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De sapatilhas em Melgaço

Melgaço

ZXM, Zapatillas pxr el mundo, um canal do YouTube dedicado à viagem, ao lazer e ao turismo, visitou Melgaço. Este vídeo de 21 minutos em espanhol foi um dos resultados.

Zapatillas por el mundo. Melgaço, Norte de Portugal. Colocado em 03/10/2022

Quem são os Zapatillas por el Mundo?

Albert y Ana
Pues si… somos Zapatillas por el mundo.
Para los que aún no nos conozcáis nuestros nombres son Ana y Albert un par de aventureros que un dÍa decidieron viajar juntos por el mundo y por la vida.
Tras algunos viajes juntos y casi 20 años dedicados al mundo del marketing y de la comunicación, un día decidimos contarle al mundo lo que nuestros ojos veían y creamos nuestro canal de YOUTUBE, desde entonces, la cámara siempre nos acompaña para captar momentos en formato vídeo para después contar las experiencias, las historias de aquellos lugares que visitamos.
Hoy, viajamos arropados por ti que a través de la pantalla nos acompañas día a día. Y es que una de las cosas que más nos gusta, es poder inspirarte, a viajar, conocer nuevos destinos y lugares, vivir nuevas experiencias… y todo esto de una forma amena y muy cercana, mostrándote toda la información que necesitas para emprender este viaje que tienes entre ceja y ceja ((https://zapatillasporelmundo.com/nosotros/).

A Ponte dos Suspiros

Ponte dos Suspiros. Veneza

Impressiona a quantidade e a diversidade de discos que adquiri em Paris. Em livros, discos e viagens gastava quase todo o meu salário do Banco Pinto & Sotto Mayor. Somando o convívio emigrante, a universidade e os amores, a pouco mais se resume o currículo entre os 16 e os 23 anos, 1976 e 1982. Resistente à plena integração, nunca resolvi plenamente o regresso a Portugal. Oscilo como o asno de Buridan, atravessado numa “ponte de suspiros”.

Em Veneza. 1978

Jovem, viajava quase sempre só, pouca bagagem, travelers cheques da American Express na carteira e destino mal definido. A ausência de companhia tem uma vantagem: abrimo-nos mais aos outros e os outros abrem-se mais a nós. Em finais de agosto de 1978, terminado o trabalho no banco, parti rumo à Jugoslávia. Veneza era ponto de paragem. Chegado, não consegui hotel. Tudo lotado. Não costumava reservar hotéis. Não sabia os dias de chegada nem de partida. Consoante se proporcionava. Por exemplo, demorara mais tempo do que previsto na Suíça. Retomo caminho rumo a Trieste. Veneza ficaria para o regresso. No comboio, conheci duas jovens. Convidaram-me a pernoitar em Portogruaro, a umas dezenas de km de Veneza. Decorria um festival jazz. Deixei-me hospedar durante quase duas semanas. Conheci Veneza como poucos. Uma das jovens, professora de biologia, foi uma excelente guia. Prossegui para a Jugoslávia, com duas semanas de atraso. Regressei a Paris no fim de outubro, tinham começado as aulas há quase um mês. Assim era naquele tempo.

Hoje, deparei com o LP Bridge of Sighs, estreado em 1974. Guitarra potente, desenvolta e expressiva, com remanescências de Jimi Hendrix, interpretada por um antigo membro dos Procol Harum: Robin Trower. Viro o disco e toca outra música, talvez apenas apreciada por alguns amigos, os nostálgicos dos anos setenta.

Ao ver o Robin Trower, com 76 anos, a tocar com tanta agilidade, apetece retomar a aprendizagem adolescente da guitarra. Tenho a Fender Stratocaster do meu filho, basta comprar uma acústica. Só preciso de um mestre. Infelizmente, o primeiro, o John, está demasiado longe, no Canadá (ver https://www.youtube.com/watch?v=xH6EaTuavJk e https://www.youtube.com/watch?v=W0qsuGpJHqI).

Robin Trower. Bridge of Sighs. Bridge of Sighs. 1974. Ao vivo: Tops of the Pops BBC, 1974.
Robin Trower. Daydream. Twice Removed from Yesterday. 1973. Ao vivo, 2013.
Robin Trower. Birdsong (Official Video). No More Worlds to Conquer. 2022

Furacão

O tempo esteve particularmente interessante este fim de semana em Moledo. Ontem, as listas dos aviões, hoje um furacão.

Furacão. Moledo. 06.11.2022. Imagem: Conceição Gonçalves
Furacão. Moledo. 06.11.2022. Filmado por Conceição Gonçalves

Ligações insuspeitas

TV 2. All that we share – connected. Dinamarca, 2019

Agraciado com vários prémios, o anúncio dinamarquês All That We Share – Connected, da TV 2, tem um cariz sentimental, eventualmente patético. O simulacro proposto tem, no entanto, a virtude de apontar para uma realidade: a probabilidade de ocorrência de conexões ou laços sociais improváveis. Perante uma pessoa estranha, que tudo parece separar, não é despropositado apostar que algo nos pode unir. O Tendências do Imaginário já contempla um anúncio congénere, de 2017,  da TV 2 que incide, nesse caso, sobre as afinidades improváveis (ver A passerelle Electrónica: https://wordpress.com/post/tendimag.com/41377).

Marca: TV 2, Copenhagen. Título: All that we share – connected. Direção: Christian Holten Bonke. Dinamarca, março 2019.

E as crianças?

Save the Children

As realidades abordadas nestes três anúncios da Save the Children não são inauditas. De vez em quando, os meios de comunicação social fazem-lhe alusão. Save the Children Fund é uma organização internacional não governamental de defesa dos direitos da criança, ativa desde 1919, com sede em Londres.

Anunciante: Save the Children. Título: Save the Survivors. Agência: POL. 2022.

Anunciante: Save the Children. Título: Save the Children. Agência: POL. Direção: Niels Windfeldt. 2022.

Anunciante: Save the Children. Título: Survivors. Agência: Landia. Direção: Francisco Paparella. 2019.

O Amor e a Morte na Casa da Cultura

Coisas do Outro Mundo. Casa da Cultura. Melgaço, 21 de outubro de 2022

Chuva, frio e uma sensação única: o mesmo vento que me afastou do mundo traz-me de volta ao ninho. Era uma vez… o amor e a morte, a união e a separação, as formas e as sombras, os que ficam e os que partem. Memórias profundas e liminares. Apesar da concorrência do FC Porto-Benfica, a audiência do “serão dos medos” duplicou o previsto. Iniciado às 21:00, o “serão dos medos” durou quase até à meia noite. O encanto não teria sido o mesmo sem os testemunhos generosos, de uma oralidade prodigiosa e contagiosa, de duas pessoas maiores: as castrejas Angelina Fernandes e Palmira Fernandes. A sessão não se prolongou para “evitar o escuro das horas tardias”. Mas, pelos vistos, com a iluminação atual o risco é bem menor. E as pessoas deixaram-se estar em inspirada conversa. Uma iniciativa que, graças à dedicação dos amigos da Casa da Cultura e da Câmara de Melgaço, parece ter nascido para vingar. Era uma vez, não eRa? eRa, um grupo francês.

Galeria de fotografias: Coisas do Outro Mundo, Serões dos Medos, Casa da Cultura, Melgaço, 21 de outubro de 2002. Fonte – Município de Melgaço: https://www.facebook.com/municipiodemelgaco/photos

eRa. Mother. Era. 1996. Remix (Official Music Video)
eRa. Ameno. Era. 1996. The City Remix (Official Music Video). 2017.
eRa. Divano. Era 2. 2000. Vídeo oficial
Era. Cathar Rhythm. Era. 1996. Remix (Official Music Video)

Ecoturismo: Lazer e desporto equestre em Melgaço

À minha irmã, apaixonada por cavalos

A amplitude das oportunidades de turismo, lazer e desporto do concelho de Melgaço resulta surpreendente. A paisagem natural e humana, particularmente em Castro Laboreiro, presta-se a vários tipos de percursos e passeios, incluindo equestres (consultar oferta da Ecotura em: http://www.ecotura.com/ProgramasEquestres.htm). Agradeço o conhecimento deste vídeo à página Fãs de Melgaço (https://www.facebook.com/search/top?q=f%C3%A3s%20de%20melga%C3%A7o).

Para aceder ao vídeo, carregar na imagem seguinte (ligar o som).

Passeios equestres. Castro Laboreiro. Fonte tripadvisor.pt

Primeiro os amigos

Jacques Brel, Léo Ferré e Georges Brassens

Existem mundos onde predominam as encostas. Os seus membros encostam-se uns aos outros formando montículos dispostos em redes de dependência pessoal. Quem não se encosta nem é encosto candidata-se ao papel de mosquito numa teia de aranha. A autonomia definha como uma quimera, um gesto raro e caro. Seguem quatro canções francesas sobre a parceria (os comparsas) e a diferença (os marginais).

George Brassens. Les copains d’abord. Les copains d’abord. 1964.
Georges Brassens. La mauvaise réputation. La mauvaise réputation. 1954.
Georges Moustaki. Le métèque. Le métèque. 1969.
Isabelle Mayereau. Difference. Isabelle Mayereau. 1978.

O contágio do estigma

Ironside. Série da NBC.1967 a 1975.

“Tendemos a inferir uma série de imperfeições a partir da imperfeição original e, ao mesmo tempo, a imputar ao interessado alguns atributos desejáveis mas não desejados, frequentemente de aspecto sobrenatural, tais como “sexto sentido” ou “percepção”:

“Alguns podem hesitar em tocar ou guiar o cego, enquanto que outros generalizam a deficiência de visão sob a forma de uma gestalt de incapacidade, de tal modo que o indivíduo grita com o cego como se ele fosse surdo ou tenta erguê-lo como se ele fosse aleijado. Aqueles que estão diante de um cego podem ter uma gama enorme de crenças ligadas ao estereótipo. Por exemplo, podem pensar que estão sujeitos a um tipo único de avaliação, supondo ou o indivíduo cego recorre a canais específicos de informação não disponíveis para os outros.”” (Erving Goffman, Estigma, 1ª edição 1963).

Confirmo. Durante o período em que estive sem mobilidade até os mais parvos se estimavam mais inteligentes. Preso à cadeira de rodas, observava, nada surpreendido e um pouco resignado, a caravana a passar. Personagens como o detetive Robert T. Ironside, protagonista paralisado numa cadeira de rodas da série norte-americana Ironside (Têmpera de Aço, NBC de 1967 a 1975) representam uma exceção excessiva que confirma a regra.

Mas não sobrevem apenas um efeito de contágio. Quando o estigma desaparece, pode ocorrer, também, um efeito de prolongamento. A atitude mantem-se para além das condições que a justificaram. Em casos como este, Pierre Bourdieu fala em “histerese do habitus”. Arrumada a cadeira de rodas, a ilusão continua. A comodidade e a condescendência insistem em subestimar a inteligência e, como é costume nestas situações, a dignidade do “resgatado vulnerável”. Entretanto, sinto que estou a perder a paciência.

Embarque

Há precisamente um ano, na margem, o corpo à frente e a alma atrás, fui salvo por uma neurologista. Se estou neste mundo, devo-o a duas mulheres.

  • Diabo                À barca! À barca! andem já
  •                            que temos mansa maré!
  •                            Podem manobrar de ré!
  • Companheiro  Assim mesmo como está!
  • Diabo                Corre ali, seu Coisa-má
  •                            e acerta aquele atravanco
  •                            deixando livre esse banco
  •                            para a gente que virá
  •                            À barca! À barca! Seu nabo,
  •                            pois logo queremos ir!
  •                            Já é tempo de partir,
  •                            com louvores ao Diabo!
  •                            E puxa bem esse cabo,
  •                            põe logo o convés a jeito!
  • Companheiro  Será logo tudo feito!
  • (Gil Vicente, Auto da Barca do Inferno, SWAI-SP editora, 2015)
Carl Orff. Carmina Burana. Reie. 1935-1936. Munich String and Percussion Orchestra. Madrigal Choir Munich. Conductor: Adel Shalaby.
Manuel de Falla. Siete canciones populares españolas. Nana. 1914. Violoncelo: Brinton Averil Smith. Piano: Evelyn Chen. Rice University’s Shepherd School of Music. 2011.