Aspirar a solidão

O confinamento altera as rotinas. As pequenas e as grandes. Presta-se ao desempoeiramento dos objetos: filmes, discos, fotografias, entrevistas gravadas… Alguns aguardam uma infinidade por um gesto de atenção. Poderiam continuar esquecidos? A televisão é uma alternativa, mas irrita. O telemóvel? Nunca lhe apanhei o jeito. Despacho as pessoas, e elas ressentem-se. Entrego-me, portanto, às minhas coisas, como o Principezinho à rosa.
Sem o confinamento, os objetos são belas adormecidas à espera de animação. Passo os dias só. A solidão não me larga. Também ganho pó. O Tendências do Imaginário é uma face deste isolamento. A solidão não é boa nem má. É um estado com que se convive bem ou mal. A música é uma companheira. Aspira o pó da solidão.