar, em grande medida, num fundo não racional (Max Weber) e não lógico (Vilfredo Pareto).
A Hairy Time oferece-se, portanto, como uma pequena exceção: a delicadeza e gravidade do tema (a vacinação) não dispensam nem a excentricidade nem o sentido de humor.
Caducidade: a contagem das folhas
“Mover-se como uma folha morta caída da árvore que o vento leva, sem se saber se é o vento que nos leva ou se somos nós que transportamos o vento…” (Michel Jourdan). As folhas despedem-se dos ramos que bradam aos céus, para visitar a terra e as raízes de onde beberam a seiva. As folhas soltam-se avulsas, discretas e anónimas. Mas certos dias, fetichistas, teimamos em contá-las. São dias especiais comemorativos da caducidade. Pois contemos mas por ordem decrescente. Ousemos adolescentar perdidamente, bolinar contra o vento como as caravelas.
Encantados pelas folhas suspensas nas águas cristalinas de M.C. Escher (Three Worlds, 1955), resgatemos três vultos clássicos da floresta musical: Nat King Cole (Autumn Leaves; Unforgettable; e Smile), Emilio Cao (Cain as Follas) e Yves Montand (Les Feuilles Mortes, a versão original, francesa, de Autumn Leaves).
Sensibilidade
Quando as palavras não sonham, as notícias não prestam, a música não dança, as pessoas não se abraçam, as sombras não se escondem, os minutos não passam e o depois não chega… segue os pássaros ou bebe um anúncio bem cheio, sem gelo, do Bruno Aveillan. Perde-te em Nova Iorque ou descobre AluLa. Sente! Sente os rostos, as mãos, os objetos e o que mais se oferecer.