Prazer submerso

Descabidos, ranhosos, mesquinhos. Uma cacofonia de palpites desconexos. O génio de prever o passado. É o novo maná.
O “desvio à norma” é uma tradição na publicidade, por exemplo em termos de etnicidade, género e ou estética. O anúncio Enjoy the silence, da H&M, convoca uma mulher, que se regera num mar de silêncio. Um caso notável de estetização.
Música e publicidade

É habitual a música integrar a banda sonora dos anúncios publicitários e, embora menos, o próprio conteúdo. Por vezes, é acompanhada por dança. Música e dança, a que propósito? Neste caso, para promover peças de joalharia, as georgettes.
Johnny Hallyday

Johnny Hallyday faleceu em 2017, com 74 anos. No ano anterior, interpreta, ao vivo, a canção Comme je t’aime. Gosto de menos e gosto demais de Johnny Hallyday. Uma figura excessiva no palco e na vida. Na exposição Vertigens do Barroco (Tibães, 2007), ao montar a instalação Anjos (ver imagem), ocorreu-me Johnny Hallyday, rebelde dos anos sessenta.
Imaginação maneirista




Galeria: Obras de René Magritte
Costumo pensar para mim. Evito pensar para os outros. Quando muito, nos outros. A minha epistemologia é umbilical. Gosto de pensar realidades que não são realidades. “À maneira”. O anúncio Looks Like Guinness, da Guinness, é um exercício de “estética alimentar”. Figuras “a branco e negro” repetem-se como uma série de Andy Warhol. Lembram-me, sobretudo, René Magritte. Descortinar a pintura de René Magritte num anúncio a uma cerveja requer imaginação, a imaginação de um maneirista.
Nó

“E deixar-me devorar pelos sentidos
E rasgar-me do mais fundo que há em mim
Emaranhar-me no mundo
E morrer por ser preciso
Nunca por chegar ao fim
(Mafalda Veiga).
Tenho um nó na palavra. Para escrever cinco letras, preciso de uma dúzia de teclas. Chama-se a isto tremura de mãos e gaguez digital. Desfasada do pensamento, a escrita não discorre, tropeça. Encolhe como o caracol. Gosto da Mafalda Veiga
Pornografia alimentar

Bocadas, umas grotescas, outras delicadas. Um prazer glutão ao ritmo do hino da alegria. Quase uma orgia num autocarro. Um banquete rodoviário. A gula em movimento.
Pilhas de salvação

Vi um gaio a atacar um melro, junto à cerejeira. A sete metros. A lei da vida. Há quem diga que, com a pandemia, a natureza se aproximou.
Há anúncios felizes. Revived, da Duracell, cativa a atenção durante cerca de cinco minutos. Conta a história, inspirada, sensível e bizarra, de uma criança que nasceu com um cordão nas costas, ficando dependente do único e inseparável amigo que lhe dá corda. Um dia o cordão solta-se. As pilhas Duracell são a salvação. Não há falha humana que a tecnologia não resolva.
Outras sexualidades

Na publicidade, o sexo anda armadilhado. Já teve outras cores, outro protagonismo. Alguém se lembra da Playboy? A sexualidade escorre para as margens. Para outras sexualidades. O que significa esta nova forma de libertação da sexualidade?
Música japonesa

O efeito de uma canção varia consoante a língua. Não obstante o predomínio atual da língua inglesa, continuo a preferir o italiano mesmo quando, passe o humor duvidoso, é cantado a boca fechada pelos alunos da Universidade do Minho (vídeo 2).
Nipófilo, o meu rapaz mais novo envia-me esta canção japonesa: Usseewa, da Ado. Singular a música e singular a voz (vídeo 1).