O charme da imperfeição

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Insisto no tema da relação com o outro e da composição dos pares. No caso dos palhaços Branco e Augusto, a diferença atrai, como a electricidade negativa e positiva. A propósito da escolha do cônjuge, Alain Girard fala em tendência para a homogamia (Le Choix du Conjoint, Paris, INED /PUF, 1964): casamos com quem nos é social e culturalmente próximo. Teoricamente, esta mesmidade seria entrópica. A prática não o confirma. Importa considerar, ainda, uma relação alternativa. Não são as diferenças nem as semelhanças que aproximam mas as imperfeições. Já não “vamos juntar os trapinhos”, mas as imperfeições. Gosto deste novo mandamento. Impõe-se como um truísmo: se ninguém é perfeito, não há outro remédio senão juntar imperfeições. Por outro lado, diminuir a carga negativa da imperfeição é compensador. É gratificante sentir que alguém aprecia as nossas imperfeições: não gosto das minhas imperfeições, mas tu gostas; não gostas das tuas imperfeições, mas eu gosto. Um novo barco do amor. Subsistem imperfeições, mas quem quer ser perfeito? Estamos perante um efeito Cyrano de Bergerac. Em suma, o lema deste anúncio, agradável e original, do site de encontros Meetic não podia ser mais bem escolhido: “Si vous n’aimez pas vos imperfections quelqu’un les aimera pour vous”. Brincadeira à parte, este tipo de relação existe e não deve ser descurado.

Marca: Meetic. Título: Love your imperfections. Agência: Buzzman. França, Dezembro 2014.

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One response to “O charme da imperfeição”

  1. Beatriz Martins says :

    Valha-nos a imperfeição! Cansada de perfeitos!

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