Melancolia e inconformismo

Existem cantores que são mais do que intérpretes. São artistas, compositores, poetas e, em particular, personalidades marcantes que dão voz e alma a uma maneira de estar no mundo. Alguns acrescentam, ainda, a cereja da rebeldia e da controvérsia: Bob Dylan, Jim Morrison, Jacques Brel, Georges Brassens, Victor Jara, Zeca Afonso… O “anarquista” Léo Ferré é um caso único. É estereofónico: num canal, solidão, melancolia, memória e desencanto; simultaneamente, no outro, inconformismo, garra, potência e renovação. Sintonizados. Um bálsamo. Uma dose certa para os momentos certos.
Engana-se quem pense que posts como este são meros monólogos digitais, pingos artificiais num ecrã para um público imaterial. Circunstanciais e dialógicos, substantivos e performativos, reação e interlocução, interpelam “outros significativos”. “apostrofados”, em condição de os decifrar e, porventura, sentir. São parte e partilha de vida. Um combustível do blogue.
O Tendências do Imaginário já contempla as canções Avec le Temps, Solitude e C’est Extra, de Léo Ferré. Acrescento La Mélancolie, La Mémoire et la Mer e Requiem.