Perdão

Foram dias, foram anos / Foi a sorte apodrecida (Manuel Freire. “Pedro Só”. 1972. Poema de Fernando Assis Pacheco). Ver https://tendimag.com/2011/10/16/cronica-de-um-pais-depenado/.
Apareceu-me, de repente, um anjo que mais parecia o boneco da Michelin. Perguntou:
– Como vai a tua alma?
– A alma vai tão pequena que não vale a pena. Por amor ao próximo, convivo pouco, cada vez menos. Deslizo pelo mundo num tapete rolante. Não olho para a esquerda, não olho para a direita, pouco enxergo. Não cumpro o Pai Nosso. Tenho o motor do carinho e da tolerância encharcado. Cravou-se uma espinha na garganta da vida. Para cúmulo dos infernos, não desgosto da minha alma mesquinha! Um herói embalsamado. Que faço, meu anjo?
– Pede perdão!