Incompreendido

A Itália é um santuário do cinema. Os anos cinquenta e sessenta foram gloriosos. Sobressaem o neorrealismo e a comédia. O filme Incompreso (Quando o amor é cruel, em Portugal), de Luici Comencini (1966), não é neorrealista nem cómico. Após a morte da mãe, o pai pede ao filho mais velho (Andrea) para manter segredo perante o irmão mais novo (Milo), bem como para o proteger. Acontece que, dos dois irmãos, o mais frágil é o mais velho. A situação agrava-se culminando na morte de Andrea. É um filme sobre o luto, a vulnerabilidade humana, a solidão e a incomunicação entre gerações (pai e filho). O filme é um melodrama denso e opressivo. Um misto de olhar psicológico e microssociológico. O Incompreendido é um filme marcante. Vi-o com o Marino Trancoso, um amigo jesuíta colombiano, que fez doutoramento com Claude Bremond. Faleceu há anos. Um dos principais anfiteatros de Bogotá tem o seu nome. Tanto olho para trás que fiquei com a cabeça torta e o pescoço dorido.
Consultei a Wikipedia a propósito do cinema italiano. Propõe uma lista com os trinta “principais directores”. Não contempla o Luigi Comencini. Tenho um gosto depravado; não acerto nos valores consagrados. Resolvi aceder à versão em inglês. Nos primeiros lugares, aparecem Federico Fellini, Michelangelo Antonioni, Roberto Rossellini, Vittorio De Sica, Luchino Visconti, Ettore Scola, Sergio Leone e, em oitava posição, Luigi Comencini. Na Wikipedia portuguesa ocorreu, algures, um lapso.
Segue o filme completo, original, com legendas em inglês.