Um mandamento novo

As pessoas de diferentes culturas não só falam diferentes linguagens como, facto possivelmente mais importante, habitam diferentes mundos sensoriais (Hall, Edward T., 2003, La Dimensión Oculta, Buenos Aires, Siglo XXI, ed. original 1966 , p. 8).
Jean Michel Folon. The Topsy-Turvy Economy. 1978. Jean Michel Folon. Aguarela sem título.
O Covid-19 criou um mandamento novo: afastai-vos uns dos outros. Apela a um socialização responsável. A publicidade aderiu à sensibilização. Seguem dois anúncios da Heineken em que a cerveja rima com convívio desaproximado.
Condição de felicidade. O efeito de idade.

Que tenho contra os velhos? Nada. Dispenso, porém, pedir às crianças para ser adultas, aos adultos, crianças e aos jovens, velhos. Também prescindo pedir aos velhos para ser jovens. Existem ”idades da vida” (ver: https://tendimag.com/2016/12/23/as-idades-da-vida/). Nenhuma fase da vida tem o monopólio da importância ou da felicidade. Mas as “condições de felicidade” (Erving Goffman) são distintas.
José Mourinho
José Mourinho é um herói do relvado. Neste anúncio, exorta as tropas com as sombras de Batman e as trombetas de Josué. A mascote, salsicha, não fala inglês. É a parte mais original do anúncio. Seguem as versões inglesa e espanhola.
Marca: Heineken. Título: The Speech. Agência: Publicis Italy. Direcção: Guy Ritchie. Itália, Setembro 2016.
Keep yourself alive!

Joseph Beuys’ signature. 2006. Joseph Beuys (1921-1986) era quase tão conhecido pelo chapéu como pela assinatura.
No anúncio The Chorus, da Heineken, pessoas distintas cantam, em diversos contextos, a mesma canção: Bohemian Rhapsody, dos Queen (A Night at the Opera; 1975). Partindo dos indivíduos desafinados desemboca-se num gigantesco coro empolgante. Em suma, a potência das massas. Duvida-se que a sintonia do colectivo seja espontânea. Duvida-se, também, da potência das massas. Duvida-se, até, do mito das massas. Quando era aluno de sociologia, por altura da Bohemian Rhapsody, estava na moda falar-se em sociedade de massas. Agora, está na moda falar-se em sociedades globais. Cada época tem os seus chavões. E chapéus para proteger a cabeça. Não impede que este anúncio esteja bem concebido e funcione.
Marca: Heineken. Título: Chorus. Agência: Publicis Milan. Direcção: Antoine Bardout-Jacquet. Itália, Maio 2016.
Admitindo que o Tendências do Imaginário é cada vez mais um albergue espanhol, acrescento uma das primeiras músicas dos Queen, Keep yourself alive, incluída no álbum de estreia da banda: Queen (1973).
Queen. Keep yourself alive. Queen. 1973. Ao vivo, 1975.

Offset poster for US lecture-series Energy Plan for the Western Man (1974) by Joseph Beuys, organised by Ronald Feldman Gallery, New York
Por falar em chapéus, nos anos 1970, tive o privilégio de trocar duas palavras com Joseph Beuys, um dos maiores artistas do século XX. Deram-nos, aos alunos de sociologia, a oportunidade de assistir à montagem das obras pelos próprios artistas no dia anterior à abertura da exposição, no Musée d’Art Moderne de la Ville de Paris. Um dos trabalhos de Beuys incluía, precisamente, o (seu) chapéu.
Aurora boreal
Não sou gota de água puxada pelo vento. Não estou no vento. Não faço parte. Sou o que resta. Pássaro com asas de fogo a chamuscar a sombra. Gosto do cósmico e do cómico. Gosto do cósmico cómico. Quem dera ser garrafa de cerveja astronauta e pintar a atmosfera. De verde, claro, cor de sonho.
Carregar na imagem para aceder ao anúncio:
Marca: Heineken. Título: Nature’s wonder. Agência: Czar. Direcção: Bart Timmer. Holanda, Dezembro 2015.
Live and Let Drink
A Heineken anticipa o novo filme de James Bond (007 – Operação Skyfall, a estrear em Outubro) com uma alucinante paródia, onde nem sequer falta a nova Bond girl, Bérénice Marlohe. Vale a pena carregar em HD (canto superior direito).
Marca: Heineken. Título: Crack the case. Agência: Wieden + Kennedy Amsterdam. Direção: Matthijs Van Heijningen. Holanda, Setembro 2012.