Ésquilo, o abutre e a tartaruga


Ando absorvido, acelerado e fragmentado. Excessivo na recuperação do tempo perdido, sinto-me a ultrapassar o ponto previsto pelo princípio de Peter. Quinta, 15, entrevista aos Porto Canal sobre os Farrangalheiros de Castro Laboreiro; sábado, 18, a conferência “Vestir os Nus”, no Museu D. Diogo de Sousa; ontem, 24, arguição da dissertação, excelente, de Sílvio Messias dedicada à figura do palhaço; hoje e amanhã, últimos retoques no capítulo “Castro Laboreiro: Acessibilidade e migrações até aos anos 1930”; na próxima semana, duas atividades previstas no âmbito do Fórum Cidadania: Pela Erradicação da Pobreza (BRAGA) de que sou membro; na quinta, 2 de março, gravação de entrevista sobre o nu na sociedade atual para o programa da A Voz do Cidadão, da RTP, a emitir sábado, 4 de março, às 14 horas; no sábado, de manhã, às 10 horas, aula “A arte do restauro: Alcance e dilemas”, no mosteiro de Tibães (ver programa anexo).

Mais tartarugas me vão cair, certamente, na cabeça. Poucas folgas para o Tendências do Imaginário e o Margens. A agenda lembra demasiado o ritmo e as variações de algumas composições espanholas. Sem a formosura das intérpretes Ana Vidovic e Alexandra Whittingham. Não me resta outra solução senão abrandar e fazer escolhas. Como se costuma dizer, já não tenho estofo nem pedalada para tanto.
A propósito da “queda de tartarugas na careca”, Jean-Martin Rabot, uma autêntica enciclopédia dos óbitos de celebridades, relata este derradeiro episódio de Ésquilo, completamente calvo, na ilha da Sicília.
Algumas aves quando pretendem quebrar um objeto duro, agarram-no, sobem alto e deixam-no cair. Um abutre pegou uma tartaruga e lançou-a contra o que lhe pareceu uma pedra a brilhar no solo. Era a cabeça de Ésquilo que caiu fulminado.
