Grupo Etnográfico da Casa do Povo de Melgaço (início da homenagem)
Vários amigos não puderam assistir à homenagem no 29 de Novembro. Gostariam de ter uma ideia. Colocaremos, sucessivamente, alguns momentos. Por agora, seguem dois vídeos com o Grupo Etnográfico da Casa do Povo de Melgaço. O primeiro com as danças do início e o segundo, impressionante pela resistência e leveza, da segunda parte, a final. Melgaço é um território envelhecido que veio perdendo população. Não obstante é um território vivo onde as diferentes gerações se empenham em dar o braço. Melgaço tem muitos embaixadores. O Grupo Etnográfico da Casa do Povo de Melgaço destaca-se como um deles.
Carregar na imagem seguinte para aceder ao vídeo.

Cinco Zero 7

Após uma semana complicada muito fica por fazer. Mas apetece-me ouvir música: muita, sedosa, original e rara. A exposição Vertigens do Barroco, no mosteiro de Tibães, em 2007, incluía dois ecrãs: um grande, com anúncios, na “sala das emoções confortáveis”, e outro, maior, com vídeos musicais, um dos quais pertencia aos Zero 7 (Futures, 2006). Se não conhece este grupo britânico, invejo-lhe o prazer da descoberta..
Um Milhão de Máscaras de Deus

Cause I can feel your pain
In my bones, in my bones
And I can feel your pain
Deep in my bones, deep in my bonesAnd hallelujah to the one in our bones
And hallelujah to the one that we love(Manchester Orchestra, I’m Like a Virgin Loosing a Child, 2006)
Depois do “olhar estrábico de Cristo”, “um milhão de máscaras de Deus”! Após o sucesso de “Silence” (https://tendimag.com/2021/03/11/o-tendencias-do-imaginario-face-ao-confinamento/), a música dos Manchester Orchestra frisará o “inaudível”?
Ligações insuspeitas

Agraciado com vários prémios, o anúncio dinamarquês All That We Share – Connected, da TV 2, tem um cariz sentimental, eventualmente patético. O simulacro proposto tem, no entanto, a virtude de apontar para uma realidade: a probabilidade de ocorrência de conexões ou laços sociais improváveis. Perante uma pessoa estranha, que tudo parece separar, não é despropositado apostar que algo nos pode unir. O Tendências do Imaginário já contempla um anúncio congénere, de 2017, da TV 2 que incide, nesse caso, sobre as afinidades improváveis (ver A passerelle Electrónica: https://wordpress.com/post/tendimag.com/41377).
Primeiro os amigos
Existem mundos onde predominam as encostas. Os seus membros encostam-se uns aos outros formando montículos dispostos em redes de dependência pessoal. Quem não se encosta nem é encosto candidata-se ao papel de mosquito numa teia de aranha. A autonomia definha como uma quimera, um gesto raro e caro. Seguem quatro canções francesas sobre a parceria (os comparsas) e a diferença (os marginais).
(En)canto
Há quem não aprecie os Pink Floyd, embora o grupo tenha passado por fases e criado canções para quase todos os gostos. No que me respeita, representam uma banda presente em momentos marcantes, inaugurais. Juntos pela última vez durante o Live 8, no Hyde Park, em 2005, abriram o pequeno concerto com Speak to me / Breath. Um (en)canto biográfico.
Pandemónio. Vulnerabilidade auditiva

Segundo Georg Simmel, a relação com o mundo e com os outros tende a mudar consoante os sentidos mobilizados.
“Do ponto de vista sociológico, a orelha distingue-se do olho também pela ausência desta reciprocidade que institui o olhar face a face. Por natureza, o olho, não consegue abranger sem receber ao mesmo tempo, enquanto que a orelha é o órgão egoísta por natureza que recebe e não dá; a sua forma exterior parece quase um símbolo disso, porque ela dá a impressão de um apêndice passivo da figura humana, o menos móvel de todos os órgãos da cabeça. Paga este egoísmo com a sua incapacidade de se desviar ou fechar, à semelhança do olho; como pode apenas recolher está condenada a receber tudo o que se passa ao seu alcance” (Simmel, Georg, 1ª ed. 1908, Sociologie, Paris, Presses Universitaires de France, 1999, pp. 634-635).
O ouvido é, portanto, mais vulnerável do que o olho. Ao mesmo tempo, mais exposto à intrusão e mais perturbador só o olfato, mas num espaço mais restrito, circunscrito à “esfera da intimidade”. A maior vulnerabilidade, e correspondente intrusão, do ouvido face ao olho justifica que, ao nível do audiovisual, se recorra mais frequentemente ao som do que à imagem para significar o mal-estar e a agressão ambiental. É o caso do anúncio sul-africano Let’s Go, da Volkswagen, em que a protagonista é assediada por todo o tipo de ruídos.
Falha técnica
Acordei desligado: uma falha no serviço da Internet. Razão acrescida para dedilhar os CD amontoados nos gavetões. Como de costume, retirei um punhado à sorte e escolhi um: What are you going to do with your life, dos Echo & The Bunnymen. Costumo escutar uma ou duas vezes e reter duas ou três música. Desta vez, não resisti a colocar o álbum completo. Não é fácil hierarquizar, possui uma marca própria e retalhá-lo seria um atropelo. Coloco-o para que alguém com uma falha na urgência quotidiana o possa apreciar
No limite: The Kills I

“A morte não é acontecimento da vida. Não se vive a morte. / Se por eternidade não se entender a duração infinita do tempo mas a atemporalidade, vive eternamente quem vive no presente. / Nossa vida está privada de fim como nosso campo visual, de limite” (Ludwig Wittgenstein. Tractatus Logico-Philosophicus. São Paulo: Companhia Editora Nacional, 1968, p. 127).
Mudar de música ajuda a mudar de atitude. Tive São João em casa. Quatro em cada cinco jovens admitiram não ter ouvido falar dos The Kills. Este e o próximo posts ser-lhes-ão dedicados. Seguem, por enquanto, duas versões mais despojadas e mais raras, com menos punch e batida do que o duo nos habituou.