Existir demais
Quando nos escondemos, existimos de menos ou existimos demais? Quando precisamos dos outros, estamos mais sós? E se tu não existisses, teria de te inventar?
Acima do céu
A vida é um percurso pautado pela vocação:
“Eu sempre soube que queria ser arquiteta. Aos doze anos comecei a desenhar planos de casas”.
A vida é uma ascensão piramidal, com plataformas de lançamento. Uma odisseia individual. Uma provação qualificadora.
“Saí de Espanha pela primeira vez aos dezassete anos. Sair de Santiago de Compostela para o Norte de Inglaterra foi um grande choque cultural. Comecei a minha carreira em Manchester e consolidei-me em Londres durante dez anos (…) O maior desafio foi a mudança para Nova Iorque (…): fui para a grande maçã. Um momento de loucura, mas também um momento de determinação absoluta, perseverante, obsessiva (…).
Acima do céu, mora o sucesso merecido. O êxito. A consagração. A febre do chamamento.
“Três anos mais tarde, era vice-presidente de uma companhia de promoção imobiliária de grande talento e já tinha construído o meu primeiro edifício em Brooklyn (…) Dois anos depois montei a minha própria empresa”.
Qual é o etos desta arte do bom sucesso? Aproxima-se da ética protestante (Max Weber). Um modo de estar num mundo global teimosamente moderno.
“Não acredito nas casualidades. Creio na determinação, na perseverança, no esforço. O talento é apenas um veículo em que nos transportamos. O combustível”.
Berta Willisch, arquiteta reputada, está, sempre esteve, em estado de graça. Estado que soube aproveitar. Sempre a mesma Berta Willisch, do berço ao topo.
Música rara
Num tempo em que nem Santa Senhorinha consegue calar as rãs, segue uma versão rara de uma música rara: a Berceuse, do finlandês Armas Järnefelt (1869-1958), com interpretação de Risto Vuolanne (contrabaixo).
Embalagens
Este anúncio da Fedex convoca o cantor Willie Nelson, bem como o realizador Noam Murro. À balada Always in my mind, da banda sonora do anúncio, acrescento a música Crazy, ambas de Willie Nelson.
A televisão
La télévision n’est pas le reflet de ceux qui la font, mais de ceux qui la regardent.
(Françoise Giroud).
A televisão é uma tempestade de críticas e apelos. Desde a testemunha ocasional até ao político consagrado. Pede-se, com egoísmo assumido, sem eufemismo. Pedir é uma tradição, reparadora da pessoa e dos laços sociais. O segredo é criticar mais do que melhorar. Corrigir o mundo à sua imagem. A televisão é uma ilusão enganadora? A televisão não captura nem engana, mostra!
O bombeiro, as pilhas e o cigarro
O meu rapaz mais novo enviou-me o anúncio japonês Fireman, um anúncio raro, original, simples e bem-humorado. Uma delícia! Degrau a degrau, o bombeiro não desiste e o cigarro não escapa. Um anúncio à minha cara, uma prenda à sua maneira e um riso refrescante para quem passar por aqui.
Desconfinamento, libertação e sexo
Vários anúncios, centrados na sensação de libertação, podiam ilustrar o início do desconfinamento. O anúncio For when it’s time, da Extra Gum, incide, contudo, sobre o próprio movimento de desconfinamento: corpos, fluxos e, sobretudo, sexo. Um amor militante e multicolorido à moda dos anos sessenta. Depois da separação, o amor. Sea, Sex And Sun.