A nova normalidade

Aprecio o estilo de comunicação da Fundação Tailandesa para a Promoção da Saúde (Thai Health Promotion Foundation). Uma pedagogia franca, impactante e grotesca, adversa aos comportamentos de risco, estúpidos e perigosos, contrários à “nova normalidade”.
A propósito do Covid-19, foi publicado, no dia 27 de novembro, o primeiro volume, Reflexões, da obra coletiva A Universidade do Minho em tempos de pandemia, editada por Manuela Martins e Eloy Rodrigues (pdf acessível no seguinte endereço: https://doi.org/10.21814/uminho.ed.23). Participo com um pequeno texto (“COVID-19: o mensageiro da nova morte”, acessível em: https://doi.org/10.21814/uminho.ed.23.5).
A importância dos objetos

Separados pelo confinamento, avô e neta aproximam-se graças às novas tecnologias e a um pequeno urso de peluche. Os objetos são bons meios de comunicação e comunhão. Uma jangada de afetos. Um anúncio da NOS, pela agência HAVAS Portugal.
Testamento

Primeiro anúncio: Se existem anúncios a agências funerárias (ver https://tendimag.com/2014/02/20/a-um-morto-nada-se-recusa/), por que não a associações de notários? A morte é um negócio que, pelos vistos, os cogumelos alimentam. Convém não esquecer o testamento.
Segundo anúncio: Velho Testamento; Novo Testamento; Testamento indeciso. “Se não não tem de quem goste, pense em nós”, contemple uma instituição de solidariedade social.
Carregar na imagem seguinte para aceder ao anúncio.

Dinossauros sem cauda

J.J. Cale, falecido em 2013, é um compositor, vocalista e guitarrista norte-americano cuja carreira começou em 1958. O primeiro álbum, A Trip Down The Sunset Strip, foi lançado em 1966. Pioneiro do Tulsa Sound, J.J. Cale é um dinossauro. Um dinossauro cuja cauda ninguém enxerga. Algumas das suas músicas brilharam nos covers de Eric Clapton (Cocaine ou After midnight) ou dos Lynyrd Skynyrd (Call me the breeze ou I got the same old blues). A Cocaine original não desmerce a reinterpretação do Eric Clapton. Assim com existem dinossauros com e sem cauda, também existem dinossauros ora com amplificadores, ora sem amplificadores. Comprova-o uma pesquisa na Internet: uns têm links, vídeos e alta resolução, outros originalidade e inspiração. O Tendências do Imaginário já contempla três músicas de J.J. Cale: Cocaine (https://tendimag.com/2014/01/12/saudades-caseiras/), Call me the breeze e Magnolia (https://tendimag.com/2015/12/19/a-sanita-e-a-cocaina/). Acrescento Crying e After midnight (ao vivo com Eric Clapton).
A bateria fantástica

Um anúncio tailandês grotesco, variante brutesca. Humor de Hollywood, do circo e do imaginário popular. Nada bate certo e tudo se encaixa, nesta procissão de disparates.
O inverno do Coronavírus e os heróis do sofá

O anúncio Corona Winter, do governo da Alemanha (zusammen gegen corona) sublinha que, em tempos de pandemia, para ser herói basta não sair de casa. Só os parvos não são heróis. No anúncio, falado em alemão, uma pessoa de idade recorda os tempos da pandemia. Não descobri legendas em inglês. Segue a tradução do discurso do protagonista:
“Penso que foi no inverno 2020 que todos os olhos do país se fixaram em nós. Acabava de fazer 22 anos e prosseguia estudos de engenharia em Chemnitz quando a segunda vaga começou. 22 anos…Com essa idade, quer-se festejar, estudar, encontrar pessoas, isso tudo… Sair para beber uns copos. Mas o destino tinha outros projectos para nós. Um perigo invisível ameaçava tudo em que acreditávamos. De um momento para outro, o destino do país estava nas nossas mãos. Então, agarrámos a coragem com as duas mãos e fizemos o que era esperado de nós. A única coisa a fazer. Não fizemos nada. Absolutamente nada. Tão preguiçosos como guaxinins. Dias e noites, mantínhamos os nossos rabos em casa e combatíamos a propagação do Coronavírus. O sofá era o nosso campo de batalha. A paciência, a melhor arma. Confesso que me apetece rir sozinho ao pensar neste período. Era o nosso destino. Foi assim que nos tornámos heróis. No período do Coronavírus durante o Inverno de 2020”.
Encontrei, entretanto, no Twittter, uma versão com legendas em inglês:
Surtos

“O Secretário Adjunto de Estado e da Saúde, António Lacerda Sales, anunciou na habitual conferência de imprensa para dar conta da evolução da pandemia, que estão identificados 477 surtos em escolas em todo o país, mas este número reflete a situação em todo o território. Um comunicado do Ministério da Saúde indica que nos estabelecimentos de ensino se registavam 68 surtos a 16 de novembro
Portugal tem 68 surtos ativos de infeção em escolas pelo novo coronavírus, de acordo com um comunicado emitido pelo Ministério da Saúde e que corrige a informação prestada esta sexta-feira pelo secretário de Estado da Saúde, que indicou haver 477 surtos ativos em estabelecimentos de ensino quando este número se refere ao total que se verifica no país.
“Os surtos identificados” a 16 de novembro, esclarece a nota do Ministério, “distribuem-se da seguinte forma: 3 na ARS Norte, 11 na ARS Centro, 50 na ARS LVT, 2 na ARS Alentejo e 2 na ARS Algarve, no total de 68 em todo o Continente”” (https://expresso.pt/sociedade/2020-11-20-Covid-19.-Ministerio-corrige-o-secretario-de-Estado-da-Saude-ha-68-surtos-de-infecao-ativos-em-escolas).
Falta ou descoordenação da informação? Divergência de critérios? Ou desaparecimento fugaz de mais de quatrocentos surtos?
Saber, através do Ministério da Saúde, que existem 68 surtos de infeção nas escolas ou saber pela FENPROF, que existiam, a 11 de Novembro, 695 estabelecimentos de ensino com casos de Covid-19 pouco me elucida. O caso mudaria de figura se fossem as escolas as infetadas em vez dos alunos, dos professores ou dos auxiliares. Não se trata, porém, de reparar telhados mas de proteger vidas humanas.
Tropecei, imprudentemente, na palavra “surto”. A partir de que quantitativo começa um surto? Recorri ao glossário do Plano Nacional de Preparação e Resposta à Doença por novocoronavírus (COVID-19), de 2020:
“Surto – Ocorrência de um número de casos de uma doença, superior ao que seria considerado expectável, numa determinada população durante um período de tempo bem definido” (https://covid19.min-saude.pt/wp-content/uploads/2020/03/Plano-de-Conting%C3%AAncia-Novo-Coronavirus_Covid-19.pdf).
Estou esclarecido! Quando contam 68 surtos não sei o alcance. O que gostaria de saber era uma estatística simples e escorreita. Quantos alunos foram infetados com a Covid-19 desde o início das aulas até à presente data? Qual é a curva da evolução das infeções? Qual é a percentagem na respetiva população? E os professores? E os auxiliares?Trata-se de vidas humanas, independentemente de qualquer agregação.
Assim embalados, estes números suscitam suspeitas. Mas estou convicto de que não existe motivo para suspeição. Apenas opções estatísticas! . Aguardava, há uns dias, publicação oficial sobre a Covid-19 nas escolas. Essa informação acabou por ser facultada. Fiquei a saber um pouco mais que nada.
Descubra as diferenças

O mundo e o seu mistério nunca se refazem, não existe modelo que baste copiar (René Magritte).
Saiu um anúncio com a assinatura de Dan Brown: No Less Lethal, da Rubber Bullets. Balas perfuram e destroem vários objetos. Praticamente o mesmo perfil que um anúncio de 2007: Stop the bullet Kill the gun, da Choice FM. Descubra as diferenças.