Desta vez é diferente: o rei do carnaval
“Isto é um anúncio. Um anúncio tenta dizer-lhe o que fazer. Mas este anúncio quer que você nos diga o que fazer. Exerça esse poder. Escolha quem decide. Vote dia 25 de Maio. Eleições Europeias 25 de Maio de 2014”.
Que me lembre, os cidadãos votavam em quem os representasse: os deputados. Decidiam quem deveria representá-los; tinham o poder de lhes atribuir esse dever. Desta vez, nas próximas eleições europeias, o exercício do poder por parte do cidadão parece consistir em “escolher quem decide”. Vem tudo a dar ao mesmo? Em democracia, a semântica é matéria sensível. Escolher quem nos representa não é o mesmo que escolher quem decide. Entre ambos, insinua-se uma elipse política. Quanto a mim, não vou escolher nem quem me representa, nem quem decide, mas vou votar. “A experiência é a madre de todas as coisas” (Duarte Pacheco Pereira): tenho-me sentido pouco representado e não acredito deter o mínimo poder de escolher quem decide. Mesmo que a minha mesa de voto fosse em Munique…
Anunciante: Comissão Nacional de Eleições. Título: Desta vez é diferente. Agência: Ogilv&Mather. Portugal, Maio 2014.
prof., o rei está nu.
Pois é, nem precisa de nos iludir. O eufemismo deu lugar ao cinismo. O rei vai nu. De que nos serve?
De facto irónico!