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Serão dos Medos (Fotografias)

À Júlia que ousou abrir a porta para um mundo assombroso

Já aludi ao ambiente, ao público e à dinâmica da última edição dos Serões dos Medos. Falta relevar a caraterística mais notável: a originalidade da quinzena de testemunhos partilhados. Nenhum foi estereotipado ou obedeceu a padrões rebatidos. Todas as intervenções foram pessoais e com narrativas únicas. O meu repositório do imaginário sobrenatural resultou substantivamente enriquecido. Acontece-me numa suposta prestação receber mais do que dou. Promovi e participei em muitos tipos de encontros. O Serão dos Medos afirma-se diferente. Pela vocação, pelo público, pelo envolvimento e pelo alcance. Sensibiliza-me, em particular, o sentimento de proximidade. Não estou perante uma massa indistinta mas com pessoas conhecidas, que dizem muito. Nunca é tarde para regressar e refrescar!

Premonição

O Serão dos Medos, dedicado aos prenúncios de morte, já lá vai. O ano passado, “a casa encheu”. Nesta sexta, a assistência duplicou. Permanecemos, aliás, no auditório. Na “cozinha” não cabíamos. Numa atmosfera de confiança, partilha e participação, testemunho após testemunho, cresceu o fascínio, o interesse e a dúvida. A estranheza e a familiaridade deram as mãos perante casos “difíceis de entender”. Proporcionou-se a maioria dos participantes residir nas freguesias da ribeira. Todas as terras possuem tradição e cultura.

Costumo preceder as conversas com um pequeno vídeo. Para este serão, optei por Premonition, uma curta-metragem, de dezembro de 2022,  associada à saga da Guerra das Estrelas. Um desvio pelo futuro antes do foco no passado.

Star Wars: Premonition, de Max Jordan. 2022

Serão e Noite dos Medos em Melgaço – 20 e 28 de outubro

No mês de outubro, em Melgaço, a noite é dos medos. Na próxima sexta, dia 20, ocorre uma nova sessão, a segunda, dos Serões dos Medos, numa cozinha antiga de uma casa incrível mas acolhedora de que sou uma espécie de anfitrião. No sábado, dia 28, será a noite propriamente dita dos medos: uma dramatização coletiva fabulosa pelas ruas e no castelo. É de aproveitar, que só acontece uma vez por ano, num tempo de comunhão entre mortos e vivos. Para ver o programa, carregar na imagem do cartaz ou no seguinte link: https://www.cm-melgaco.pt/noite-dos-medos/.

A principal referência de comunhão entre os vivos e os mortos é a celebração mexicana da Santa Muerte e do Día de Muertos, em que os falecidos regressam para visitar os familiares e os amigos vivos. Entre as muitas canções relacionadas, selecionei três , todas de 2022, para pré-aquecimento das noites de Melgaço: La Bruja, La Martiniana; e La Sandunga.

Rosy Arango. La Bruja. México Inmortal. 2022
Tempus Quartet. La Martiniana. Canción de día de muertos. 2022
Tempus Quartet. La Sandunga. Música de día de muertos. 2022

Telegrama

Telegrama para o John, distante no Canadá. Guitarra com guitarra… Obsessed In Search of Lost Time.

Com João Gigante, Álvaro Domingues e Daniel Maciel no lançamento do livro Quem somos os que aqui estamos – Castro Laboreiro e Lamas de Mouro, durante o MDOC (Melgaço International Documentary Film Festival), 31 de julho de 2023

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Jacob Gurevitsch. Obsessed. Lovers in Paris. 2015
Jacob Gurevitsch. In Search of Lost Time. In Search of Lost Time. 2019
Jacob Gurevitsch. Lovers in Paris. Lovers in Paris. 2015

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John Ferreira. Solo da Música Em Todo o Tempo

Emilio Cao. A voz e a harpa

A harpa integra os instrumentos da música dita celta. Encontramo-la na Galiza, na Bretanha, na Cornualha, no País de Gales, na Irlanda e na Escócia. Curiosamente, não aparece como característica do Minho, apesar das raízes celtas. Cada um destes territórios possui harpistas célebres, por exemplo, o bretão Alan Stivell, o irlandês Derek Bell (dos Chieftains), a escocesa Phamie Gow, a galesa Catrin Finch ou o galego Emilio Cao.

“Emilio Cao (Santiago de Compostela, 1953) es un músico, compositor y cantautor de música folk y tradicional gallega. Destacado intérprete de arpa celta y recuperador de este instrumento medieval en Galicia” (https://es.wikipedia.org/wiki/Emilio_Cao).

Atuou, com o português Fausto, nos Encontros Culturais I de Castro Laboreiro, em 1986, a 15 de agosto, dia da feira do gado e do concurso do cão de Castro Laboreiro. Contemplando vários eventos associados a tradições locais, tratou-se de uma iniciativa, ousada, protagonizada por um grupo de jovens. Repete-se  uma tendência: o empenho dos filhos e dos netos na valorização e na revitalização do património, dos usos e costumes, dos avós e dos pais.

Seguem quatro canções de Emilio Cao.

Emilio Cao. Baixaron As Fadiñas. Fonte do Araño. 1977
Emilio Cao. “E o tempo fiando un pano”. A Lenda da Pedra do Destiño. 1978
Emilio Cao. Ela Ergueu As Dúas Mans Ao Vento. “No Manto da Auga”. 1982
Emilio Cao. Chuvia nos Vidrios. Sinbad en Galicia. 1992

Tempo para tudo

Ter todo o tempo do mundo pode ser bom!

Rui Veloso. Todo o tempo do mundo. Avenidas. 1998

Ter tempo para tudo talvez não seja pior! Até para tentar tempos alheios. Se os Slow Show lembram Roger Waters, os Elbow lembram Peter Gabriel.

Elbow. Starlings. The Seldom Seen Kid. 2008
Elbow. Grounds for Divorce. The Seldom Seen Kid. 2008. Live at British Summer Time in Hyde Park, London on 8th July 2017
Elbow. One Day Like This. The Seldom Seen Kid. 2008. Live at British Summer Time in Hyde Park, London on 8th July 2017

Neil Young. Old Man

Mais música, outro “dinossauro”: Neil Young. Resulta estimulante vê-lo a interpretar “Ohio”, com 73 anos, no concerto Farm Aid de 2018. Não menos impressionante a performance a solo, sem qualquer acompanhamento, oito anos antes, no Farm Aid de 2010. Para concluir, um recuo a 1971: “Old man”, ao vivo na BBC, com 26 anos.

Neil Young. Ohio. 1984. Solo Trans. Ao vivo no Farm Aid 2018
Neil Young. Ohio. Solo Trans. 1984. Ao vivo no Farm Aid 2010
Neil Young. Old man. Harvest. 1972. Ao vivo na BBC, em 1971

Pequeno desvio

Kishi Bashi

Descobre-se o que não se espera quando e onde menos se espera. Deparei com a música do cantor, instrumentalista e compositor norte-americano Kishi Bashi numa curta-metragem (these little moments matter: https://vimeo.com/369736156). E gostei. Lembra alguns artistas preferidos. Partilho três músicas, duas interpretadas com o Nu Deco Ensemble: I Am the Antichrist to You; Violin Tsunami; e Atticus in The Desert.

Kishi Bashi. I Am the Antichrist to You. 151a. 2011. Interpretado com o Nu Deco Ensemble. New World Center, Miami Beach, FL. 2020.
Kishi Bashi. Violin Tsunami. Omoiyari. 2019. Vídeo oficial.
Kishi Bashi. Atticus in The Desert. 151a. 2011. Interpretado com o Nu Deco Ensemble. Light Box in Miami, FL. 2017.

Programa da Noite dos Medos em Melgaço

La peur est la soeur de l’imagination / O medo é o irmão da imaginação (Roseline Cardinal).

Junto o programa da Noite dos Medos, em Melgaço que inicia as “atividades complementares” no dia 15 de outubro e culmina na noite do dia 29 de outubro.

(En)canto

Há quem não aprecie os Pink Floyd, embora o grupo tenha passado por fases e criado canções para quase todos os gostos. No que me respeita, representam uma banda presente em momentos marcantes, inaugurais. Juntos pela última vez durante o Live 8, no Hyde Park, em 2005, abriram o pequeno concerto com Speak to me / Breath. Um (en)canto biográfico.

Pink Floyd. Speak To Me / Breathe. Dark Side of the Moon, 1973. Ao vivo: Live 8. Hyde Park. Julho 2005.