A caridade espetáculo
“Quem trata bem os pobres empresta ao Senhor, e ele o recompensará” (Bíblia, Provérbios 19.17).
Este anúncio do World Development Movement lembra, perversamente, o reverso da cupidez: a caridade. Entramos na era da caridade espectáculo? A caridade espectáculo é milenar. Há muito, muito tempo já havia bailes e cortejos de caridade. Entramos quando muito na ubiquidade e na ostentação em larga escala da caridade. A caridade mitiga o necessitado e engrandece o benemérito. Lustra a reputação e consolida o poder. É um valor acrescentado, neste e no outro mundo. Ressalve-se, contudo, que este retorno requer visibilidade. A comunicação social parece interessada.
Em vez de caridade, por que não solidariedade? Naturalmente, mas a palavra solidariedade implica envolvimento, responsabilização, compromisso e conexão, dimensões que a palavra caridade nem sempre contempla. A caridade, por sua vez, comporta outras vertentes como, por exemplo, a religião. Mas nem sempre é fácil distingui-las.
Carregar na imagem para aceder ao anúncio.

Quino. Gente en su sitio 1979 / Anunciante. World Development Movement. título: Banquier et Dette du Tiers Monde. Reino Unido, 1995.
Bem haja o meu Professor, Cá está tema para uma grande palestra, sobre a qual já tive discussões acesas, e quer a meu pai quer a mim, rotulam-nos de ingratos. È cupidez sim, para receber, ou para ser reconhecido.