A dignidade humana
Acompanho pouco, e mal, a política. O suficiente para sentir alguma apreensão. Sou do tempo em que se exigia a um político generosidade, encarada como atributo do poder. A magnanimidade era cognome de rei. Hoje, assevera-se ingénuo associar generosidade e poder. Emergem, em contrapartida, outros atributos. Espera-se que um político seja ambicioso, em termos pessoais. Melhora a imagem do poder e do político? Ganha-se em desempenho? Beneficiam os cidadãos? Do ponto de vista ético, entre generoso e ambicioso, não há que hesitar.
O respeito pela dignidade humana é um desígnio emblemático das chamadas democracias ocidentais. Conheceu interregnos dignos de memória. Setenta anos após a Segunda Grande Guerra e vinte e cinco anos após a queda do Muro de Berlim, continua a cair poeira sobre a dignidade humana. Nesta amnésia pragmática, inquietam-me mais os cidadãos do que os políticos. Esta deriva do poder e da sensibilidade social expressa-se na propaganda. A propaganda não é exclusivo do Estaline, do Hitler e demais ditadores. A propaganda não nos esquece. E nós esquecemos a besta que somos.
Seguem três anúncios de sensibilização da responsabilidade do Ministério da Saúde Canadiano, no âmbito da campanha Quit the Denial. O mínimo que se pode dizer é que atingem o alvo.
Anunciante: Canadian Health Ministry. Título: Social Farter. Agência: BBDO Toronto. Canadá, 2013.
Anunciante: Canadian Health Ministry. Título: Ear Wax Picker. Agência: BBDO Toronto. Canadá, 2013.
Anunciante: Canadian Health Ministry. Título: Social Nibbler. Agência: BBDO Toronto. Canadá, 2013.
:), tudo é ridículo em função do que é imposto pela sociedade!