Novo conto de Natal
Do Brasil, informaram-me que estavam a pensar candidatar o Tendências do Imaginário a um prémio, na categoria versatilidade. Não sei se o blogue é versátil, mas neste artigo dialogam vários géneros mais ou menos desconectados: a literatura, a publicidade e a música (AG).
A H&M oferece-nos um conto de Natal com coração secular e cara refrescada, o suficiente para aquecer o sono antes de dormir. Uma narrativa criativa e agradável.
Marca: H&M. A Magical Holiday. Agência: Forsam & Bodenfors. Direcção: Johan Renck. Suécia, Novembro 2017.
O conto Natal, de Miguel Torga, é de outra fibra. O mendigo Garrinchas atrasa-se e não vai a tempo de consoar ao calor do forno do povo, “o santuário colectivo da fome”. Acaba por ficar a meio caminho, numa capela, junto aos céus. Para aceder ao pdf com as três páginas do conto: Miguel Torga. Natal. Novos Contos da Montanha. 1944
Acrescento a canção Big Love, dos Fleetwood Mac, interpretada neste vídeo por um dos membros: Lindsey Buckingham. Nunca é cedo para desejar bom Natal!
Desejo-vos um bom Natal deste refúgio: uma secretária, um computador, livros, aparelhagem de música, fotografias e uma janela para ver o mundo quando ergo o pensamento. É esta a fábrica do Tendências do Imaginário.
Fleetwood Mac. Big love. Tango in the night. 1987.
Antes que seja tarde
Hoje é o dia do Senhor. E não fui à missa. Mas não sou má pessoa. Não sei como reparar? Talvez um artigo integralmente lusófono, com um anúncio da Unicef Brasil, uma canção dos Titãs e um poema de Miguel Torga. Hoje não é o dia do Senhor; hoje é o dia do Menino.
Anunciante: Unicef Brasil. Título: Antes que seja tarde. Agência: Isobar. Brasil, Janeiro 2017.
Titãs. Epitáfio. Álbum: A melhor banda de todos os tempos da última semana. 2001.
AVISO
Um Deus que me queira, um dia,
Depois desta penitência
De viver,
Se me não der a inocência
Que perdi,
Terá o desgosto de ver
Que de novo lhe fugi.
Quero voltar a criança,
À meninice dos ninhos.
Quero andar pelos caminhos
Com olhos de confiança,
A quebrar a minha lança
Nos moinhos…
Miguel Torga, Diário VI, 1952.