Embalar a felicidade
Houve tempos em que se criava aquilo que se dava. Com a prenda, ia parte da pessoa. Eram “boas obras”! Hoje, compra-se o que se dá. Vendemo-nos embalados. Em vez de boas obras, temos boas mercadorias. “A felicidade não se compra”, mas vende-se! O pai queria criar uma prenda pessoalizada. Estamos na ordem do desejo. O pai acaba por comprar uma Play Station 4. Cedeu ao princípio de realidade. Este anúncio é ousado. O sonho da dádiva pessoalizada resiste e há muito quem suspeite da massificação pela mercadoria. Talvez a Play Station 4 esteja para além do desejo e da realidade.
Marca: Otto. Título: Handmade. Agência: Heimat, Berlin. Direcção: The Perlorian Brothers. Alemanha, 2014.
A sociedade de consumo embalou os sentimentos.
me deu um sentimento de perda de algo tão profundo. E pra mim uma metáfora de ser pai-mãe. A tentativa de realizar um desejo do filho, frustrada por nossas limitações, se rende a entregar algo que o mundo impôs como desejo de consumo. Nunca saberemos, como pais, se o sorriso da criança não seria mais lindo se recebesse o navio, ainda que precário.