Pequenos nadas

Cif. Cristo Redentor. 1999

A carta inconclusiva

Que pena tenho eu de ti,
Por não assistires,
Ao que eu assisti!
Uma pena de pavão,
Voava de mão em mão.
Era de um recluso que cumpria
Uma pena de prisão!
Apesar de inocente,
A pena tinha de ser cumprida.
Escrevia à sua amada,
A melhor carta da sua vida!
Faltava escrever o último dizer,
Mas o tinteiro, tinta não tinha e…
Dinheiro não havia para o tinteiro
Satisfazer…

(Cândida Passos, ilustração de Celeste Semanas, A carta inconclusiva! (excerto), Poetizar as Efemérides, Braga, 2015).

Por causa de um tinteiro, entornam-se vidas. “Pour un rien du tout”. “A vida é feita de pequenos nadas” (Sérgio Godinho: https://www.youtube.com/watch?v=YP9Rc3KIz9g). As grandes obras, como as grandes estátuas, dependem, por vezes, de insignificâncias. Pelo menos, é o que insinuam estes anúncios.

Uma pastilha elástica Hollywood causa semelhante efeito à Estátua da Liberdade (serão calores) que ela não hesita em descobrir-se e dar um mergulho no rio Hudson. No caso do Cristo Redentor, a situação é distinta. No interior, mora um homem incumbido de manter o monumento limpo, graças a um pano de cozinha e CIF.

Marca: Hollywood, Título: Statue of liberty. Agência: BETC euro RSCG. Direcção: Les Frères Poiraud. França, 1999.

Marca: CIF. Título: Christ the Redeemer. Agência: Borghi / Lowed (São Paulo). Brasil, 2014.

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2 responses to “Pequenos nadas”

  1. Beatriz Martins says :

    Manífico

  2. Monalisa says :

    A vida é feito de pequenos nadas. Resumiu perfeitamente.

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