Epidemia de Dança
A dança era uma actividade importante na Idade Média, omnipresente nas iluminuras e nos frescos. Até os mortos dançavam (danças macabras). As danças ditas de São Guido eram particularmente insólitas, devido ao seu carácter excessivo, histérico e epidémico. Algumas pessoas começavam a dançar de forma ininterrupta. Logo outras aderiam até chegar aos milhares. Homens, mulheres e crianças dançavam até à exaustão. Sem forças para se aguentar em pé, contorciam-se no chão. Uma testemunha da época descreve: “uma estranha doença invadiu neste tempo o povo. Muitas pessoas, por loucura, puseram-se a dançar todo o dia e toda a noite sem descanso até cair desmaiados. Alguns faleceram” (Stoeber, Auguste, Légendes d’Alsace, Ouest-France, 2010). Trata-se de uma adição (coreomania), acompanhada, frequentemente, por visões. O fenómeno podia prolongar-se por mais de um mês. Do séc. XIV ao século XVII, verificaram-se “excessos de dança” em várias cidades europeias, tais como Aix-la-Chapelle, Colónia ou Metz. Um dos casos mais célebres ocorreu em Julho de 1518 na cidade de Estrasburgo (para uma descrição, ver http://sometimes-interesting.com/2011/07/02/dancing-mania/). Pieter Brueghel O Velho, retrata este fenómeno numa gravura, que o filho, Pieter Brueghel, o Jovem, transpôs para a tela. Em suma, a originalidade não é fácil, mesmo nos novos tempos ditos pós-modernos.