Archive | Setembro 2013

Acidentes

Mr. MagooAnúncios com acidentes!!! Por que não? Desde que acertem no alvo… Os anúncios publicitários não estão reféns do belo, do bom e do bem. Os resultados podem surgir por várias vias, algumas perversas. A desgraça alheia consta entre os espetáculos que mais interesse despertam. Mal dos outros? Maldade nossa? Há imensos anúncios publicitários com acidentes. E a tendência é para o crescimento. Em alguns casos, a desventura é servida com humor. No anúncio Keep Going (vídeo 1), da Amersfoortse, os acidentes são embalados numa paródia cómica, ao jeito do cinema mudo ou dos desenhos animados. Os desastres em cadeia de Buster Keaton (vídeo 2) e de Mr. Magoo (vídeo 3) são proverbiais.  Mas há anúncios em que as imagens de acidentes não dão vontade de rir. Chocam, assustam, indispõem. O recurso ao simulacro é frequente. O real encenado torna-se mais real do que o real. Logra mais impacto. Pela surpresa, pelo contraste. No anúncio Restaurant (vídeo 4), do Texas Department of Transportation, o acidente ocorre durante o jantar num restaurante. Ou talvez tivesse sido na estrada… Multiplicam-se os anúncios publicitários que causam uma sensação de risco. Não é por acaso que o primeiro anúncio é de uma companhia de seguros e o último, de um Departamento de Estado dos Transportes. Estes anúncios inscrevem-se num tempo em que o apreço pela segurança se apresenta em recuperação. Contra a opinião de Ronald Inglehart, os valores materialistas como a segurança, opostos aos valores pós-materialistas, como a autonomia, continuam a circular nesta “roda da vida”.

Marca: Amersfoortse. Título: Keep Going. Agência: John Doe Amsterdam. Direção: Hein Mevissen. Holanda, Setembro 2013.

Mr Magoo Opening Theme

Hooked on a Can Can an Buster Keaton by El Kaye

Marca: Texas Department of Transportation. Título: Restaurant. Agência:  Sherry Matthews. Direção: Josh Miller. USA, Setembro 2013.

Gozar até morrer

Morte RisonhaEste anúncio é uma pérola, o cúmulo do disparate. Ao arrepio das conveniências, Do Faster in 17 Minutes é grotesco até à medula: brinca com a morte (um tabu), diverte-se com os idosos (uma idade respeitável) e belisca a religião do nosso tempo, a medicina. A morte e a velhice aparecem risonhas, palpitantes de vida, a lembrar as danças macabras e o folclore mexicano: “O Mexicano (…) frequenta [a morte], ridiculariza-a, provoca-a, dorme com ela, festeja-a, é um dos seus divertimentos favoritos e o seu amor mais fiel” (Octavio Paz, Le labyrinthe de la solitude, Gallimard, Paris, 1972, p. 55). Hoje, tudo é mais fácil graças aos amuletos digitais.

go-faster

Marca: Do.com. Título: Do Faster in 17 Minutes. Agência: MUH-TAY-ZIK | HOF-FER, USA. Direção: Paul Trillo. USA, Setembro 2013.

Porcos, Famintos e Promíscuos

Festival de Vilar de Mouros. 7 e 8 de Agosto de 1971

Tomei conhecimento, via Abel Coentrão (https://www.facebook.com/abel.coentrao/posts/535112596558538?notif_t=close_friend_activity), deste relatório sobre o Festival de Vilar de Mouros, de Agosto de 1971, redigido por um informador da PIDE/DGS, do tempo de Marcelo Caetano. Este festival ficaria conhecido como o Woodstock português. O relatório constitui um documento ímpar. Da leitura, depreende-se que os participantes no festival eram porcos, estavam famintos e andavam com cio. O “elemento informativo” carrega nestas três teclas. É verdade que a “praga de gafanhotos” que “se lançou sobre as hortas próximas” ainda não se apagou da memória local. É também verdade que um cobertor era um luxo. Quem tinha um, que o agarrasse bem na ponta que os “hóspedes” ainda não tinham ocupado. Quanto ao resto… Este relatório é um bom exemplo de discurso da má língua. Seja como for, o primeiro festival de Vilar de Mouros distinguiu-se como uma andorinha solitária da “primavera marcelista”. Pelos vistos, a incorporação do vídeo que segue foi desactivada. Dá para ver na mesma carregando em “ver no YouTube”.

Elton John, dia 8, Manfred Mann’s Earth Band, dia 7, e Amália Rodrigues, dia 15, constavam do cartaz. Elton John era a estrela e os Manfred Mann’s Earth Band deram espectáculo. Por esse ou por outro motivo, Portugal foi um dos países onde colheram mais sucesso. Em 1971, já eram uma banda consagrada, A canção MIghty Queen (1968), escrita por Bob Dylan, esteve várias semanas topo das tabelas  (é a música do vídeo 1 com imagens do festival de Vilar de Mouros). Assisti, oito anos mais tarde, em 1979, a um concerto dos Manfred Mann’s Earth Band, em Paris. Uma experiência radicalmente diferente. A interpretação, o ambiente e o público resultaram impecáveis. Nem sombra de  “promiscuidade”, “indecência” ou “multidão de famintos”; ninguém “se aliviou no recinto do espectáculo” e as hortas das vizinhas ficaram intactas. Um cobertor, no entanto, teria dado jeito.

“Informação nº 226-C.I.(I)

Distribuição Presidência do Conselho, Ministério do interior, Ministério da Educação Nacional

Assunto: Festival de música “Pop” em Vilar de Mouros

A seguir se transcreve o texto de uma informação redigida por um nosso elemento informativo que assistiu ao “festival” em questão, que teve lugar nos dias 7 e 8 do corrente, a qual se reproduz na íntegra, para não alterar os detalhes que foram alvo do seu espírito de observação:

“Dias antes do festival, foram distribuídos, nas estradas do País e nas estradas espanholas de passagem de França para Portugal, panfletos pedindo aos automobilistas que dessem boleias aos indivíduos que iam ver o festival.

No 1º dia, o espectáculo começou às 18h00 e prolongou-se até às 4 da manhã.
Ao anoitecer, o organizador, um tal Barge, anunciou que tinham sido vendidos 20 mil bilhetes (a 50$00 cada).
Esperavam vender 50 mil bilhetes para cobrir as despesas, que seriam aproximadamente a 2.500 contos.
Diziam que tiveram de mandar vir o conjunto Manfred Mann de Inglaterra, mas parece que estava no Algarve, e por isso, a despesa com eles não foi tão grande como parecia.

Um dos cantores, Elton John, causou desde o começo má impressão, com os seus modos soberbos e as suas exigências: carro de luxo para as deslocações, quartos de luxo para os acompanhantes e guarda-costas, etc.
O recinto do festival era uma clareira cercada de eucaliptos, com um taipal à volta e uma grade de arame do lado do ribeiro.

Na noite de 7 estavam muitos milhares de pessoas e muita gente dormiu ali mesmo, embrulhada em cobertores e na maior promiscuidade.
Entre outros havia:
crianças de olhar parado indiferentes a tudo
grupos de homens, de mão na mão, a dançar de roda
um rapaz deitado, com as calças abaixadas no trazeiro
um sujeito tão drogado que teve de ser levado em braços, com rigidez nos músculos
relações sexuais entre 2 pares, todos debaixo do mesmo cobertor na zona mais iluminada
sujeitos que corriam aos gritos para todos os lados
bichas enormes a comprar laranjadas e esperando a vez nas retretes (havia 7 ou 8 provisórias) mas apesar disso, houve quem se aliviasse no recinto do espectáculo.
porcaria de todo o género no chão (restos de comida, lama, urina) e pessoas deitadas nas proximidades

Viam-se algumas bandeiras. Uma vermelha com uma mão amarela aberta no meio (um dos símbolos usados na América pelos anarquistas); outra branca, com a inscrição “somos do Porto” com raios a vermelho e uma estrela preta.

A população da aldeia, e de toda a região, até Viana do Castelo, a uns 30 km de distância, estava revoltada contra os “cabeludos” e alguns até gritavam de longe ao passar “vai trabalhar”. Foram vistos alguns a comer com as mãos e a limparem os dedos à cabeleira.
Viam-se cenas indecentes na via pública, atrás dos arbustos e à beira da estrada.

Em Viana do Castelo dizia-se que os “hippies” tinham comprado agulhas e seringas nas farmácias da cidade.
Havia muitos estudantes de Coimbra, e outros que talvez fossem de Lisboa ou do Porto. Alguns passaram a noite em Viana do Castelo em pensões, e viam-se alguns de muito mau aspecto, parece que vindos de Lisboa, que ficaram numa pensão.

Houve gritos de Angola é… (qualquer coisa) durante a actuação do conjunto Manfred Mann (de que faz parte um comunista declarado, crê-se que chamado Hugg).
Fora do recinto, junto do rio e de uma capela, havia muitas tendas montadas e gente a dormir encostada a árvores ou muros e embrulhada em cobertores.
Houve grande confusão junto às portas de entrada.
Havia quatro bilheteiras em funcionamento permanente e muito trânsito.

Toda aquela multidão de famintos, sem recursos para adquirir géneros alimenticios indispensáveis, como se de uma praga de gafanhotos se tratasse, se lançou sobre as hortas próximas colhendo batatas e outros produtos hortícolas, causando assim, grandes contrariedades aos seus proprietários, muitos deles de débeis recursos económicos.

26-8-71”.

O álbum mais marcante dos Manfred Mann’s Earth Band é, provavelmente,  Nithingales and Bombers, de 1975. Spirits in the Night é a primeira faixa.

Slots

League Against Cancer. Smoke. Eslováquia, 2010

League Against Cancer. Smoke. Eslováquia, 2010

Este anúncio ilustra, de um modo agradável, como são aplicados os donativos recolhidos pela League Against Cancer, do Perú. Um anúncio equilibrado, de arqueiro que não quer falhar o alvo.

Anunciante: League Against Cancer. Título: Slots. Agência: Young & Rubicam, Lima. Direção: Gonzalo Iglesias. Perú, Setembro 2013.

Há experiências desconfortáveis. Por exemplo, o déjà vu, uma sensação vertiginosa de reviver um momento passado. Além de um déjà vu, pode-se conceber o prévu, um ápice presente que pertence ao futuro, fenómeno em voga no cinema. Em português: já visto e previsto. Atendendo, agora, ao espaço, surge o cá visto, a sensação de viver aqui o que acontece alhures, fenómeno acelerado pela globalização. Pois, neste cantinho abençoado, o anúncio da League Against Cancer, provoca uma dupla sensação de cá visto e previsto. Neste país contemplado pelas pitonisas contemporâneas com um “rating dois níveis abaixo do patamar de ‘lixo'”, os cidadãos, cobaias de um novo esperanto político, desfazem-se das misérias nas ranhuras dos slots, ou porquinhos, do Estado.  Um sorvedouro fadado a crescer e a multiplicar-se. Não se trata, porém, de um já visto. De tal aperto e de tal cerco, não acode memória real ou fictícia.Trata-se de um híbrido, uma espécie de cá previsto. Não é o Adamastor, nem o Encoberto, nem Saturno, mas o Endividado a secar os peitos da nação.

Francisco de Goya. Saturno devorando a su hijo (1819-1823)

Francisco de Goya. Saturno devorando a su hijo (1819-1823)

 

Nas Nuvens

Mercedes-Benz-Le-MonolithO anúncio Le Monolith, da Mercedes, é todo ele um corpo a corpo com um monólito bruto, erecto como uma provocação divina. Embates humanos esculpem-no a um ritmo endiabrado, sincopado pela música dos Boys Noise remisturada pelos Chemical Brothers. A cinzelagem inicial do skater culmina com o polimento carnal por um casal de dançarinos. Homens e bestas revezam-se num desgaste cósmico, estético, erótico e agonístico. Para criar um ícone : a nova série da Mercedes. “Le film, réalisé par Wilfrid Brimo et Wanda Productions, montre une succession de scènes à la fois brutales, élégantes, énergiques, où des personnages vont progressivement façonner, sculpter un bloc d’une matière indéfinissable qui se révèlera être le Concept GLA. Un skateur va ciseler le bloc, un cerf va l’érafler, un couple de danseurs le polir… Quatre-vingt dix secondes d’un spectacle haletant, émotionnel et neuf en rupture avec les discours tristes, rationnels ou prudents que la catégorie automobile propose aujourd’hui en communication ».

Filho do luxo, brilhante e criativo, este anúncio exala um certo ar de família. Com as devidas precauções, advinha-se a origem francesa. A missão é homérica: renovar a imagem de uma marca consolidada. A ênfase na razão, na confiança e na sobriedade pertence ao passado. Doravante, a “estrela” será desportiva, sensorial e hedonista, na vanguarda da técnica e da arte. Uma rotação de quase 180º. Um último reparo: como diria Carlos Nascimento, profissional de publicidade experiente e meu parceiro de investigação, este é um bom exemplo de um anúncio que vai correr o mundo, inundar os ecrãs, mas que, de facto, se dirige a um target, além de preciso, extremamente reduzido: “les social climbers, ces hommes et femmes dans les plus belles années de leur réalisation”. Em português abreviado, os alpinistas sociais nas nuvens do sucesso.

Marca: Mercedes-Benz. Título: Le Monolith. Agência: BBDO France / Proximity. Direção: Wilfried Brimo. França, Setembro 2013-09-23

Existe uma versão interactiva muito bem conseguida desta campanha. Pode aceder no seguinte endereço: http://www.youtube.com/user/MercedesBenzFrance/Sensations.

Inconveniência amigável

calimeroA publicidade insiste em perturbar o nosso recato. Deu-lhe, agora, para anúncios com trago disfórico! Mas esta maré não nos apanha desarmados. Foi precedida pelas campanhas de consciencialização: rodoviária, contra o álcool, tabaco, violência, poluição… O choque a dar a mão ao medo numa valsa do Apocalipse tornou-se espectáculo familiar. Mas estes “novos” anúncios são distintos: banham em humor. A pessoa que exibe o rosário multimédia excede-se, raiando a inconveniência e o ridículo. O amigo, enredado, também não sai bem na fotografia: pastou até à última imagem! Vale o anúncio não se pretender disfórico, mas cómico. A desgraça é bom combustível do humor. Sobra, contudo, um não sei quê disfórico. Um incómodo que se aloja no sótão da consciência. Um espelho distorcido. Podia acontecer comigo…

Marca: Orange. Título: Retrouvailles. Agência: Publicis Conseil. Direção: Xavier Giannoli. França. 2013.

Desgraça rima com humor. Que o digam os desenhos animados, a começar por Calimero, herói ternamente disfórico. A primeira aparição de Calimero foi, por sinal, num anúncio do detergente italiano AVA.

Calimero. Detergente AVA (Carosello; Mira Lanza). Autores: NinoToni Pagot e Ignazio Colnaghi. Itália, 1963.

O Gato das Botas na China

NIke. Wish List. ChinaO que é digno de ser desejado para um jovem (basquetebolista chinês)? O anúncio da Nike, Wish List, arrisca um inventário: um court, um DJ, multidão… Tudo, e mais alguma coisa. Mas a fama, essa é coisa à parte: conquista-se. Com a ajuda de uma bola e de um par de sapatos! Eis o toque de um bom anúncio. O que tem a marca? Um não sei quê que faz a diferença. É quanto baste! E quanto mais imaterial, melhor!

Marca: Nike Basketball. Título: Give me the ball / Wish List. Agência:  Wieden + Kennedy (Shangaï). Direção: Stacy Wall. China, 2013.

Músculos Musicais

Gillette. Training TracksMichel Gondry é um dos grandes realizadores da atualidade. Ganhou um óscar em 2005, com o filme Eternal Sunshine of the Spotless. Dirigiu dezenas de vídeos musicais: para Bjork, The Rolling Stones, Beck, The Chemical Brothers, The White Stripes… É uma figura incontornável da publicidade (ver  http://tendimag.com/2011/09/15/um-voo-sem-asas/).

A Gillette apostou forte neste anúncio: Training Tracks. Contratou Michel Gondry e não regateou meios. Reuniu estrelas do futebol americano e recorreu a Phil Mossman, dos LCD Soundsystem.

Marca: Gillett. Título: Training Tracks. Agência: BBDO New York. Direção: Michel Gondry. USA, Setembro 2013.

O esquema utilizado no anúncio é antigo. No século XVI, Giuseppe Arcimboldo já contrabandeava realidades: com frutos, flores, legumes e objectos díspares, configurava retratos de imperadores, princesas, bibliotecários, cozinheiros, advogados… (http://tendimag.com/2012/01/22/comer-com-os-olhos-os-alimentos-em-arcimboldo/; e http://tendimag.com/2011/09/15/jogos-de-legos-com-humanos/). Neste anúncio, os fragmentos de realidade não são imagens mas sons. Provenientes do treino dos desportistas no ginásio adquirem ritmo e musicalidade. É possível que a ideia de recomposição de sons não seja completamente original. Mas, como diria Pascal, “ninguém me acuse de não ter dito coisas originais. A dispo­sição das matérias é nova, e isso é que importa”. Pois, com o toque de Michel Gondry, que foi baterista de uma banda, e de Phil Mossman, guitarrista e percussionista, a “disposição das matérias” resulta excelente.

Maçã Misteriosa

Smirnoff. The Apple BiteSurreal, assombroso, liminar. Um clube do outro mundo com figuras misteriosas. A serpente, a maçã, o desejo, o pecado, a mulher e o homem. O novo cocktail é o cocktail de sempre. Os cortes nas sequências de imagens aumentam a sensação de descoordenação e de risco. A atmosfera dantesca lembra o anúncio Vampiros, da Citroen, de 1997 (ver http://tendimag.com/2013/01/08/nos-limites/).

Marca: Smirnoff. Título: The Apple Bite. Agência: Mother, London. Direção: ohnny Hardstaff. Reino Unido, Setembro 2013.

Guiar o olhar

SNCR Micro Prix TGV SauterelleNesta campanha da SNCF, Micro Prix TGV, cada anúncio abre com uma bela sequência de imagens de um pequeno animal: gafanhoto, joaninha, louva-a-deus e rã. Apelativas, estas imagens prendem o olhar, conduzindo-o até a um inesperado letreiro com o preço de um bilhete de comboio. Cada anúncio não é longo (cerca de 35 segundos), mas produz um efeito de duração notável, e aprazível. Neste conjunto de aspectos, os anúncios são eficazes. Já a ponte entre o infinitamente pequeno dos animais e o infinitamente pequeno dos preços, parece-me, como dizem os franceses, tirée par les oreilles.

Anunciante: SNCF Micro Prix TGV. Título: La Sauterelle. Agência TBWA Paris. Direção: Jérôme Raynaud. França, Setembro 2013.

Anunciante: SNCF Micro Prix TGV. Título: La Coccinelle. Agência TBWA Paris. Direção: Jérôme Raynaud. França, Setembro 2013.

Anunciante: SNCF Micro Prix TGV. Título: La Mante. Agência TBWA Paris. Direção: Jérôme Raynaud. França, Setembro 2013.