Oscilações do gosto
Ontem, convocámos os tomates de François Rabelais e de Jeanne La Folle (séculos XV e XVI), hoje, propomos um cântico sagrado bizantino do século IX. Não nos fixamos, nem resvalamos para o centro. “Vogamos num meio vasto, sempre incertos e flutuantes, impelidos de uma extremidade a outra” (Blaise Pascal, Pensamentos). Não há pantocrator que nos acuda. “Vogar sempre incertos e flutuantes” pode agoniar, mas também pode encantar.
Stavroteotokia é uma música bizantina com mais de mil anos. O tempo passa, inexoravelmente. O tempo é o grande destilador da humanidade. Um alambique alquímico. Também é uma enorme compostagem. Compare-se a Stavroteotokia, do século IX, com um dos sucessos musicais da era digital, Cigu Bugule.
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O Stavroteotokia. La Capella Reial de Catalunya – Grupe Sufi Al-Darwish – Hespèrion XXI – Jordi Savall, dir. Imagem: Sacramentário de Charles le Chauve, 869-879.