A um morto nada se recusa
Este anúncio é extraordinário. Não tanto por ser promovido por uma agência funerária, mas porque é criativo, ousado, raro. Não releva de um grotesco vulgar. Inspira-se no poema Fim, de Mário de Sá-Carneiro. Original, comporta um tipo de humor que não abunda em Portugal. Uma amiga enviou-me, em boa hora, este anúncio. Na minha infância, um primo, então estudante em medicina, não se cansava de repetir este poema. Cheguei a um ponto da travessia em que a vida segue com excesso de memória, como uma nova Roma onde todos os caminhos vão parar! Em contrapartida, a torneira da vontade, pouco a pouco, tende a encravar. Memória atrai memória: os Trovante musicaram, em cadência lenta, este poema. “Quando eu morrer batam em latas / Rompam aos saltos e aos pinotes / Façam estalar no ar chicotes / Chamem palhaços e acrobatas”. Burros não hão-de faltar!
Marca: Funalcoitão. Tema: A um morto nada se recusa. Agência: BAR. Direcção criativa: Diogo Anahory e José Carlos Bomtempo. Portugal, 2014.
Trovante. Fim. Uma noite só. 1999.
Tags: BAR, enterro, festa, Fim, Mário de Sá-Carneiro, Portugal, Trovante
5 responses to “A um morto nada se recusa”
Trackbacks / Pingbacks
- De rir a chorar | Tendências do imaginário - Fevereiro 23, 2017
- Imaginação e sensibilidade | Tendências do imaginário - Outubro 29, 2017
- Testamento | Tendências do imaginário - Novembro 28, 2020
Leave a ReplyCancel reply
Arquivo
- Setembro 2023
- Agosto 2023
- Julho 2023
- Junho 2023
- Maio 2023
- Abril 2023
- Março 2023
- Fevereiro 2023
- Janeiro 2023
- Dezembro 2022
- Novembro 2022
- Outubro 2022
- Setembro 2022
- Agosto 2022
- Julho 2022
- Junho 2022
- Maio 2022
- Abril 2022
- Março 2022
- Fevereiro 2022
- Janeiro 2022
- Dezembro 2021
- Novembro 2021
- Outubro 2021
- Setembro 2021
- Agosto 2021
- Julho 2021
- Junho 2021
- Maio 2021
- Abril 2021
- Março 2021
- Fevereiro 2021
- Janeiro 2021
- Dezembro 2020
- Novembro 2020
- Outubro 2020
- Setembro 2020
- Agosto 2020
- Julho 2020
- Junho 2020
- Maio 2020
- Abril 2020
- Março 2020
- Fevereiro 2020
- Janeiro 2020
- Dezembro 2019
- Novembro 2019
- Outubro 2019
- Setembro 2019
- Agosto 2019
- Julho 2019
- Junho 2019
- Maio 2019
- Abril 2019
- Março 2019
- Fevereiro 2019
- Janeiro 2019
- Dezembro 2018
- Novembro 2018
- Outubro 2018
- Setembro 2018
- Agosto 2018
- Julho 2018
- Junho 2018
- Maio 2018
- Abril 2018
- Março 2018
- Fevereiro 2018
- Janeiro 2018
- Dezembro 2017
- Novembro 2017
- Outubro 2017
- Setembro 2017
- Agosto 2017
- Julho 2017
- Junho 2017
- Maio 2017
- Abril 2017
- Março 2017
- Fevereiro 2017
- Janeiro 2017
- Dezembro 2016
- Novembro 2016
- Outubro 2016
- Setembro 2016
- Agosto 2016
- Julho 2016
- Junho 2016
- Maio 2016
- Abril 2016
- Março 2016
- Fevereiro 2016
- Janeiro 2016
- Dezembro 2015
- Novembro 2015
- Outubro 2015
- Setembro 2015
- Agosto 2015
- Julho 2015
- Junho 2015
- Maio 2015
- Abril 2015
- Março 2015
- Fevereiro 2015
- Janeiro 2015
- Dezembro 2014
- Novembro 2014
- Outubro 2014
- Setembro 2014
- Agosto 2014
- Julho 2014
- Junho 2014
- Maio 2014
- Abril 2014
- Março 2014
- Fevereiro 2014
- Janeiro 2014
- Dezembro 2013
- Novembro 2013
- Outubro 2013
- Setembro 2013
- Agosto 2013
- Julho 2013
- Junho 2013
- Maio 2013
- Abril 2013
- Março 2013
- Fevereiro 2013
- Janeiro 2013
- Dezembro 2012
- Novembro 2012
- Outubro 2012
- Setembro 2012
- Agosto 2012
- Julho 2012
- Junho 2012
- Maio 2012
- Abril 2012
- Março 2012
- Fevereiro 2012
- Janeiro 2012
- Dezembro 2011
- Novembro 2011
- Outubro 2011
- Setembro 2011
- Agosto 2011
Categorias
- absurdo
- Adolfo Luxúria Canibal
- Alemanha
- Animação
- Arte
- banda desenhada
- Bélgica
- big ad
- Brasil
- bullying
- campanha
- Ciência
- cidadania
- cinema
- comunicação
- Confinamento
- conto
- Covid 19
- Covid-19
- Cultura
- Curta-metragem
- Dança
- Desenho
- Desenhos animados
- desigualdade
- Desporto
- Distância social
- Documentário
- Doutoramento
- ecologia
- economia
- Emigração
- Encontro
- Ensino
- envelhecimento
- Escultura
- Espanha
- Estados Unidos
- Estados-Unidos
- Estética
- estigma
- Etnografia
- exclusão
- Experiência
- Exposição
- exuberância
- família
- festa
- Festival
- Ficção
- Filme
- Filosofia
- Fotografia
- França
- Género
- graffiti
- gravura
- grotesco
- grupo
- História
- Holanda
- horror
- Humor
- Ilustração
- Imagem
- informação
- Internet
- Itália
- japão
- João Martinh
- lazer
- Licenciatura
- Literatura
- Maneirismo
- marketing
- máscara
- Música
- mobilidade
- morte
- Notícias
- Online
- oriente
- performance
- Pintura
- pobreza
- Poesia
- Política
- Portugal
- Postal ilustrado
- poster
- Publicidade
- publididade
- Reino Unido
- Religião
- Saúde Pública
- Sensibilização
- Sociologia
- Surreslismo
- Técnica
- Teatro
- tecnologia
- Televisão
- Texto
- Textp
- turismo
- Uncategorized
- Universidade
- Vídeo
- Vídeo musical
- Vídeojogo
- violência
Nuvem de Tags
Blog Stats
- 1.307.805 hits
A morte com criatividade, torna-se até, mais interessante!
Já não percebo o meu comentário anterior, mas ok. No momento diria, para além de questões culturais, a morte é na verdade um fenómeno que apela aos instintos compulsivos, ele acontecem de modo não racional.Por sua vez, confesso, no espírito da morte, o título que deu ao artigo, diz tudo – “tudo pelo morto”, apesar de na nossa cultura se chorar, e a religião predominante ainda que pregue o contrário, estimula o choro, na minha morte gostaria muito mais que houvesse alegria. E, sim, o chorar e a forte gargalhada, pólos opostos complementam-se.