Gárgulas Impúdicas (para o livro A Morte na Arte)
Estou a proceder à última revisão do livro A Morte na Arte. O texto Gárgulas Impúdicas, já corrigido, alterado e aumentado, aparece como o primeiro “capítulo” da obra. Segue, como aperitivo, já revisto. Empenhado na revisão do livro, anunciam-se poucas e piores publicações no Tendências do Imaginário.
Gárgulas Impúdicas
Observamos como elementos essenciais na mentalidade deste período [medieval] a formação e divinização de locais empíricos como palácios e catedrais góticas (com sua arquitetura repleta de representações religiosas como as torres altas, “tocando” nos céus; os vitrais, deixando penetrar a “luz de Deus” no interior da igreja; as gárgulas junto às torres, simbolizando a não-penetração do demônio a das forças maléficas dentro dos templos sagrados etc.) (Prado, Daniel Porciuncula, 2000, Uma breve introdução acerca das estruturas mentais no período medieval, Biblos, Rio Grande, 12, 115-121, p. 118).

Olhar para cima e deparar-se com um rabo prestes a defecar representa uma experiência insólita mas possível. Em Portugal, existem, por exemplo, gárgulas impúdicas na Sé da Guarda, na Sé de Braga, na Matriz de Caminha, e na Igreja de Nossa S.ª da Oliveira, em Guimarães. Para orgulho local, as gárgulas de Caminha (figura 1) e Guimarães (figura 2) estão de costas viradas para Espanha:
“Em Portugal, prestam-lhes as devidas honras as já aludidas gárgulas, como o famoso “Cu da Guarda” e os seus congéneres da Sé de Braga, da Matriz de Caminha e da Matriz de Escalhão (…), do Castelo de Pinhel ou, ainda, da quimera da torre do relógio de Nossa Senhora da Oliveira, em Guimarães (…), muitas delas ainda hoje popularmente aclamadas enquanto expressão de um certo sentimento nacional historicamente ressentido dos acometimentos dos reinos vizinhos. Voltados para Espanha (…) estes exibicionistas (termo importado da historiografia anglo-saxónica para este tipo preciso de figuras (…) seriam então uma provocação além-fronteira” (“Sem medo nem vergonha. Imagens insólitas à margem da escultura medieval”, de Joana Antunes ( Universidade de Coimbra | FLUC |CEAACP | MNMC: https://doi.org/10.14195/2184-7193_10_1).

Vigiam-nos um pouco por toda Europa: Espanha, França, Inglaterra, Alemanha… Com o “rabo-ao-léu”, as gárgulas de Braga, Guimarães e Caminha distinguem-se das demais. Estão invertidas, a olhar para baixo, com a cabeça encostada ao contraforte e com o rabo do lado de fora, por onde, em vez de pela boca, a água escorre. Encenam, deste modo, um mundo-às-avessas. Estas três gárgulas entram “no vasto círculo dos motivos e imagens que evocam a substituição do rosto pelo traseiro, do alto pelo baixo. 0 traseiro é o “inverso do rosto”, a “rosto as avessas”” (Mikhail Bakhtin, A cultura popular na Idade Média e no Renascimento: O contexto de François Rabelais, 1.ª ed. 1965, São Paulo/Brasília: Hucitec/Editora Universidade de Brasília, 2008, p. 327). Além do rabo, estas gárgulas minhotas exibem os genitais, cometendo sexo oral.
“Na torre da igreja de Nossa Sr.ª da Oliveira, Guimarães (séc. XVI), podemos observar uma gárgula, posicionada à esquina (…) que representa uma figura masculina a protagonizar uma cena de felatio a si própria, numa estranha posição, de rabo virado para o exterior. E a sua representação é bem explícita, pois é bastante visível para o observador o falo erecto, que o artífice enfatizou exagerando a sua escala” (Catarina Fernandes Barreira, “Contributos para o estudo das gárgulas medievais em Portugal: desvios e transgressões discursivas?”, Lusitania Sacra. 22 (2010) 169-199, p. 190).

Não é apenas na igreja de Nossa Srª da Oliveira que nos oferece esta acrobacia sexual. Encontramo-la, também, na Matriz de Caminha, embora com um falo menos imponente. Na gárgula da Sé de Braga, a mais antiga, o falo não é visível, o que constitui uma exceção estranha nesta série de gárgulas de rabo-ao-léu, no país e no estrangeiro (figura 5). Se não se vê, ou o amputaram ou não está à vista. Não aparenta marcas de intervenção. Evidenciam-se, em contrapartida, duas bolas junto ao queixo, que mais lembram dois testículos do que outras bolas quaisquer, por exemplo, um colar de guizos. Nas gárgulas, o que parece grotesco costuma ser.
“[Na Sé de Braga], “uma gárgula peculiar (…) exibe um par de cornos, olhos muito esbugalhados e um sorriso rasgado, mas irónico e parece ter no sítio do queixo duas bolas penduradas (parecem testículos). Tem as pernas colocadas ao longo do tronco e com a ajuda das mãos, que parecem estar amarradas na zona dos pulsos, abre despudoradamente o ânus para o observador: é a primeira gárgula rabo-ao-léu do panorama nacional” ( Catarina Alexandra Martins Fernandes Barreira, Gárgulas: representações do feio e do grotesco no contexto português. Séculos XIII a XVI, Volume I, Dissertação de doutoramento em Belas Artes, Universidade Nova de Lisboa, 2010, p. 341).

Nesta perspetiva, o pénis não aparece porque está abocanhado, indiciando, portanto, uma cena de felácio. Em suma, a igreja de N.ª Senhora da Oliveira alberga uma gárgula com um falo ostensivo, a Matriz de Caminha, uma gárgula com um falo discreto, e a Sé de Braga, uma gárgula com um falo pressuposto.
Estas gárgulas de rabo ao léu têm ar de se esborrifar para o comum dos mortais. A fazer fé na alquimia grotesca, fertilizam-nos. A cartografia simbólica do corpo humano desvaloriza o baixo (os pés), o posterior (as costas) e o interior (as entranhas). Estas gárgulas perfazem um cúmulo grotesco: baixeza traseira e incontinente.
“A orientação para baixo é própria de todas as formas da alegria popular e do realismo grotesco. Em baixo, do avesso, de trás para a frente, tal é o movimento que marca todas essas formas. Elas se precipitam todas para baixo, viram-se e colocam-se sobre a cabeça, pondo o alto no lugar do baixo, o traseiro na frente, tanto no plano do espaço real como no da metáfora” (Mikhail Bakhtin, A cultura popular na Idade Média e no Renascimento, op. cit. p. 325).

O que significa tamanha vulgaridade? É costume precisar-se que estas provocações não entram nos mosteiros nem nas igrejas, permanecendo no seu exterior, que se destinam mais a quem vem do que a quem está dentro. Esta espécie de sobrecarga semiótica justifica três reparos. Primeiro, as gárgulas situam-se onde está a sua função básica: o escoamento das águas no topo das fachadas. Segundo, demoníacas e macabras, também se insinuam nos claustros, no coração dos mosteiros que o povo raramente visita em vida e nunca na morte. Terceiro, fantasmagorias congéneres, tais coma as danças macabras, com papas, imperadores, reis e bispos a dar a mão à morte, invadem as paredes, os capitéis e os órgãos dos templos e dos cemitérios dos séc. XV e XVI. Nos edifícios beneditinos, multiplicam-se os sátiros e as carrancas. O próprio diabo é presença habitual na casa do Senhor.
No desfile das gárgulas medievais, a desgraça sexual rivaliza com as ameaças escatológicas. Grotescas, as gárgulas incarnam o pecado, em ato ou em expiação. São exemplos a evitar, numa espécie de catequese pela imagem, que não hesita em convocar a credulidade, o medo e o horror. Idealizam fantasias muito reais nos seus efeitos. Há gárgulas com figuras humanas que representam frades ou freiras que caíram na tentação da carne, da luxúria e da gula. Algumas freiras vestem um manto, de tal modo subido ou aberto, que deixa a descoberto os peitos e as partes genitais. Umas juntam as mãos, em sinal de arrependimento, outras, tapam os seios, outras ainda comprazem-se a tocar e a destapar as partes impróprias.




No Mosteiro da Batalha, edifício português com maior número de gárgulas, destaca-se uma figura de mulher com manto, pé de cabra. os peitos destapados e uma criança na boca. Será uma freira que teve um filho de uma relação inaceitável, eventualmente, com uma autoridade eclesiástica? A mulher engole ou regurgita a criança? Por quê na boca? Os medievais eram imaginativos e exímios cuidadores de símbolos. O gigante Gargântua nasceu pela orelha da mãe, Gargamelle (ver https://tendimag.com/?s=partos+extravagantes). Nesses tempos, acreditava-se que as bruxas comiam crianças, incluindo os próprios filhos.
As bruxas também usavam mantos e cobriam a cabeça. Na Idade Média, as bruxas moravam na cabeça das pessoas. E se a gárgula do Mosteiro da Batalha fosse uma freira bruxa. Seria um excesso de novidade híbrida. Vale, no mínimo, o prazer poético da imagem. Que pretendia a Igreja com tamanhos desmandos no seu próprio seio? Há quem garanta que houve períodos em que a Igreja apostou no combate aos pecados internos. Suspeitava-se que os membros do clero não resistiam ao mal. As gárgulas recebiam e amedrontavam o povo, mas perturbavam também o olhar do clero.
Michel Maffesoli fala em homeopatia do mal, senão da morte, em “reconhecer ‘o que cabe ao diabo’, saber dar-lhe bom uso, para que não sufoque o corpo social”. (Michel Maffesoli, A Parte do Diabo, Rio de Janeiro, Record, 2004 , 2004, p.16). Mikhail Bakhtin releva os interstícios do lado sombrio da criação, o da potência dionisíaca. Entretanto, imunes a hermenêuticas, as gárgulas defecam chuva, a fonte da vida, a seiva do húmus. O bem assimila e assume o mal, a “parte maldita”.
Gárgula exibicionista
Um comentário, bem-vindo, no Tendências do Imaginário alerta para uma falha no artigo Gárgulas impúdicas (https://tendimag.com/2014/08/10/gargulas-impudicas/): nada menos do que a gárgula mais que impúdica da Igreja de Nossa Senhora da Oliveira, em Guimarães. No artigo “Gárgulas em Guimarães”, no blogue PROSIMETRON (http://prosimetron.blogspot.com/2012/05/gargulas-em-guimaraes.html), figura a respetiva fotografia, acompanhada pelo seguinte texto:
Esta gárgula da Igreja de Nossa Senhora da Oliveira tem uma história. Mas a imagem vista do solo não se pode mostrar dado que as gárgulas só servem para escoar água… o resto é paisagem.

O artigo Gárgulas Impúdicas (https://tendimag.com/2014/08/10/gargulas-impudicas/) contempla apenas uma pequena parte das gárgulas existentes. Demonstra-o o artigo “Sem medo nem vergonha. Imagens insólitas à margem da escultura medieval”, de Joana Antunes ( Universidade de Coimbra | FLUC |CEAACP | MNMC: https://doi.org/10.14195/2184-7193_10_1). Acrescentando uma magnífica fotografia da gárgula da Colegiada, escreve:
“Em Portugal, prestam-lhes as devidas honras as já aludidas gárgulas, como o famoso “Cu da Guarda” e os seus congéneres da Sé de Braga, da Matriz de Caminha e da Matriz de Escalhão (…), do Castelo de Pinhel ou, ainda, da quimera da torre do relógio de Nossa Senhora da Oliveira, em Guimarães (…), muitas delas ainda hoje popularmente aclamadas enquanto expressão de um certo sentimento nacional historicamente ressentido dos acometimentos dos reinos vizinhos. Voltados para Espanha – de onde não virão, afinal, nem bons ventos nem bons casamentos, mas de onde terá vindo uma boa parte da mão-de-obra que as criou – estes exibicionistas (termo importado da historiografia anglo-saxónica para este tipo preciso de figuras, tal como clarificado por Linquist, 2012: 325) seriam então uma provocação além-fronteira”.

O que foi descoberto deu, a seu tempo, prazer, o que, entretanto, se descobrir não dará, certamente, menos.
GUIMARÃES JAZZ 2020

Apesar da pandemia, ocorreu, de 12 a 22 de novembro de 2020, a 29ª Edição do Guimarães Jazz. Os obstáculos requerem engenho e inovação. Recorrendo sobretudo a músicos portugueses e estrangeiros a residir em Portugal, o Festival assumiu
um olhar mais alargado do que o habitual sobre o panorama musical nacional, catalisando novas colaborações e suscitando diferentes aproximações artísticas. Apesar das limitações impostas pelas contingências, o Guimarães Jazz mantém-se fiel à sua identidade, sustentada no ecletismo e numa grande abertura estilística e geracional” (Ivo Martins).
A proximidade de um festival com a qualidade e a originalidade do Guimarães Jazz é uma bênção. Apetece acreditar que a cultura está ao nosso alcance. “Pula e avança como uma bola colorida ” (António Gedeão, Pedra Filosofal).
A rosa pequenina

As Jornadas do Órgão Histórico da Oliveira (ver imagem) conduziram-me ao mural da Isabel Maria Fernandes. Encontrei uma segunda preciosidade: a Cajuina, de Caetano Veloso, numa excelente interpretação ao vivo.
Regresso à Cruz de Ferro
Desencantei, finalmente, uma cópia do filme A Cruz de Ferro (Brum do Canto, 1968) rodado em Castro Laboreiro (ver https://tendimag.com/2015/10/23/a-cruz-de-ferro/). Retrata o conflito entre duas aldeias por causa de um namoro e, por arrasto, da água. Agradeço este reencontro com A Cruz de Ferro, passado meio século, ao Valter Alves, um estudioso das gentes de Melgaço, cujo blogue recomendo: http://entreominhoeaserra.blogspot.pt/. O filme completo está acessível no seguinte endereço: https://www.youtube.com/watch?v=28HstNqSgb8. Segue um excerto. Privada de água, a população, na maioria mulheres, decide construir um engenho de rodas articuladas capaz de elevar a água do rio até à aldeia (vídeo 1). Uma demonstração da potência popular, sobre-humana, cara ao Estado Novo, patente, também, no episódio da reconstrução, “durante três dias e três noites”, da Praça de Touros de Guimarães, no ano de 1947 (vídeo 2).
Vídeo 1. A Cruz de Ferro. Realizador: Brum do Canto. Portugal. 1968. Excerto: 01.32.20 – 01.41.40.
Vídeo 2. Reconstrução da Praça de Touros de Guimarães (1947).
Dilema castrejo
Esta escultura em baixo-relevo pertence ao Museu da Cultura Castreja, junto à Citânia de Briteiros. Encerra um dilema:
“A interpretação deste baixo-relevo não é consensual, divergindo entre um episódio de combate e uma cena sexual / Representa duas figuras humanas, parecendo a figura da direita em posição de fuga e a da esquerda em perseguição da primeira. A figura da esquerda parece atacar a figura da direita, agarrando-a pelo cabelo. Esta leva um objecto na mão (que pode ser uma arma)” (excerto da notícia do museu).
A cena retrata um assédio. Uma figura persegue a outra. Assédio bélico ou sexual? Aquela coisa entre as duas figuras é uma arma ou um falo? O sexo e a guerra, o amor e a violência, sempre se cotejaram. Afrodite, deusa do amor, foi amante de Ares, deus da guerra. Afrodite e Dionísio tiveram um filho, Priapo, deus da fertilidade, condenado por Hera a ter um órgão genital disforme. Estaremos perante um Priapo de Briteiros? Talvez não. O que parece nem sempre é.
As botas de Gulliver. Magritte em Chicago
Há dias, abordei numa comunicação a questão das barreiras e das distâncias entre os espaços culturais e determinados segmentos da população.
Para a avaliação do impacto de Guimarães 2012 Capital Europeia da Cultura, foram realizados 19 inquéritos noutros tantos eventos (para aceder ao pdf do relatório final, carregar na imagem ou no link: Impactos Económicos e Sociais. Guimarães 2012 Capital Europeia da Cultura).
Os resultados revelam que a frequência de recintos abertos é relativamente mais elevada entre as pessoas com menos habilitações literárias (Gráfico 1). Cerca de metade dos licenciados pelo ensino superior foram a eventos em recintos fechados (45,2%). Este valor desce para um quinto nas pessoas com ensino básico (20,2% e 22,1%).
Estes resultados não surpreendem. Pierre Bourdieu e Alain Darbel chamaram, há meio século, a atenção para esta desigualdade em termos de cultura legítima (L’Amour de l’art. Les Musées et leur public, Paris, Minuit, 1966). Em suma, nos eventos, a natureza do espaço é socialmente discriminante. Ao contrário da ponte, que une, a porta separa ou filtra mundos. Os nossos e os dos outros. Se a ponte remete para a passagem, a porta pode funcionar como barreira, que abre ou fecha consoante a origem e a condição social. Apesar da generosidade do apelo dos espaços sociais, nem todos os visados se sentem chamados.
A reserva face aos recintos fechados por parte da população menos escolarizada reaparece nos resultados de outro estudo promovido para a Capital Europeia da Cultura: um inquérito aos residentes no concelho. O gráfico 2 contempla as respostas respeitantes à visita aos espaços culturais locais. Quatro espaços foram visitados, pelo menos uma vez, por mais de 90% dos vimaranenses: Penha (99%), Centro Histórico (97%), Castelo (95%) e Parque da Cidade (92%). Em contrapartida, as visitas situam-se aquém dos 70% no Centro Cultural de Vila Flor (69%), na Citânia de Briteiros (67%), no Museu Alberto Sampaio (66%) e no Museu Martins Sarmento (63%).
Entre os espaços culturais mais visitados pelos vimaranenses, predominam os recintos abertos; e entre os menos visitados, os recintos fechados. As excepções fazem sentido. O Paço dos Duques é, dos espaços museológicos sob a alçada da Direcção Regional da Cultura do Norte, o mais visitado do Norte de Portugal: 137 402 visitas no primeiro semestre de 2015. Neste, como noutros casos, é mais adequado falar em fluxo, capaz de se sobrepor à ponte e à porta. Quanto ao Pavilhão Multiusos, há portas que abrem mais do que fecham: aproximam as pessoas e sintonizam mundos (neste domínio, os centros comerciais surgem como um exemplo extremo (ver Albertino Gonçalves. Um perfume de utopia. Ir às compras ao hipermercado).
A abertura dos espaços culturais a novos públicos é um desafio antigo, que se agudizou com o advento do triângulo virtuoso da sustentabilidade, que submete os espaços culturais a três pressões algo desencontradas: redução do orçamento por parte do Estado, incremento das verbas próprias e aumento da afluência de visitantes. Neste cenário, dificuldades, empenho e empreendedorismo não têm faltado. Para aceder ao vídeo seguinte, carregar na imagem.
Unthink Magritte. Exposição no Instituto de Arte de Chicago. Leo Burnett. Chicago. 2014.
O vídeo sobre a exposição de René Magritte no Instituto de Arte de Chicago evidencia algumas destas preocupações. Primeiro, a preocupação com a eliminação de barreiras entre o museu e os públicos, bem como com a promoção da participação dos visitantes. Segundo, a eficiência e a atractividade da exposição, com recurso a novas tecnologias, incluindo uma aplicação para tablets e telemóveis. Terceiro, uma campanha de envolvimento, disseminada por diversos locais de Chicago. É certo que as portas do Instituto de Chicago se abrem. Mas, neste caso, abrem-se para sair, para cativar públicos; informação nos telemóveis, cartazes nas ruas e botas na praia. Sobre o efeito no número de entradas, pouco se sabe. Pressupõe-se….
Subsiste um problema. Tão velho quanto a sociologia da arte. As portas e as pontes mais decisivas são interiores, estão na cabeça das pessoas. Aquém e além das tecnologias. São vidas. Não obstante a qualidade da campanha, muitas pessoas não vão porque não lhes interessa. Pressentem que não vão gostar.Como diria Pierre Bourdieu, é difícil gostar de uma obra de arte quando não se dominam os códigos que possibilitam o acesso ao seu valor. As diferenças e as hierarquias culturais são as principais barreiras à democratização da cultura e ao alargamento dos públicos.
Luta pelo prazer
Em 2009, Wim Mertens deu um concerto memorável no Theatro Circo, em Braga. Compôs, volvidos poucos anos, a obra When Tool Met Wood, especificamente para Guimarães 2012 Capital Europeia da Cultura. Struggle for Pleasure e Close Cover são duas músicas que integram o álbum Struggle for Pleasure (1983) produzido com os Soft Verdict, um grupo de composição variável dirigido por Wim Mertens. A qualidade do som e da imagem dos vídeos originais deixa a desejar. Mantive o primeiro, Struggle for Pleasure, mas recorri no segundo, Close Cover, a uma interpretação de 2009.
Soft Verdict / Wim Mertens. Struggle for Pleasure. Struggle for Pleasure. 1983.
Wim Mertens Ensemble. Close Cover. Struggle for Pleasure. 2009.
A Requalificação do Largo do Toural – Convite
Percursos Profissionais na Área da Cultura é um ciclo de sessões de trabalho organizado pelo curso de mestrado em Comunicação, Arte e Cultura, da Universidade do Minho. Em cada sessão, profissionais com perfil relevante na área da cultura são convidados a partilhar a sua experiência, designadamente em iniciativas e actividades concretas.
A Requalificação do Largo do Toural é o tema da próxima sessão de trabalho, que terá lugar no dia 28 de Fevereiro, às 18 horas, na Sociedade Martins Sarmento, em Guimarães.
A sessão conta com a participação de:
– Maria Manuel Oliveira / Centro de Estudos da Escola de Arquitectura, Responsável pelo projecto;
– António Amaro das Neves, Presidente da Fundação Martins Sarmento;
– Samuel Silva, Jornalista do Público.
A presente sessão é co-organizada pelo mestrado em Comunicação, Arte e Cultura e pela Sociedade Martins Sarmento.
As sessões do ciclo Percursos Profissionais na Área da Cultura são abertas ao público.
O Director do Curso de Mestrado
Albertino Gonçalves