A captação do irreal

O anúncio The Reset, da Verizon, alinha uma sequência de cenas irreais mas representáveis que provocam sensações de atordoamento e estranheza no espetador. Há treze anos, em 2009, tê-lo-ia incluído no vídeo A Construção do Impossível, uma compilação de anúncios com ilusões (ver https://tendimag.com/2020/01/14/estetica-da-guerra/; ver também o artigo correspondente Albertino Gonçalves, “Como nunca ninguém viu – O olhar na publicidade” (Martins, Moisés de Lemos et alii, Imagem e Pensamento, Coimbra, Grácio Editor, 2011, pp. 139-165).o).
O anúncio The reset poderia ainda integrar o vídeo Emoções Confortáveis, produzido para uma instalação da Exposição Vertigens do Barroco, no Mosteiro de Tibães, em 2007 (ver https://tendimag.com/2015/06/10/vertigens-do-barroco/). Os visitantes eram convidados a assistir ao vídeo num sofá último grito num simulacro de sala com mobiliário dos séculos XVIII e XXI. Para quem aprecie a vertente delirante do Tendências do Imaginário, ambos os vídeos são uma boa proposta de assombro e entretenimento. Se fossem avaliados pelo “valor-trabalho” incorporado, para retomar um conceito caro a Karl Marx, o seu preço resultaria deveras elevado.
A Pantera Cor-de-Rosa
Há cartoons memoráveis: Betty Boop, Astérix, Tintin, Superman, Minnie, Cascão, Zé do Boné, Calimero, Garfield, Beep Beep, Flintstones, Félix o Gato, Cocas, Snoopy, Gastão Dabronca, Marsupilami, Goldorak, Candy, Pica-pau, Muttley, Poupas, Lucky Luke, Major Alvega, Scooby Doo, Dexter, Mafalda, Mónica, Zorro, Heidi, Naruto, Shrek… O meu cartoon preferido é a Pantera Cor-de-Rosa, criada em 1963 por Blake Edwards para o genérico do filme Pink Panther, com música de Henry Mancini. O prazer contra o poder.
Encontro de Sociologia no mosteiro de Tibães
O Encontro de Sociologia traz-me afastado da música e do blogue. Mas é uma iniciativa compensadora. Seguem o cartaz, o texto de divulgação, o programa e a imagem do íman que será oferecido durante o Encontro.
O Encontro de Sociologia congrega todos os alunos dos cursos de Sociologia da Universidade do Minho (licenciatura, mestrados e doutoramento), bem como os docentes e os funcionários do Departamento de Sociologia. O Encontro decorre no dia 18 de Abril, durante a tarde, no Mosteiro de Tibães. Para a deslocação entre a Universidade e o Mosteiro, haverá dois autocarros que partem às 13 horas junto à pastelaria Montalegrense e regressam às 19 horas. O Encontro inclui visita guiada ao Mosteiro, um dos mais belos exemplares da arte barroca em Portugal, uma conferência e um espetáculo com música, teatro e vídeo protagonizado por estudantes de Sociologia.
Contamos com a presença de todos!
A Direção do Departamento de Sociologia
Programa
14h00 | Visita guiada ao Mosteiro
16h00 | Sessão de Abertura
Rui Vieira de Castro, Reitor da Universidade do Minho,
Helena Sousa, Presidente do Instituto de Ciências Sociais
Albertino Gonçalves, Diretor do Departamento de Sociologia
Maria de Lurdes Rufino, Coordenadora do Mosteiro de Tibães
Joana Mota Silva, Presidente do NECSUM
Conferência “Vigilância, segurança e crime: desafios para a Sociologia”
por Helena Machado, Departamento de Sociologia da Universidade do Minho.
17h00 | Espetáculo de Música, Teatro e Vídeo pelos alunos dos cursos do Departamento de Sociologia
Moderação: José Cunha Machado, Diretor adjunto do Departamento de Sociologia & Joana Mota Silva, Presidente do NECSUM.
19h00 | Encerramento.

Imagem do íman alusivo ao Encontro de Sociologia.
Vertigens a baixa altitude
Há muito que namoro o tema da levitação e não há modo de ir ao altar. Existem diversas soluções para sugerir a ausência de gravidade: captar um momento de suspensão, filmar em câmara lenta um movimento de desprendimento ou multiplicar os planos de gravidade (e.g, E.M. Escher, na gravura, e Philip Halsman, na fotografia).
O anúncio chinês OK Go, da Red Star Macalline, desmonta várias ilusões de perspectiva e multiplica os planos de gravidade, provocando uma sensação de vertigem.
O anúncio neozelandês Muscle, da Anchor, recorre ao slow motion para criar uma sensação de flutuação no espaço e no tempo. Em câmara lenta, os movimentos de dança logram um efeito estético apreciável.
Marca: Red Star Macalline. Título: OK Go. Agência: 25hours Xangai. Direcção: Damian Kulash JR. China, Março 2015.
Marca: Anchor. Título: Muscle. Agência: Colenso BBDO. Direcção: James Solomon. Nova Zelândia, Março 2015.
Atraso
Qual a razão para um vídeo levar algum tempo a iniciar? Este anúncio indiano explica. Um dos motivos tem a ver com os chocolates Cadbury 5 Star! Humor altamente absurdo. Lembra o anúncio Head, da PlayStation 2 (http://tendimag.com/2014/09/18/segredos-da-mente/).
Marca: Cadbury 5 Star. Título: Buffering. Agência: O&M, Bumbai. Direcção: Ayappa. Índia, Janeiro 2015.
A Arte do Progresso
Anúncios como este concorrem para me convencer que a publicidade é um segmento de actividade onde podem florescer a arte e as artes. Cada imagem de The Art of Progress respira criatividade e beleza. Não é por acaso que é uma obra de Bruno Aveillan para a Audi, uma das marcas mais vanguardistas em termos de publicidade.
Marca: Audi A8. Título: The Art of Progress. Agência: Kempertrautmann gmbh. Direção: Bruno Aveillan. Setembro 2010.
Notas coloridas: música e animação
Bom 2016!
Nesta animação de Aidan Gibbons, com música de Yann Tiersen (“Comptine d’un autre été: l’après midi” ; Amélie, 2001), o piano e o pincel rivalizam na criação de um momento de melancolia.
A combinação da música e da animação conheceu o seu marco mais influente no filme musical animado “Fantasia” (1940), que contou com a colaboração de Salvador Dali. Dele faz parte esta Dança das Horas, de Amilcare Ponchielli, transformada numa espécie de bailado bestial.
Carregar nas imagens para aceder aos respectivos vídeos.
No caso de Fantasia, a iniciativa coube à animação. Mas também ocorre o inverso. Em 1960, The Beatles lançam o filme animado, psicadélico q.b., “Yellow Submarine”. O vídeo seguinte diz respeito à canção “Sgt Peppers Lonely Hearts Club Band”.
Muitos grupos rock/pop recorreram a esta solução. Os Pink Floyd utilizavam a animação tanto nos vídeos musicais como nos espectáculos. Segue a animação criada por Gerald Scarfe para servir de fundo à música “Welcome to the machine” durante a digressão “In the Flesh” de 1977.
Extrema é a combinação da música e da animação por parte da banda Gorillaz, criada em 1998 por Damon Albarn, dos Blur, e por Jamie Hewlett, co-criador da banda desenhada “Tank girl”. A imagem pública da banda resume-se praticamente a estes vídeos musicais animados. Segue-se um dos seus vídeos mais “expressivos”: “Feel Good Inc.” (2005).
A combinação da música e da animação espalhou-se em praticamente tudo o que é multimédia, nomeadamente no cinema (a rave do Shrek 1 é inesquecível), nos anime, nos videojogos e, claro, na publicidade.