O monstro e a boneca

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Por que motivo os humanos recorrem ao não humano para dizer o humano? Esta é uma pergunta repisada. Por quê convocar animais, bonecos, desenhos, marionetas, monstros, ciborgues? Na publicidade, no cinema, nos videojogos, nos vídeos musicais, na arte, na literatura… Será porque dão a ver, como diria o Principezinho, um esboço do essencial? Porque configuram uma alavanca para a imaginação? Estranha forma de olhar, estranha forma de espelho! Perante um monstro ou uma marioneta, somos compelidos, como diria McLuhan, a participar na comunicação. Passará o reconhecimento e a adesão pela ritualização fetichista da diferença? Qual seria o efeito emocional do anúncio da McDonald’s se a boneca fosse substituída por uma mulher? E se, no anúncio da Apple, Frankie fosse substituído por um modelo masculino?

Marca: McDonald’s. Título: Juliette the doll. Agência: Leo Burnett (London). Direcção: Gary Freedman. Reino Unido, Novembro 2016.

Marca: Apple. Título: Frankie’s Holiday. EUA, Novembro 2016.

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2 responses to “O monstro e a boneca”

  1. Beatriz Martins says :

    O social e o subetivo (humano), condiciona-se pela estética social, que condiciona e inibe o humano dos reais sentimentos. Há sim uma ritualização fetichista da diferença – Lembrei Adorno. Que decorre da insensibilidade e recusa do contraditório- Indústria Cultural.
    Os bonecos não promovem desencantamento para que sejam recusados, os humanos não podem exibir sentimentos, que os mesmos humanos reprimem e inibem.
    E, sim, como diz o Principezinho, “o essencial é invisível aos olhos”, é do foro dos sentimentos, e esses nem todos alcançam e entendem.

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