Doenças raras
Costumo ser céptico face à publicidade de consciencialização que se dá ares de apostolado do bem. Este anúncio da empresa farmacêutica Dompé é um caso à parte. Nem grandes causas, nem grandes públicos, nos antípodas dos exorcismos do tabaco, da droga ou do álcool, dos horrores dos acidentes rodoviários, das comiserações da exclusão social, das virtudes da contracepção ou das cruzadas para a salvação do planeta. Este anúncio alerta para uma realidade ínfima: doenças raras descuidadas, eventualmente, sem cura. Mas o anúncio é magnífico. Um hino à vida. Um corpo masculino, despojado, verdadeiro traço-de-união cósmico, relembra as potencialidades do nu masculino na comunicação estética. O anúncio despede-se de um modo notável. Estamos mais que habituados a inversões finais. Mas esta, para além de inesperada, é abrupta. Uma dobra suspensa no abismo da indiferença. “Ser um animal, e raro, é importante. Mas eu sou apenas um homem, com uma doença rara e ser raro como eu significa ser ignorado”.
Marca: Dompé. Título: The Rarest Ones. Agência: Saatchi & Saatchi Italia – Roma. Direção: Roberto Saku Cinardi. Itália, Fevereiro 2015.
Interessante anúncio, sensibiliza para a diferença da diferença.
Pois é, Nu! O anúncio é de facto magnífico.Mas numa nova visão, como diz, e infelizmente, que é o ser humano Nu, por si só? Com ou sem doença rara? Esse é o lado triste da questão, ainda que a diferença resida na maior causa, os atributos, e só esses, dão o reconhecimento, seja ético, seja estético. A triste condição social – Legitimação