Um abraço à divindade: São Bernardo de Claraval
“A causa para amar a Deus é o próprio Deus; a medida, amá-lo sem medida” (Bernardo de Claraval, 1090-1153).
Sobre a evolução das imagens de Cristo do séc. V ao séc. XVI, escrevi: “A imagem de Cristo Pantocrator é aquela que predomina no primeiro milénio. Criador de todas as coisas, omnipotente, Cristo senta-se num trono em pose imperial, com o Livro da Lei na mão esquerda. Situa-se em locais altos de onde tudo vê: nas cúpulas, por cima das portas, na abside. Já nos crucifixos e nas pietás, com Cristo na condição de julgado, as imagens descem das alturas, aproximando-se dos crentes” (http://tendimag.com/?s=duas+faces). A humanização do divino e a sua aproximação ao humano atingiram um clímax nos séculos que se seguiram ao Renascimento do séc. XII, multiplicando-se as imagens de Cristo crucificado, da Pietá e de Nossa Senhora do Leite.
As aparições a São Bernardo de Claraval constituem um bom exemplo desta aproximação do divino ao humano. São Bernardo (1090-1153), abade de Claraval, santo e doutor da Igreja, é a figura mais influente da Ordem de Cister. Numa aparição, Cristo desceu da cruz para o abraçar (figuras 1 a 3). Noutra aparição, Nossa Senhora contemplou-o com um esguicho de leite em direcção à sua boca (figuras 4 a 12). Na galeria, dois quadros com a lactação de São Bernardo são da autoria de Josefa (de Óbidos) Ayalla, pintora dada a temas místicos.
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