A fantasia é uma arma

hermes christmas

A fantasia é fantástica. E tem efeitos reais. Como diria William I. Thomas: porventura falsa nos seus pressupostos, pode ser verdadeira nas suas consequências. Lembra um cartoon em que um grupo de estrangeiros tenta convencer os indígenas que a sua religião é mera fantasia. Os indígenas vão buscar os seus enormes totens e arremessam-nos aos estrangeiros. O efeito manifestou-se pesadamente real. Apetece parafrasear, abusivamente, A Cantiga É Uma Arma (1975), do Grupo de Acção Cultural – Vozes da Luta (CAC):

“A fantasia é uma arma
eu não sabia
tudo depende da bala
e da pontaria
tudo depende da raiva
e da alegria
a fantasia é uma arma
de pontaria…”

Colocar uma par de chifres para voar à frente do trenó do Pai Natal é uma fantasia deveras original, numa época alta de compra de perfumes, cosméticos, chocolates, espumantes e relógios. Cabe a honra ao anúncio A Little Holiday Magic!, da Hermès.

Marca: Hermès. Título: A Little Holiday Magic. França, Dezembro 2014.

Uma vez que misturar géneros dá saúde e faz crescer, um último apontamento. A fantasia foi uma atracção particularmente prezada nas cortes. Grandes escultores e pintores dedicaram-se a congeminar carros alegóricos, triunfos, máscaras, indumentárias, efeitos de luzes e fogos de artifício. Vem a propósito a Fantasia para um Gentil Homem (1954), de Joaquín Rodrigo. Na edição, em vinil, da Deutsche Grammophon, com interpretação de Narciso Yepes, aparece como o lado B do Concerto de Aranjuez. Segue a primeira parte: Villano y Ricercare (Adagietto – Andante moderato):

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One response to “A fantasia é uma arma”

  1. Beatriz Martins says :

    Mas que bela arma a fantasia!

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