A participação da mulher nos Farrangalheiros de Castro Laboreiro
Brilhantes, os meus colegas publicam em revistas com revisão por pares e fatores de impacto. Preguiçoso, vou vertendo o que escrevo neste blogue. Alimento a ilusão que talvez alcance mais leitores.

Há mais de dois anos que não arrisco uma comunicação em público. O Congresso Internacional Festas, Culturas e Comunidades: Património e Sustentabilidade (Braga, 4-5-6 Maio de 2022) foi uma tentação a que não resisti. A investigação em curso dedicada aos Farrangalheiros, uma tradição carnavalesca de Castro Laboreiro, foi um pretexto. Estava um pouco inseguro pela falta de treino. Ademais, trata-se de uma autoria partilhada, com o Daniel Maciel e a Margarida Codesso, formato que não sou vezeiro. Para partilhar a minha parte, passeia-a escrito.
Por princípio, nunca escrevo uma comunicação antes de a proferir. Receio que o fantasma do texto me tolha a fluência e a espontaneidade, ingredientes do discurso que muito prezo. Felizmente, depressa ignorei o texto e acabei por ultrapassar, para inquietação da moderadora, a escassa dúzia de minutos que me estava reservada. Incontinente verbal, como de costume.
Bem organizado, o Congresso versa sobre um tema oportuno. Não obstante, estranhei a quase ausência de público no auditório. Um punhado de gente, que não compensa o esforço de subir a um estrado arquitetado com barreiras. Pode-se atribuir o vazio à pandemia. De facto, a tendência vem-se acentuando há muito mais tempo. O declínio da interação presencial representa mais uma perda axial do mundo da cultura. Talvez tenha chegado a urgência de reagir.
Antes de acrescentar o rascunho da comunicação, um reparo prévio. A investigação ainda se encontra numa fase inicial. São muitas as inconsistências e as falhas de informação. A ossatura é demasiado tosca, oca e mole. E, sobretudo, passível de emenda, especialmente os nomes e as designações. Motivo reforçado para a expor à crítica alheia.
Em Janeiro de 2021, foi publicado no Tendências do Imaginário, um artigo, com outro teor, dedicado ao tema dos Farrangalheiros de Castro Laboreiro. Pode aceder a partir da seguinte ligação: https://wordpress.com/post/tendimag.com/48685.
A participação da mulher nos Farrangalheiros de Castro Laboreiro Autores: Albertino Gonçalves / Daniel Maciel / Margarida Codesso Melgaço é um concelho que adquiriu, no último meio século, uma rara notoriedade. A autarquia e a sociedade civil não desperdiçam uma oportunidade, tornando a mais ínfima potencialidade num trunfo apreciável. Parece que se inspiram na fábula da ferradura e das cerejas. Acontece com o património histórico, paisagístico e cultural, com o desporto na natureza, a gastronomia, o alvarinho e o fumeiro. Ainda recentemente, de um paralelepípedo granítico, o marco nº 1 da fronteira portuguesa, nasceu um recanto místico; e um apertado rio apressado, o Laboreiro, ascendeu a santuário europeu para a prática do Kayak e do Canyoning. Nesta lógica de valorização do património cultural endógeno, deu-se início em 2017 ao estudo e revitalização das práticas de entrudo. Um dos focos incide na tradição dos Farrangalheiros de Castro Laboreiro, uma festividade carnavalesca do tempo dos bisavós, entretanto abandonada e agora em vias de ser retomada. Na primeira metade do século XX, Castro Laboreiro era um território de montanha, com uma extensa linha de fronteira com a Galiza e extremamente pobre. Testemunham-no, por exemplo, Leite Vasconcelos, Rocha Peixoto e Miguel Torga. A maioria da população mudava de residência: passava o inverno, no vale, nas inverneiras, e o verão, no planalto, nas brandas. Os homens migravam cerca de seis meses, partindo no outono para a Espanha, o Douro ou as Beiras, sobretudo como pedreiros, regressando na primavera. Durante o inverno, a população de Castro Laboreiro era composta quase exclusivamente por mulheres. Homens, muito poucos, sobretudo velhos e crianças. A economia assentava na agricultura, reduzida praticamente à batata e ao centeio, na pecuária, mormente no pastoreio, no comércio local e transfronteiriço, no contrabando e nas migrações. Pouco antes da deslocação para as brandas, festejava-se o “Entroido“. Nalguns lugares, o Entroido incluía a figura dos farrangalheiros, com as mulheres a assumir, em trajo próprio, o protagonismo, protagonismo este que, embora propiciado pela ausência dos homens, se oferece como uma característica marcante e específica. Habitualmente, na vizinha Galiza ou em Trás-os-Montes, o destaque carnavalesco recai sobre os homens, principalmente jovens. Não se trata, é certo, de um caso único, existem outros exemplos noutros horizontes. Representa, contudo, um caso bastante interessante e raro. Em que consiste o Entroido dos farrangalheiros em Castro Laboreiro? Dois ou três lugares contíguos juntavam-se, desdobrando-se a freguesia por vários grupos, que competiam e rivalizavam entre si. Durante o dia, de sábado a terça, esfarrapados e farrangalheiros, assim se chamavam as mulheres trajadas, desfilavam pela freguesia e concentravam-se num ou noutro local, normalmente, numa eira. Havia várias categorias de atores. Em primeiro lugar, os esfarrapados, homens ou mulheres travestidas (o único momento em que vestiam calças). Os esfarrapados andavam de lugar em lugar, de caminho em caminho, de eira em eira. Apareciam inesperadamente, provocavam a desordem e a confusão, “faziam coisas estúpidas”, no dizer das informantes. Achocalhavam, multiplicavam as provocações de gracejo. Vestidos com roupas velhas, esfarrapadas, daí o nome, cobriam o rosto com máscaras ou panos com orifícios. Tão cedo apareciam como desapareciam, a lembrar tempestades de verão. Mulheres, trajadas a preceito, eventualmente acompanhadas por animais, compunham a segunda categoria, porventura a mais emblemática: os farrangalheiros. Com um garruço, um pano bordado a tapar o rosto, blusa, lenços, piúcas, socos… e um saiote vermelho, peça quotidiana de roupa interior, usada entre a saia branca de linho ou a combinação e a saia preta. Que mulheres? Como não é de estranhar, apenas as solteiras, mas, segundo alguns testemunhos, o uso do traje e a participação no Entroido podiam estender-se, em condições semelhantes, às mulheres casadas que, cito, “tinham o homem no eido”. Ou seja, as mulheres cujo marido estava presente. O que não deixa de fazer sentido. Excluem-se apenas as mulheres simbolicamente “assexuadas”, as viúvas, nomeadamente, de vivos, tradicionalmente obrigadas a uma espécie de “clausura” ou “mortificação do sexo”, figuras praticamente intocáveis na cultura castreja. A mulher em Castro Laboreiro é digna do maior respeito, sobriedade e discrição. Por exemplo, durante um baile, o homem que quer pedir namoro a uma mulher limitava-se a dar-lhe um aperto na mão. Ofender uma mulher é um ato grave. Mesmo durante Entroido, o trato com as mulheres tem limites! Para além dos esfarrapados e dos farrangalheiros, participam também no Entroido os velhos e as crianças. Uma última figura é incontornável: o tocador de concertina. De sábado a terça, de dia e de noite, sempre a convidar para o baile. A concertina é o instrumento emblemático dos castrejos. Já, por exemplo, na freguesia vizinha de Parada do Monte o instrumento eleito é a gaita, ao jeito celta e galego. O protagonismo da mulher reflete-se nos rituais e na semiótica dos festejos. O uterino tende a sobrepor-se ao fálico. A pancada do chocalho cede perante o banho de água provocado pela batida da vara, de conduzir o gado, na corga que passa pela eira. E, numa espécie de inversão do rapto das sabinas, são as mulheres que arrastam os velhos para uma folia no centro do baile. O Entroido culmina com a queima de um boneco de palha andrajoso, num local visível de longe, para ofuscar as gentes de outros lugares. Uma catarse purificadora, uma despedida, com fogueira, cânticos, gritos e bombas lançadas pelas crianças. Uma despedida cíclica do desespero e da miséria do inverno. O velho é, assim, esconjurado, afastado por um tempo, com exéquias, danças, exorcismos e estrondos. Um último apontamento acerca do saiote vermelho. Mais do que de um cocktail, trata-se de um shot simbólico. Antes de mais, pela localização. Situa-se no baixo corporal, próximo das entranhas, dos genitais e da terra. Traduz um movimento de rebaixamento e regeneração típico do carnaval. Por outro lado, trata-se de vestuário íntimo. Exterioriza-se o interior, numa emergência do oculto e do contido igualmente típica da dinâmica carnavalesca. Confrontamo-nos, deste modo, com uma dupla inversão: de cima para baixo e de dentro para fora. Por seu turno, a cor do saiote é vermelha. Não será por acaso. O vermelho é solar, é colorido, festivo, símbolo de princípio de vida, de desejo, de sangue, de menstruação, de fecundidade, de fertilidade e esperança. O carnaval é a festa por excelência da regeneração e da fecundidade, da antecipação da abundância, da esperança e da utopia. Mas a cor vermelha não deixa de ser ambivalente. Para além de solar, insinua-se como lunar: significa o interdito, o perigo, o fruto proibido. Na realidade, o carnaval aposta na transgressão de barreiras e fronteiras, no excesso e na exorbitância. A adesão ao ressurgimento dos Farrangalheiros tem-se revelado entusiástica e até, diremos, enternecedora. Mas já não são apenas as solteiras e as “mulheres com homens no eido” que participam. Predominam, como diriam os espanhóis, as “maiores”, rejuvenescidas. Testemunha-o a seguinte galeria de imagens. |
Galeria de imagens

















Congresso Internacional Festas, Culturas e Comunidades: Património e Sustentabilidade. Braga, 4 de Maio de 2022.
Publicidade simpática

Escrevi pelo menos sete artigos dedicados à estratégia publicitária da Dove (para aceder aos artigos, carregar no título):
- A beleza que toca o coração
- A mulher real
- Beleza real
- Devagar, que quero amar
- A beleza da coragem
- Estética de género
- A beleza como obrigação.
Outras tantas vezes fiquei com a sensação de que restava ainda muito para interpretar. O anúncio Real Soaps permite acrescentar um novo comentário.
As marcas aspiram a que os potenciais consumidores se identifiquem com elas, que se revejam nos seus produtos. No anúncio Real Soaps, da Dove, a projeção resulta invertida. É a marca, Dove, que se identifica com os consumidores, ousando convocar a sua imperfeição. A Dove compraz-se a evidenciar os nossos mais ínfimos e íntimos defeitos reconhecendo-se, manifestamente, neles. Não somos convidados a identificar-nos com a marca, é a marca que se identifica connosco. Tanto é assim que os seus próprios sabonetes se querem com defeitos, assumindo-se tão imperfeitos quanto nós. A Dove não procura que nos identifiquemos imediata e diretamente com a marca; espera que apreciemos a sua identificação connosco. Trata-se de uma identificação desviada e dinâmica. O que conta não é o sujeito, a Dove, nem o destinatário, o consumidor, mas a interação e a mediação entre ambos. Trata-se de uma construção de segundo grau. Em suma, a Dove aposta na simpatia, no sentido original e etimológico do termo:
[A palavra simpatia] ” vem do Latim SIMPATHIA, “comunhão de sentimentos”, do Grego SYMPATHEIA, “capacidade de sentir o mesmo que outrem, de ser afetado pelos sentimentos alheios (positivos ou negativos)”, formada por SYN-, “junto”, mais PATHOS, “sentimento” (Origem da Palavra: https://origemdapalavra.com.br/pergunta/simpatia/).
“80% of women are unhappy with what they see in the mirror and try to hide parts of their skin such as freckles, wrinkles and stretch marks. At Dove we made a tribute to skin through the iconic soap bar that we always see as smooth and perfect, this time revealing those factory details such as cracks and slits, that, just like the marks on the skin, make part of real beauty” (Dove. Real Soaps. 2022).
Genericamente atrevidos

Estes dois anúncios são antigos, raros, de fraca resolução e genericamente atrevidos.
Girl power
O anúncio Santa Clara, do Lidl, e o vídeo musical #santaclara, de Emily Roberts, festejam o advento de Santa Clara e o fim da usurpação na terra. Santa Claus? Who cares? Talvez tenha chegado o momento propício para começar a chamar ao divino divindade e retocar o espírito da natividade.
“Whohohohohohohoho
You’re the best, you’re the best and we love you so
Whohohohohohohoho
You’re the best, you’re the best and we love you soIt’s time for us to change this stupid old school game
A whole new era Santa Clara’s gonna reign
There’s something coming ain’t it, we’re up and running
And we’re finally gonna change it.”
(Excerto da letra da canção #santaclara, de Emily Roberts).
Marca: Lidl. Título: Santa Clara. Agência: Überground. Direcção: Nathan Price. Internacional,
Emily Roberts. #santaclara. 2016.
O lindo patinho feio
O anúncio Ginger Deer, da Lowe’s, é uma revisitação do conto “o patinho feio” (1843), de Hans Christian Andersen. O tópico é banal, mas pungente. Toca numa das feridas mais simbólicas da humanidade: a exclusão. O excluído acede às chaves da comunidade. Acontece com o conto Cinderela (1697), de Charles Perrault, ou com o anúncio Frankie da Apple (O monstro e a Boneca). A inversão (excluído/incluído) pode ser extrema: a Gata Borralheira ascende de vítima a princesa; o patinho feio descobre-se cisne majestoso. No anúncio da Lowe’s, uma bolacha singulariza-se por ter chifres. É rejeitada pela comunidade dos objectos animados. Entretanto, vence uma prova: o humano não consegue mergulhá-la no copo de leite por causa dos chifres, um defeito que se revela uma virtude. A comunidade dos objectos animados aceita-a de braços abertos. O estigma transforma-se em símbolo de status (Erving Goffman, Estigma, 1963). Bem-aventurados os patinhos feios que deles será o reino dos cisnes!
Marca: Lowe’s. Título: Ginger Deer. Agência BBDO (New York). USA, Novembro 2016.
Sileno, o vinho e o burro
Não é apenas nas festas medievais ou durante a Bugiada de Sobrado que o burro é montado às avessas. Sileno, semideus, o mais velho dos sátiros, faz-se acompanhar por um burro. Constantemente ébrio, Sileno foi tutor de Dionísio, a quem passou a paixão pelo vinho. A sabedoria de Sileno reside na sua ebriedade. É sábio por não estar sóbrio. Cumpre ao burro aguentar esta carga obesa e periclitante. A posição mais típica de Sileno em cima do burro é às arrecuas. Montar um burro às avessas condiz com a figura de um semideus que se entrega ao vinho e ao sexo, semeando a confusão e a desordem.
Sileno gostava de visitar o mundo dos homens, mas nunca falava com eles. Exceto uma vez. Tão bêbado estava, que se perdeu do grupo que o acompanhava. O rei Midas encontrou-o e desafiou-o a dizer o que era melhor para os homens. Sileno calou-se, como era seu costume. Não falava com os homens. Mas rei Midas tanto insistiu, que Sileno quebrou, por uma única vez, o silêncio:
“– Ignóbil raça, essa a dos homens, efêmeros rebentos do acaso e dos maus dias. Tão afastados estais da natureza que nem mesmo sabeis o que é melhor para vós próprios. Seres patéticos; e tu, filho de Górgias e Cibele, a quem chamam de Midas, Rei da Frígia, nada mais és senão fiel representante desta raça. Não há dúvida, estás a altura dela. Não vês? Por quais tolas razões queres saber algo que para ti é inalcançável? O que é o melhor para os homens, tu me perguntas. Creia-me, para ti, melhor mesmo seria não sabê-lo. Porém, como estás obstinado, revelar-te-ei o que não precisas para te manteres são. O melhor para ti seria não teres vindo à luz, não teres nascido. Não ser, ser nada, isto seria o melhor para ti e para os demais da tua estirpe. Contudo, como hoje te encontras a distância do infinito de tal logro, resta-te ainda uma opção: agora, o melhor para ti é cedo morrer. Assim, retornarás a tua verdadeira condição pretérita, menor que o mínimo. “ (https://scribatus.wordpress.com/2013/08/24/sileno/).
O rei Midas deu abrigo a Sileno. Poucos dias depois, Dionísio vem buscar Sileno. Agradecido, diz a Midas para formular um desejo. O pedido foi que tudo o que tocasse se transformasse em ouro. Um presente envenenado. Mas essa já é outra história.
Pela diferença
Há quem desdenhe, aristocraticamente, da publicidade. E há anúncios simplesmente fantásticos, que nos agarram pelas ideias e pelos sentidos, surpreendendo-nos. Nem tudo na vida nasceu para ser anestesiado pelo algodão etílico da homogeneização. Ainda caem folhas incómodas nas águas pasmadas do pântano simbólico. Por ironia, ou talvez não, cabe a um anúncio da Coca-Cola significá-lo com eloquência. “They make you feel different; it’s fantastic”. Acerca do tema da diferença na publicidade, recomendo o seguinte artigo de Fernando Peixoto: O Eu e o Outro no Culto da Performance. Caleidoscópio.
Marca: Coca-Cola. Título: Fantastic. Bélgica, Setembro 2014.
Redondo vocábulo
“Era um redondo vocábulo”, canta Zeca Afonso. Tudo se afigura redondo: gente redonda, ideias redondas, poder redondo. Como a esfera armilar. Tantas esferas armilares! Iguais umas às outras, excepto as que têm defeito. E o redondo enrola no redondo como as lagartas do pinheiro. Frases redondas, discursos redondos, oradores redondos, mais redondos e mais ocos do que uma laranja verde.
Este mundo não é o que parece. O mundo não é um coco, é um poema. É vontade, sonho e diferença. Não se conforma com formulários online e euros obesos. A esperança não mora numa bola de sebo. Nasce por amor, não nasce por concurso. Não é morna, nem formatada. A esperança é “uma criança que pula e avança”.
Vêm estes disparates a propósito do anúncio Coming Out, concebido para o Festival Queer Lisboa 18. Criatividade, imaginação, originalidade, qualidade. Ousadia. Por uma agência, a Fuel, reconhecidamente inovadora. Um sucesso apreciável no estrangeiro (em Portugal, “nunca se sabe”). Nem vocábulo redondo, nem esfera enferrujada, nem lagarta do pinheiro. Este é um anúncio valioso produzido por uma agência que abre caminho.
Anunciante: Queer Lisboa. Título: Coming Out. Agência: Fuel Lisboa. Direção: Fred Oliveira. Portugal, Setembro 2014.
Da frente para trás, de baixo para cima
Eis um anúncio engenhoso. Lembra Clarice Lispector.
Marca: Oui Marketing. Título: Mais qui s’en préoccupe vraiment ?. Agência : Oui Marketing. Direção : Thomas Vannieu. Canadá, 2013.
(Ler e recomeçar de baixo para cima)
Não te amo mais.
Estarei mentindo dizendo que
Ainda te quero como sempre quis.
Tenho certeza que
Nada foi em vão.
Sinto dentro de mim que
Você não significa nada.
Não poderia dizer jamais que
Alimento um grande amor.
Sinto cada vez mais que
Já te esqueci!
E jamais usarei a frase
EU TE AMO!
Sinto, mas tenho que dizer a verdade
É tarde demais…
(Clarice Lispector)