Gelar no paraíso
Como deve ser bela a natureza para os lados da Colúmbia Britânica! Mostrada assim, dá vontade de gelar algures à porta do paraíso. O contraste entre a cidade e a montanha no final do anúncio é fabuloso. Imagens magníficas! E a letra? Como seria a letra se os canadianos tivessem Camões e Pessoa?
A Colúmbia Britânica tão longe, e a minha terra aqui tão perto… Pedra, água, árvores, musgo… Saudades (ver http://tendimag.com/2012/01/21/a-pedra-e-a-agua-imagens-de-melgaco/).
Marca: Destination British Columbia. Título: The Wild Within. Agência: Dare, Vancouver. Direcção: Sean Thonson. Canadá, Novembro 2014.
Sicofância: A arte dos lambe cus
Publicado pelo The Times of India, o vídeo The Great Indian Chamcha (sycophant ) é
“uma sátira à forma como as pessoas se colam ao poder a fim de obter sucesso e favores. Há muitas maneiras de subir as escadas corporativas e políticas. A segunda mais rápida é Chamchagiri (termo indiano para bajulice, lambe botas ou lambe cus). Conheça estas belas artes pelas mãos dos seus próprios mestres: The Great Indian Chamcha (sycophant). Se a untuosidade raiar o sagrado, então os protagonistas são divinos.” “The Great Indian Chamcha é uma ode à cultura da sicofância que percorre profundamente a política mas que também integra a vida quotidiana do mundo corporativo, do mundo do cinema, etc” (The Times of India; tradução livre).
Este é o primeiro vídeo que vejo criticar frontalmente a bajulice e o parasitismo social. Até incomoda! Como os elefantes. São coisas da índia, não são? Por cá, nem sequer se conhece a palavra “sicofância”! Nem para nome de um grupo de death metal, não é?
Anunciante: The Times of India: Título: The Great Indian Chamcha. Agência: Flying Saucer 101Indica.com. Direcção: Pushpendra Misra. Índia, Novembro 2014.
Flor de laranjeira
As empresas e os empresários parecem regressar a Henri de Saint-Simon, para quem o dever dos industriais e filantropos é concorrer para a elevação material e moral dos proletários, em nome da moral. A aposta da Benetton nas boas causas não surpreende. Acumula décadas de experiência. A filantropia das marcas invade a publicidade atual. As boas causas rendem. Agora, como na Antiguidade, na Idade Média e na Idade Moderna. Este anúncio faz jus à tradição da Benetton. O quid pro quo insinua-se como uma obra-prima que baralha a nossa “definição da situação” (W. I. Thomas; H. Blumer). O anúncio estreou no dia 25 de Novembro, Dia Internacional pela Eliminação da Violência Contra as Mulheres, promovido pela ONU. Importa, mesmo assim, não esquecer o Padre António Vieira:
“O pregar, que é falar, faz-se com a boca; o pregar, que é semear, faz-se com a mão. Para falar ao vento, bastam palavras; para falar ao coração, são necessárias obras” (Padre António Vieira, Sermão da Sexagésima, 1655).
Marca: Benetton. Título: End Violence Against Women Now. Agência: Fabrica. Internacional, Novembro 2014.
Acariciar o desejo
Há anúncios que surpreendem. Não precisam de ser bons para ser os melhores. Um solo de bateria e um gole de cerveja! Nem mais, nem menos. E, contra a corrente, um trago solitário. Os anúncios de cerveja convocam, normalmente, grupos de amigos em partilha festiva. Este, nem por isso. A cerveja convida, por instantes, o espectador seduzido: “só tu e eu, num momento íntimo de prazer.” E assim se acaricia o desejo.
Marca: Greene King. Título: King Snare. Agência: Grey. Direcção: George Belfield. UK, Novembro 2014.
Aproximar o próximo
Deparei-me, na Internet, com este anúncio português em versão inglesa. Não encontrei a versão portuguesa. Mas a crer no slogan de fecho “O próximo mais próximo”, ela existe algures. O compasso lento das imagens justifica o minuto e meio de duração e lembra, por vezes, o estilo de Bruno Aveillan. Nem sempre é possível dar um abraço. A distância interpõe-se. E não há modo de o substituir, nem sequer pela audição ou pela visão. Não há corpo que o sustente. Um abraço pede a pele, pede a carne.
Marca: Unitel. Título: Bring your closest ones closer. Agência: Ogilvy & Mather. Portugal, Novembro 2014.
Sociologia sem palavras 11. Espetáculo
O circo é uma heterotopia, um outro mundo, quase uma utopia. Esteio do imaginário, o circo é tema recorrente nos filmes cómicos: Charles Chaplin estreia, em 1928, The Circus; em The Chimp (1932), Laurel & Hardy destroem a tenda de um circo. Buster Keaton nasceu, em 1895, numa troupe de artistas itinerantes. Segue a sequência final do filme At The Circus (1939), dos Marx Brothers. Este episódio (11) da série Sociologia sem palavras incide sobre as artes do espetáculo.
Marx Brothers. At The Circus. 1939. Excerto.
Sociologia sem palavras 10. Delinquência
De anos em anos, os missionários passavam pela minha freguesia. Entre outras atividades, projetavam, à noite, filmes num lençol junto à capela de Santo Amaro. O Bucha e o Estica eram convidados de honra. Ainda não andava na escola, mas recordo, com gratidão, esta catequese pelo riso. Neste excerto do filme Go Out West (1937), Bucha e Estica tentam assaltar uma casa.
Sociologia sem palavras 10. Laurel & Hardy. Go Out West. 1937. Excerto.
Mix Brasil: Cultura da diversidade
Não vai muito tempo, os homossexuais eram estigmatizados, marginalizados e silenciados. A homofobia ainda perdura. Hoje, as organizações e os movimentos LGBT (Lésbicas, Gays, Bissexuais, Transgéneros) fazem-se ouvir. É o caso do Festival Mix Brasil de Cultura da Diversidade (13 a 23 de Novembro de 2014, em São Paulo). Os anúncios são criativos e bem concebidos. O primeiro, “Fantasias”, ilustra, com recurso a várias técnicas de animação, a diversidade de práticas sexuais, apelando ao sexo seguro. O segundo, “Todo o mundo é gay”, assume que qualquer pessoa pode ser rotulada, ao mínimo indício e preconceito, como homossexual. O festival abre-se, portanto, a toda a população, independentemente da orientação sexual. “Se todo mundo é gay, o Mix Brasil é para todo o mundo”.
Anunciante: Mix Brasil. Título: Fantasias. Agência: Neogama/BBH. Direção: Fábio Acorsi. Brasil, Setembro 2014.
Anunciante: Mix Brasil. Título: Todo o mundo é gay. Agência: Neogama/BBH. Brasil, Novembro 2014.