De monstro e de louco, todos temos um pouco

Sneagle

Gollum

    Existe um carácter específico na teratosfera moderna. Os novos monstros, longe de se adaptarem a quaisquer homologações das categorias de valor, suspendem-nas, anulam-nas, neutralizam-nas. Apresentam-se como formas que não se consolidam em qualquer ponto do esquema, que não se estabilizam. São, portanto, formas que não têm propriamente uma forma, andam antes à procura de uma” (Omar Calabrese, A Idade Neobarroca, primeira edição: 1987).

O anormal fascina o normal. Quasimodo, Frankenstein e o Homem Elefante são exemplos de uma anormalidade cativante que remonta, aliás, às calendas gregas. Na actualidade, a relação homem máquina abre a porta a um “novo” bestiário (ver Albertino Gonçalves, O Delírio da Disformidade. O corpo no imaginário grotesco.pdf). Dantes, incomodava-me a exposição de aberrações nos encontros científicos, nos circos e nas feiras. Negócio, espectáculo e público deploráveis. Entretanto, reconsiderei: sem monstros, o mundo fica deserto. Todos abrigamos um Alien, um RoboCop, um Hulk, uma Fiona, um Yoda, uma Catwoman, um E.T., um Doctor Mabuse, uma feiticeira, um Hynkel, um Gollum ou outra Coisa qualquer.

Ambuja Cement aposta no excesso para significar, com humor, a resistência do respectivo cimento. O protagonista do anúncio, Khali, é mais alto e mais forte do que seria de esperar. Vive inadaptado. Não há casa, parede ou soalho que o aguente. Um desastre! Um dia muda para uma casa construída com Ambuja Cement. A casa é agora mais forte do que o residente. E Khali passa a ter dores de cabeça. A publicidade indiana tem uma imaginação fértil.

Marca: Ambuja Cement. Título: Khali. Agência: Publicis Mumbai. Direcção: Ayappa. Índia, Outubro 2015.

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