A asneira como vocação
Já tinha saudades de asneiras. Asneiras colectivas, democráticas, com vocação burocrática. Das boas, com efeito insensato. Uma asneira é como um elefante francês: ça trompe énormément. A asneira tem uma conjugação sui generis: não fui eu, fomos nós; não fomos nós, fostes vós; não fostes vós, foram os alienígenas. A asneira é catártica. As consequências? Que interessam as consequências? Errámos de boa-fé. Com convicção! As asneiras são uma ternura. São congénitas. Acompanham-nos desde o berço. Como dizia o vizinho: o mundo é só aritmética; quem asneira sem saber asneira a dobrar. Mas tudo tem limites. O prejuízo alheio é um limite da irresponsabilidade.
Carregar na imagem para aceder ao primeiro anúncio.
