Tops of the pops com rugas 3. Led Zeppelin, Deep Purple e The Doors
Georges Moustaki canta: “nunca estou só, com a minha solidão (je ne suis jamais seul avec ma solitude). Eu digo: nunca estou só, com os meus fantasmas sonoros”.
O real e o virtual
Insisto na mesma tecla: a promoção das causas e a publicidade de sensibilização dão-se bem com a fantasia. Eis um bom tema para uma dissertação relevante: “o papel da fantasia na promoção de causas”. Neste belíssimo, competente e eficiente anúncio da ONU, Não escolha a extinção, um dinossauro Tiranossauro Rex é o protagonista e a Assembleia Geral das Nações Unidas, a audiência. Em primeiro plano, o dinossauro; em segundo plano, as imagens das alterações climáticas e da fome no mundo. Imaginemos! Porque a imaginação também é caminho para o conhecimento e a consciencialização. Imaginemos que em vez do dinossauro discursava o Secretário-Geral das Nações Unidas. O impacto seria maior, menor ou igual? Seria, com certeza, diferente. Realidades e virtualidades…
Este é o fim
Belo amigo
Este é o fim
Meu único amigo, o fim
De nossos planos elaborados, o fim
De tudo que está de pé, o fim
Sem segurança ou surpresa, o fim
Nunca vou olhar em seus olhos… outra vez
Consegue imaginar como será
Tão sem limites e livre
Desesperadamente precisando da mão de algum estranho
Em uma terra de desespero?
(Excerto de The Doors, The End, 1967. Tradução: Vagalume).
Por outro lado

Ando há cinco meses com uma espécie de rinite. As ideias não saem arejadas. De tromboflebite em tromboflebite, também não têm pernas para andar. Com as ideias entupidas e sentadas, pasta-se e pasma-se na memória. O vídeo musical Otherside, dos Red Hot Chili Peppers, é fantástico. Selecionei-o para projeção na exposição Vertigens do Barroco, que teve lugar em 2007 no Mosteiro de Tibães (ver https://tendimag.com/2015/06/10/vertigens-do-barroco/). O vídeo Otherside ultrapassa 500 milhões de visualizações na Internet! Não resisto a estender os outros lugares ao Break On Through (To The Other Side), dos The Doors.
O outro lado
Vazio de pensamento. Caiu herbicida nos neurónios. Preciso de uma inspiração que me despasme. Que me vire do avesso.
O dever e o prazer

Colocar música no Tendências do Imaginário não lhe acrescenta valor. Mas gosto! Por prazer, faço disparates. A estupidez não é pecado; às vezes, é uma bênção. Colocar música não é, necessariamente, aliciante. Repetir dezenas de vezes a mesma música para escolher a melhor ligação é penitência. Mas é um tributo às músicas de grata memória. Ao valorizar um gosto, valoriza-se quem gosta. Dois princípios sobressaem na vida: o princípio do dever e o princípio do prazer. Acabei de participar numa reunião por videoconferência. Princípio do dever e da responsabilidade. Muita areia para crânios pequenos. Não me apetece analisar anúncios publicitários, obras de arte ou realidades sociais. Tão pouco me apetece vídeo conviver, colar lembretes no computador ou conceber aulas imateriais. Apetece-me pensar oblíquo e dizer disparates. Apetece-me ouvir música, música com garra. The Doors: End of the night; The end; e Riders on the storm. Prazer em águas turvas. Como sabe bem desconversar!
Agarrar o vento

Tenho duas dúzias de reis magos em casa. Dá para poucas escapadelas. Sou perito: deixo-me descair na cadeira e passo por baixo do tapete. Ninguém dá pela minha falta. A invisibilidade é crucial: o protagonismo é fatal às escapadelas. Sem tempo, resolvo escolher um álbum à sorte. Sai o Donovan’s Greatist Hits (1969). Donovan foi um compositor e cantor de sucesso, sobretudo, nos anos sessenta. Pertence à geração Bob Dylan, Velvet Underground e The Doors. Donovan foi amigo de um meu amigo, em Paris.
Um dos reis magos veio de Angola. Fomos fumar, à espera da estrela. Tive uma sensação de estranheza: o Marlboro dele não tinha cenas eventualmente chocantes. Em África, os profetas da desgraça devem ter outras preocupações. Segunda estranheza: o preço de um Marlboro em Angola é 1:20 euros. Em Portugal, ascende a 5 euros! Inspeccionei: a única diferença reside nas imagens eventualmente chocantes. Devem ser muito caras!
Noite dos medos. O Carnaval macabro
Noite dos Medos. Melgaço. Noite de 31 de Outubro de 2018. Produção: Rádio Vale do Minho.
A segunda edição da Noite dos Medos de Melgaço ultrapassou as expectativas. Centenas de pessoas partilharam medos numa catarse colectiva respaldada na tradição. Nenhum medo escapou, nem sequer “os medos que metem medo a um susto”. Numa noite para aquecer, com chamas e queimadas, o protagonista foi o corpo, mascarado, pintado, representado, dançado e comunicado. Revitaliza-se, tribalmente, a memória e reinventa-se o passado.
Acrescento duas músicas a condizer: The End, dos The Doors, e Highway to Hell, dos AC/DC. Faltavam no Tendências do Imaginário. Dispus os vídeos por ordem de estreia. A menor qualidade do som e da imagem do vídeo dos The Doors é compensada pelo facto de se tratar de uma actuação ao vivo no próprio ano do lançamento da música (1967).
The Doors. The End. The Doors. 1967.
AC/DC, Highway to Hell. Original: Highway to Hell. 1979.
Pirilampo
A história do homem-máquina baralha-me os fusíveis. Nos anúncios indianos da Happydent, os dentes funcionam com lâmpadas (Dentes brilhantes). Neste anúncio, de 2007, da Greenpeace, os cús são candeeiros, à semelhança do pirilampo, também conhecido por caga-lume ou luzecu. É o advento do Homo Luzecus. Gosto do anúncio. Está no topo da escala do grotesco.
No meio de tanto nu, custa compreender a mensagem. Para poupar energia, acenda o rabo? Quando dispensar a luz, instale uma ventoinha eólica para aproveitar os “ventos de baixo”? Não, não é essa a mensagem. A mensagem é clara e contundente: use lâmpadas económicas com eficiência energética, como aquelas que tornam as cidades mais inteligentes. Enfim, uma Greenpeace pró-activa. Depois de tanta luz, deixemos os The Doors acender o fogo, numa interpretação ao vivo de Light My Fire (1968).
Anunciante: Greenpeace. Título: Sunshine. Agência: Escape Partners. Direcção: Sven Harding. UK, 2007.
The Doors. Light My Fire. Live in Europe 1968.
O Deslumbramento dos Sentidos / Riders on the Storm
Pode um anúncio baralhar os sentidos? Desorientar? The Dark Side of Japan, da Yamaha, apresenta uma resposta. A imagem, imprevisível, nem sossega, nem distrai: sequências vertiginosas absorvem e enrolam como só as ondas subterrâneas sabem fazer. Excelente! Do fundo da memória, ecoa uma canção: Riders on the storm… There’s a killer on the road…
Marca: Yamaha. Título: The Dark Side of Japan. Agência: BBDO, Milan. Direção; Luigi Pane. Itália, Junho 2013.
The Doors. Riders on the storm. LA Woman. 1971.