Peluches sem espinhos

O Natal já passou. Vivam os Reis! Nesta ternura de anúncio da Butlins, o monstro é uma relva fofa, a bola uma flecha de Cupido e a música, Dust in the Wind em versão retocada, um regalo (Facebook, 27/12/2010).
O estendal

Há olhares que vêem e outros que cativam. Cativam o espanto, a vitalidade e a turbulência. A fotografia renova o olhar cansado. O fotógrafo é um alquimista, um pintor de verdades. Esta fotografia foi tirada para os lados de Almada. O Álvaro Domingues percorre todas as estradas do País, numa espécie de rota do presente insólito.
Um silo e um estendal: o pequeno e o grande, o infantil e o monstruoso, o afecto e o objecto. Em tempos de responsabilização e estetização empresarial, o silo ostenta uma pintura minimalista gigantesca. Lembra a Street Art. No estendal, três peluches. A fragilidade do mundo exposta ao ar livre. Uma alegoria do tempo: o passado, de pernas para o ar e de costas voltadas; o presente, pendurado pelas orelhas; e o futuro, a alucinação de olhos arregalados. Uma fotografia constrói um mundo, propõe um mapa mental. Em cima, à esquerda, vislumbra-se um aglomerado de prédios. Na margem, parece um apêndice do silo visitado por transportadoras. Convém não cortar as asas à imaginação para não cortar as pernas ao pensamento.
Amor prevenido
O controlo automático de distância não se aplica apenas aos automóveis e respectivos peluches. Também separa os seres humanos. Aproximam-se, afastam-se, mas não se encontram. Como dois pólos magnéticos iguais. Uma tragédia shakespeariana na era da técnica! Com pequenas coisas se fazem grandes anúncios. A medida é o ser humano.
Marca: Volkswagen. Título: A Teddy Tragedy. Agência: adam&eveDDB. Direção: Matteo Pellegrini. UK, Fevereiro 2014.