Archive | Janeiro 2014

Paranóia

CNTC. The ConspiracyDe Equilibrium para Matrix, dou-me conta que vai ser mais difícil deixar de fumar do que pensava.

Marca: CNCT (Comité National Contre le Tabagisme). Título: The Conspiracy. Agência: Phileas, Brest. França, Janeiro 2014.

Ternura digital

Promart. The Perfect DaughterNão é só do Oriente que nos vem a ternura digital. Não há como uma bela história de amor para consolidar a liquidez reinante.

Marca: Promart Homecenter. Título: The Perfect Daughter. Agência: Fahrenheit DDB, Lima. Direção:  Ricardo Chadwick. Perú. Janeiro 2014.

Por um nada

Gosto de anúncios minimalistas. Tanta inteligência a passar pela frincha de  um detalhe!

Hat Hut Weber. It's the hat. Serviceplan. Alemanha, 2007.

Hat Hut Weber. It’s the hat. Serviceplan. Alemanha, 2007.

Van Gogh Museum. Van Gogh Cafe. Duval Guillaume Brussels. Bélgica, 2004.

Van Gogh Museum. Van Gogh Cafe. Duval Guillaume Brussels. Bélgica, 2004.

 

Asas com rodas

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Gostamos de asas. Basta escrever a palavra para a frase ficar mais leve. Gostamos também de passarinhos. E dos pobrezinhos. “Pobres dos pobres são pobrezinhos, almas sem lares, aves sem ninho…” (Guerra Junqueiro, Os Pobrezinhos, Os Simples). Mas “de quem eu gosto, nem às paredes o confesso” (Amália Rodrigues). Se calhar, do Leonard Cohen… “Oh like a bird on the wire / Like a drunk in a midnight choir / I have tried in my way to be free” (Bird on the Wire, Songs from a Room, 1969). Pelos vistos, ainda não perdi a mão à “difícil arte de cavalgar” (Dom Duarte) uma citação por linha.

Marca: Volkswagen. Título: Wings. Agência: Argonaut. USA, Janeiro, 2014.

(“Bird on the Wire” from Songs from the Road by Leonard Cohen)

Vestir o amor

Exército de Salvação do Brasil. BlazerHá anúncios que dispensam ser vestidos com palavras. São eles que nos vestem, com imagens.

Anunciante: Exército de Salvação Brasil. Título: Blazer. Agência: WMcCann. Direção: Tocha Alves. Brasil, Janeiro 2014.

O Inferno do Belo

Mobel Kraft. Table

“Somente diremos aqui que, como objectivo junto do sublime, como meio de contraste, o grotesco é, segundo nossa opinião, a mais rica fonte que a natureza pode abrir à arte (…) O sublime sobre o sublime dificilmente produz um contraste, e tem-se necessidade de descansar de tudo, até do belo.” Assim escreve Victor Hugo em 1827 (Do Grotesco e do Sublime, São Paulo, Ed. Perspectiva, 2002, p. 31).

Duas décadas mais tarde, em 1853, Karl Rosenkranz escreve:

“O inferno não é apenas religioso ou ético, é também um inferno estético. O mal, o malvado rodeiam-nos, tal como o feio. Os horrores de informe e do disforme, da mesquinhez e da repugnância cercam-nos sob inúmeros aspectos, desde os rebentos liliputianos até às monstruosidades gigantescas, onde a maldade infernal nos olha fazendo caretas e rangendo os dentes. É a este inferno do belo que queremos descer” (Esthétique du laid, Paris, Circé, 2004, p. 41).

Segundo Victor Hugo, “O génio moderno (…) transforma os gigantes em anões; dos ciclopes faz os gnomos” (Ibidem, p. 32). Pois, porque não transformar um rikishi (lutador de sumo) numa espécie de bailarino contemporâneo?

Marca: Mobel Kraft. Título: Table. Agência:  Lawinenstift.  Alemanha, Janeiro 2004.

Eis um artigo com ares de preguiça. Meia dúzia de palavras. Se alguma ideia se perfila pertence a outros. Tem duas citações. São duas pérolas? Coisa ínfima, sobretudo, quando está em voga a contagem de citações pelos capatazes da ciência. Como o escravo de César, o trabalho para o ser tem que o parecer. Como diria o Marquês de Portfolio, trabalho que não se vê é trabalho que não existe. Quem não se entrega ao acabamento das aparências é um preguiçoso. Pimba! Assim escrevo eu em 2014.

Destapar o sol!

Coca-Cola. CieloCom tanta nuvem taciturna, dava jeito destapar o sol. Quem se candidata a subir a uma escada tão alta como o défice para afastar as nuvens? E, já agora, com mais um ou dois degraus não daria para destapar o futuro? Coitado, parece uma ostra sem pérola! Em contrapartida, este anúncio é soalheiro e optimista, a condizer com a “fábrica da felicidade”.

Cliente: Coca-Cola. Título: Cielo. Agência: Young & Rubicam. Direção: Pucho Mentasti, Watta Fernandez. Argentina, 2009.

Uma questão de estilo

guinness-beer-sapeurs-600-12920Este Sapeurs, da Guinness, é um anúncio espantoso. Treme no momento e no ponto certo para nos fazer vibrar. Em sociologia, a distinção entre status, classe e partido, proposta por Max Weber, é particularmente difícil de discernir. Os Sapeurs do Congo constituem um bom exemplo daquilo que é um grupo de status: “Their life is not defined by occupation or wealth, but by respect, a moral code and an inspirational display of flair and creativity. This is demonstrated through their love of stylish dressing; but it is not the fabric or cost of the suit that counts, it is the worth of the man inside it”.

Marca: Guinness. Título: Sapeurs. Agência: AMV BBDO, London. Direção: Nicolai Fglsig. UK, Janeiro 2014.

A Cadeia do Bem

Innocence. The Chain of Good.Quando o Estado Social definha, alguém o substitui? A iniciativa privada?Quem acompanha os anúncios publicitários não tem dúvidas. Um dia virá em que pagaremos as esmolas! Compra o produto certo e abres uma sucursal do paraíso na terra e um par de asas no céu. Se escolheres outro produto, és um pecador insensato que desencadeia as labaredas infernais da gasolina e do gás. Enquanto o Estado se comporta como um Santo Antão atormentado pelos mafarricos, o capital assume-se como uma reencarnação de São Mateus. Na publicidade, este esquema parece estar a dar bons resultados.
Estes anúncios da campanha The Chain of Good, da Innocent Smothie, estão bem concebidos. Com ares de Flower Power, oferecem-se leves, lestos, divertidos e assertivos, com uma ponta de ironia que faz a diferença.

Marca: Innocent Smoothies. Título: The Chain of Good – Peru. Agência: 101. Direção: Max Joseph. UK, Janeiro 2014.

Marca: Innocent Smoothies. Título: The Chain of Good – Uganda. Agência: 101. Direção: Max Joseph. UK, Janeiro 2014.

Gostar não basta!

CRS Crisis Relief Singapore. Liking isn't helping. Publicis. Singapura, Junho 2013.

CRS Crisis Relief Singapore. Liking isn’t helping. Publicis. Singapura, Junho 2013.

Há cerca de um ano, um artigo intitulado “generosidade virtual” apresentava um anúncio da UNESCO a alertar para a inoperância dos “like” em matéria de ajuda humanitária (http://tendimag.com/2013/04/24/generosidade-virtual/). Recordo, agora, uma campanha semelhante lançada, em Junho de 2013, pela CRS (Crisis Relief Singapore), em Singapura. Apesar da diferença de possibilidades, a fotografia preserva virtudes que escapam ao vídeo. Excelente publicidade de consciencialização.

CRS Crisis Relief Singapore. Liking isn't helping. Publicis. Singapura, Junho 2013.

CRS Crisis Relief Singapore. Liking isn’t helping. Publicis. Singapura, Junho 2013.