Neil Young. Old Man

Mais música, outro “dinossauro”: Neil Young. Resulta estimulante vê-lo a interpretar “Ohio”, com 73 anos, no concerto Farm Aid de 2018. Não menos impressionante a performance a solo, sem qualquer acompanhamento, oito anos antes, no Farm Aid de 2010. Para concluir, um recuo a 1971: “Old man”, ao vivo na BBC, com 26 anos.
A sombra da escuridão

Matt Elliott, compositor, guitarrista e cantor inglês, residente em França, atua, hoje, 12 de fevereiro, às 21:30, no Theatro Circo, em Braga. Segue uma amostra da música de Matt Elliott.
Numinoso




Estou a escrever sobre o Cristo Triunfante (na cruz) e a arte pré-românica, vejam bem para o que me foi dar, e estou a ouvir os norte-americanos Lumineers, o que não sei se condiz mas não deixa de ser compensador. Fico sem tempo para a rede. Este é um post do género mais ou menos rápido.
Folk dinamarquês

“Ninguém escreve ao coronel” (Gabriel Garcia Márquez). Tão pouco, ressalvando duas ou três pessoas. A Sónia enviou-me a música Gaestebud, do duo dinamarquês Haugaard & Høirup. Lembra o filme, também dinamarquês, Babettes Gaestebud (A Festa de Babette; 1987). Um banquete extraordinário transforma as atitudes e os comportamentos dos convidados. No fim, os aldeões, protestantes puritanos, dão as mãos numa roda nocturna. Graças ao banquete, “tudo é possível”: imagino a música Gaestebud a descer da lua para empolgar os vizinhos entretanto regenerados e reconciliados.
À música que a Sónia enviou, Gaestebud, do álbum homónimo (2005), acrescento Rejsedage, do álbum homónimo (2008), e Som Stjernerne på Himlens Blå, do álbum Om Sommeren (2003). Desta vez é uma canção, o que não é frequente.
Descentrar-se, vaguear pelo mundo sem calcorrear os mesmos caminhos faz bem ao espírito. É uma arte de não ficar fechado lá fora. Como muita boa gente!
Eclipse. Cat Stevens
Tesourinhos deprimentes quem os não tem?
Não são caviar, mas sabem bem (AG).
Ocasionalmente apetece um retiro. Existem várias possibilidades de alheamento. Por exemplo, dar cinco passos rumo à prateleira dos discos de vinil. Escolho um. Às vezes, justifica partilha. Procuro, na Internet, um endereço com bom som e boa imagem. Não é fácil. Para uma única música, consulto, sem auscultadores, acima de uma dezena de páginas, algumas com direito a repetição. Esta é a fase que a família detesta: ouvir, sem descanso, a mesma tesourinho deprimente. Com o Cat Stevens (o Álvaro Domingues chamava-lhe Gato Esteves) foi quase assim. O massacre doméstico foi, porém, maior. Na verdade, andava à cata do Rick Wakeman, de uma das Six Wives of Henry VIII (1973) que fosse agradável ao ouvido. Deparo-me com um vídeo estranho: Cat Stevens acompanhado ao piano por Rick Wakeman a interpretar Morning has broken (1971), uma canção de grata memória. Pelos vistos, o arranjo de piano da canção foi composto por Rick Wakeman. Justifica-se, portanto, o duo. Cat Stevens é bastante homogéneo quanto à qualidade das canções. Destacam-se, no entanto, para além de Morning has broken, Father and Son (1970) e Wild World (1970). Surpreendeu-me o facto de Yusuf / Cat Stevens ainda dar, com 68 anos, concertos, sem desmerecer os dos anos setenta. Convertido ao islamismo, abandona a música pop em 1978. Regressa em 2006, com o álbum An Other Cup. Um longo eclipse.
Rick Wakeman & Cat Stevens (Yusuf Islam). Morning has broken.
Yusuf Islam (Cat Stevens) – Father and Son (TV Bayern 3, Munich, Germany 2009).
Cat Stevens – Wild World (BBC 1970).
A passo de caranguejo. A canção da morte
Ao passar um vídeo sobre o grotesco (http://tendimag.com/2012/08/31/o-desconcerto-do-mundo/), costumo relevar, na sequência dedicada às danças da morte, a correspondência entre os versos da Dança Macabra de Pinzolo (Itália, 1539) e a letra da música, de fundo, de Angelo Branduardi: Ballo in Fa diesis Minore (Sono Io la Morte; 1977).
“Sono io la morte e porto corona,
io Son di tutti voi signora e padrona
e così sono crudele, così forte sono e dura
che non mi fermeranno le tue mura.Sono io la morte e porto corona,
io son di tutti voi signora e padrona
e davanti alla mia falce il capo tu dovrai chinare
e dell ‘oscura morte al passo andare.Sei l’ospite d’onore del ballo che per te suoniamo,
posa la falce e danza tondo a tondo
il giro di una danza e poi un altro ancora
e tu del tempo non sei più signora”.
Angelo Branduardi. Ballo in Fa diesis Minore (Sono Io la Morte). La pulce d’Acqua. 1977.
Não é fácil detectar este tipo de coincidências. São saltos laterais na “linha do raciocínio”. De desvio em desvio, anda-se “a passo de caranguejo”. Recordando Marshall McLuhan, trata-se de ensinar menos por mensagem e mais por massagem.
Angelo Branduardi é um compositor e interprete folk / rock italiano. “Trovador contemporâneo”, inspira-se na música medieval e renascentista. Compõe, frequentemente, letras alheias. Consta entre os compositores e cantores mais famosos da Europa (além-Pireneus). Partilhou uma música com Teresa Salgueiro, Nelle Palludi di Venezia (2000), integrada no álbum Obrigado (2005). De Itália até Portugal, a passo de caranguejo.
Angelo Branduardi e Teresa Salgueiro, Nelle Palludi di Venezia. 2000. Teresa Salgueiro, Obrigado, 2005.