Tag Archive | Humor

Para uma carreira de sucesso

Dizes-me, esqueço. Ensinas-me, lembro-me. Envolves-me, aprendo (Benjamin Franklin)

Kasiskorn Career. Work Work Work. Dezembro 2022

O anúncio tailandês “Work Work Work”, para a agência de formação e emprego Kasiskorn Career, é uma espécie de versão oriental atual do livro The Way to Wealth, de Benjamin Franklin (1758): contempla alguns conselhos práticos para ter sucesso no trabalho. Com imaginação e humor.

Marca: Kasiskorn Career. Título: Work Work Work. Agência: GREYnJ United. Tailândia, dezembro 2022.

Humor Batráquio. Estupidez e Esperteza

Por Pawell Kuczynski

“Nunca atribuas à malícia o que pode ser explicado pela estupidez humana” (Robert A. Heinlein)

“Nunca subestimes o poder da estupidez” (Robert A. Heinlein)

O perigo espreita, o turista inventa e a seguradora promete. O anúncio Frog, da companhia de seguros argentina Turismocity, confronta-nos, mediante um discurso simples com final inesperado, com uma interrogação: a esperteza enxerta-se na estupidez?

Marca: Turismocity. Título: Frog. Agência: Dhélet VMLY&R. Direção: Andrés Sehinkman & Jonathan Barg. Argentina, 2021.

Há muito que ando tentado a partilhar o ensaio satírico As Leis Fundamentais da Estupidez Humana de Carlo M. Cipolla (1988). Nunca é tarde.

Notável e notório. A formiga e a cigarra, o galo e a galinha

Moledo, domingo. Proporciona-se um mergulho no adubo humano.

Notável é aquilo que é “digno de nota”, “merecedor de consideração e apreço”; notório, o que é notado, “conhecido por um grande número de pessoas”. Pode-se ser notável sem ser notório; e notório, mas não notável. Numa sociedade da imagem, da rede e do artifício, prevalece o notório. Chegados a esta encruzilhada, apetece reequacionar a fábula de La Fontaine: hoje, quem morre de fome não é a cigarra, notória, mas a, a formiga, notável. A cigarra polariza o reconhecimento. Sendo esta a verdade mundana, importa refundar as pragmáticas, as éticas e as teodiceias.

A propósito da cigarra e da formiga, acode-me a relação entre o galo e a galinha, cantada, com inspiração e humor, por Sérgio Godinho.

Sérgio Godinho. O Galo é o Dono dos Ovos. Pano-Cru. 1978. Ao vivo no Centro Cultural de Belém.

Publiquei, em 2011, uma fábula no ComUm, boletim da Universidade do Minho, com o título “Fábula comUM” (contemplada no Tendências do Imaginário com o título “Fábula das formigas sabichonas”). A Universidade tinha a virtude da homeopatia: sabia digerir o “mal”, a adversidade, expondo-se à crítica mordaz e sarcástica. É certo que as farpas se afogavam na gordura académica. Destilada e delirante, a escrita enferma de um vício que não me larga: discorrer sem explicitar o assunto. O leitor que adivinhe e o resto reverbere. O “segredo” remetia para a implementação da política dos rácios alunos/docentes consoante os cursos, depressa extrapolada, abusivamente, para os departamentos. Um veneno que as universidades, em particular a do Minho, devoraram. Este desvio de uma fórmula de financiamento para uma forma de governo desvirtuou o mundo académico, resultando numa legitimação e num reforço dos interesses e privilégios instalados ou em vias de instalação. Uma deformação que, a par do controverso processo de Bolonha, contribuiu estruturalmente para o atual desequilíbrio institucional das universidades portuguesas.

Para aceder à “Fábula das formigas sabichonas”, carregar na imagem seguinte ou no endereço https://tendimag.com/2011/11/13/fabula-das-formigas-sabichonas/

Desequilíbrio fórmico

Fantasma ao volante

Toyota HiLux

Com o dia dos mortos à porta, assombram-nos visões e medos. Como é costume, a publicidade antecipa-se: expandem-se os anúncios macabros. Para a Toyota, os espíritos querem-se ao volante.

Marca: Toyota HiLux. Título: An Unbreakable Connection. Agência: Saatchi & Saatchi (Sydney). Direção: Benji Weinstein. Austrália, setembro 2022.

Humor sexual

Pieter Bruegel the Elder, The Peasant Dance, Detalhe. ca 1567.

Há duas décadas, eram frequentes os anúncios brejeiros com o sexo como ignição ou pano de fundo. Entretanto, o sexo ressignificou-se, mormente na publicidade. Entre outros aspetos, o secreto tornou-se ostensivo e o ostensivo, discreto. Numa das visitas a arquivos antigos, encontrei este exemplar espanhol.

Marca: Somfy. Título: Easy. Agência: Bassat Ogilvy & Mather, Barcelona. Direção: Joan Cruells. Espanha, janeiro 2001.

A Bela Adormecida. À procura de novas versões

LesObservateurs.CH

“Grã-Bretanha: Uma advogada quer proibir a Bela Adormecida porque “o beijo não é consentido”. Feministas e pedagogas suíças apoiam-na” (https://lesobservateurs.ch/2017/11/29/grande-bretagne-une-avocate-veut-interdire-la-belle-au-bois-dormant-car-le-baiser-nest-pas-consenti-des-feministes-et-pedagogues-suisses-la-soutiennent/).

Por que não substituir o macho pela máquina?

Renault Mégane. Prinzessin Loren. Alemanha. Antes 2010.

Raiva

“Todos os meus tormentos cingem-se a uma passagem – Do medo à esperança, da esperança à raiva” (Jean Racine, Bérénice, 1670).

Tive a sorte de ter excelentes companheiros nos quartos do Hospital. O último lamentava-se e chorava com frequência. Ao aparar a relva, uma pedra vazou-lhe um olho: – Meu Deus, MeuDeus, o que me foi acontecer. Que vai ser dos meus dois filhinhos? Valha-me Deus! Interrompi-o, com aquele jeito blasfemo: – Deus anda a fumar haxixe! (charutos, diria Serge Gainsbourg). Saiu assim: nu, bruto e abrupto. E as lágrimas cederam ao riso.

Cintila uma raiva daninha no meu olhar embaciado. Brota das entranhas. Manifesta-se de duvidosa utilidade.

Armaggedon. Buzzard. Armaggedon. 1975
Serge Gainsbourg. Dieu est un fumeur de havane. Com Catherine Deneuve. 1980.

O bombeiro, as pilhas e o cigarro

O meu rapaz mais novo enviou-me o anúncio japonês Fireman, um anúncio raro, original, simples e bem-humorado. Uma delícia! Degrau a degrau, o bombeiro não desiste e o cigarro não escapa. Um anúncio à minha cara, uma prenda à sua maneira e um riso refrescante para quem passar por aqui.

National Batteries, Snake Eater. Fireman, Japão, 1984.

Modernidade avançada

Falso documentário. Russian cyberpunk farm.

O Daniel Noversa enviou-me este vídeo. Um expoente de humor aberrante. A ciência e a cultura  transformam-se numa distopia delirante. O fabuloso tem precursores: os romances de François Rabelais, As Viagens de Gulliver, de Jonhatan Swift, a Quinta dos Animais, de George Orwell, e o absurdo Pays Sages, de Rafael Pividal. Gosto do tema e do modo. Há momentos em que parece que a vida se enganou na encruzilhada. Um excesso sôfrego de verdades e soluções. A enciclopédia do disparate. A sequência em que a robot leiteira evita o agricultor para se encostar ao trator é uma delícia. Fiquei sem fôlego literário. O Álvaro Domingues tem descoberto, no mundo fotografável, cotejos insólitos semelhantes. É ele que deve comentar esta espécie de documentário fictício.

Russian Cyberpunk Farm. Falso documentário.

Humor a sério

O anúncio britânico Audition, do NHS (National Health Service), revela inteligência, humor e, pressupõe-se, eficácia. Está em causa a mobilização para a vacina contra a Covid-19. O anúncio recorre a dois embaixadores, sir Elton John e sir Michael Caine, ambos com sentido de autocrítica.

Anunciante: NHS. Título: Audition. Reino Unido, fevereiro 2021.

Elton John participou no filme Tommy (1975), dos The Who, realizado por Ken Russell. Juntam-se duas extravagâncias: Elton John e Ken Russell. Segue um excerto do filme.

Elton John. Pinball Wizard. The Who. Tommy. Ken Russell. 1975.