As gavetas da autofagia. Fabio Zanon

Fabio Zanon

Viver em casa quase sem contacto exterior resume, há anos, o meu quotidiano. O coronavírus veio transformar um reflexo anti-social lamentável num gesto cívico louvável. Trata-se de uma ressignificação. Exploro, com renovada energia, os nichos domésticos. Os LP estão em prateleiras, os CD em gavetas. Quanto mais baixa a gaveta, menos uso tem. Abri a última gaveta e retirei um disco do brasileiro Fabio Zanon (violão), dedicado, quase todo, a Francisco Tárrega (1852-1909). Encalhei na faixa 14. Não é de Tárrega mas de Alexandre de Faria, compositor brasileiro contemporâneo: Prelude for Guitar. Eyes of Recollection (1997). Nestas “descobertas”, sinto-me parasita de mim mesmo, entregue a uma espécie de autofagia tardia. Tanto vivi que cansei. Mas empenho-me a abrir e a fechar gavetas.

Para amaciar o gosto, começa-se com a Balada para Martin Fierro (Aire Sueño), composta por Ariel Ramirez (Argentina) e interpretada por Fabio Zanon (2018).

Balada para Martin Fierro (Aire Sueño). Compositor: Ariel Ramirez (Argentina). Interprete: Fabio Zanon (2018).
Prelude for Guitar. Eyes of Recollection. Compositor: Alexandre de Faria. Interprete: Fabio Zanon (1997).

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