Tag Archive | Autumn Leaves

Alergia

les-feuilles-mortes-ernest-bieler-1899

Ernest Bieler. Les Feuilles Mortes. 1899.

War é um anúncio que põe à prova o amor à natureza. Contra a moléstia biológica, não há defesa possível. Os pólenes são agressores ubíquos e impercetíveis. Quem adormecer ao sol no jardim, arrisca-se a ter, ao acordar, um dente-de-leão a crescer no umbigo. Uma pessoa inala estas micro fertilidades sem dar conta… Disparate? Sabe bem dizer disparates. Devia ser embaixador do disparate, ministro, presidente ou comentador, mas falhei a vocação. Desgraçadamente, por altura do chamamento, devia estar a passar pelo túnel da Avenida da Liberdade. O anúncio da Benadryl é primaveril. Poliniza os espíritos.

Marca: Benadryl. Título: War. Agência: JWT London. Direcção: Steve Cope. Reino Unido, 2009.

Neste anúncio, as plantas dançam. Lembram (os descaminhos da memória são insondáveis) a canção Les feuilles mortes (versão original francesa: https://tendimag.com/?s=montand). Existem muitas interpretações em inglês (Autumn Leaves): Natalie Cole, Eva Cassidy, Chet Baker, Miles Davis, Paula Cole… Recentemente, Eric Clapton. Opto por Nat King Cole (álbum Nat King Cole Sings For Two In Love, 1955). Para terminar, uma confidência: há momentos e lugares em que as folhas caem com mais sentimento.

Nat King Cole. Autumn Leaves. Nat Kin Cole Sings For Two In Love. 1955.

As Folhas Mortas

Há experiências que vão e voltam, mas não nos largam. As Feuilles Mortes, traduzidas para inglês como Autumn Leaves, regressam, agora, pela mão do trabalho de um aluno sobre “o saxofone e a música contemporânea”. Já tinha “postado” a canção, mas o link foi desactivado. A internet está repleta de vazios digitais com epitáfio: “Este vídeo não está disponível porque a conta YouTube associada a este vídeo foi encerrada”. São folhas mortas de um outro género. Um destes dias vou dedicar-me a catar estes zombies electrónicos. Seguem um pequeno excerto, em português, da letra da canção Les Feuilles Mortes, a versão saxofone de Stan Getz e a interpretação de Yves Montand. Sem esquecer o quadro de Remedios Varo (1908-1063).

Remedio Varo. Les feuilles mortes. 1956

Remedio Varo. Les feuilles mortes. 1956

As folhas mortas recolhem-se com uma pá
Tu vês, não me esqueci…
As folhas mortas recolhem-se com uma pá
As recordações e os remorsos, também
E o vento do norte leva-os consigo
Na noite fria do esquecimento.


Stan Getz. Autumn Leaves


Yves Montand à l’Olimpia. Les Feuilles Mortes.