A pedreira das luzes
Em Baux de Provence, em França, uma pedreira de calcário branco foi transformada num espaço museológico imersivo que acolhe exposições de obras de arte: a Carrière de Lumières. Com técnicas avançadas de projecção, as paredes, num total de 4 000 m2, animam-se com imagens gigantescas, algumas em movimento. Pela Carrières de Lumières, já passaram Paul Cézanne, em 2006, Vincent Van Gogh, em 2008, Pablo Picasso, 2009… Uma exposição com Hieronymus Bosch, Pieter Bruegel e Giuseppe Arcimboldo está patente até 07 de Janeiro de 2018. Um ramalhete fantástico, acompanhado pela música de Vivaldi e dos Led Zeppelin. Um espectáculo empolgante. “Os franceses não têm petróleo, mas têm ideias”. Obrigado, Adélia!
Bosch, Bruegel e Arcimboldo. Carrières de Lumières. 2017
Sonho à solta
“Que de sonhar ninguém se cansa” (Fernando Pessoa, Livro do Desassossego).
O sonho saiu à rua! Com quatro rodas. Esgueirou-se pela nuca do criador. Coisa de pasmar, fantástica e surreal! Abram! Abram alas à imaginação que o Honda Civic vai passar. Num rodopio. Gosto da palavra rodopio: combina curva, movimento e velocidade. Num mundo em perpétuo inacabamento, a travessia segue os passos de Antonio Machado: faz-se andando. Acaba mal começa. Desfaz-se em metamorfoses e fragmentos num puzzle desconexo e acelerado de paisagens e figuras oníricas. Pictóricas: os volumes e as diferenças sobrepõem-se aos contornos e aos elementos. Este anúncio lembra os culpados do costume: Hieronymus Bosch, Peter Bruegel, René Magritte, Salvador Dali… Também lembra outros anúncios. No meio de tanta lembrança, também vem a propósito a Sinfonia Fantástica de Hector Berlioz. Sonhem! Que “o homem é do tamanho do seu sonho” (Fernando Pessoa, Livro do Desassossego).
Carregar nas imagens para aceder aos vídeos.
Marca: Honda. Título: The Dreamer. Agência: RPA. Direcção: Guto Terni, Sam Mason, Vinicius. USA, Dezembro 2015.
Berlioz: “Symphonie Fantastique” – 5th Mvt. – Leonard Bernstein
Segredos da mente
O mistério da mente humana assombra, frequentemente, as minhas travessias. Quando isso acontece, visiono duas ou três vezes o anúncio Head, da PlayStation 2, e sigo, revigorado, em frente. Nós somos todos videogamers. Carregar em HD.
Marca: Sony PlayStation 2. Título: Head. Agência: TBWA/Paris. Direção: Thomar Marqué. França, 2006.
O beijo da imagem
Lindo, o beijo da imagem.
Lindo, dois caracóis a fazer amor.
Lindo, uma mulher com treze braços a mostrar o caminho a um monge.
Lindo, um bando de demónios a banhar-se no rio.
Lindo, uma árvore de falos num convento.
Lindo, o heróico e minúsculo pecado.
Lindo, um bispo montado de costas a caminho da missa do burro.
Lindo, um porco a andar de bengala depois da festa do presunto.
Calemo-nos, pois! Para acolher o beijo da imagem. Calemo-nos, de preferência, em inglês, para melhor forma e maior efeito.
Alice no País das Mercadorias
A publicidade inspira-se onde lhe apraz. Há, porém, domínios e temas particularmente prezados. Por exemplo, os contos: a Bela Adormecida, A Lebre e a Tartaruga, Cinderela, o Principezinho… Todos encantam a vida e o mundo! Estas figuras fantásticas são adotadas e adaptadas pela publicidade em função da imagem de marca, da campanha, dos objetivos e do público-alvo. O anúncio Believe in Magic and Sparkle, da Marks & Spencer, convoca, pelo menos, quatro contos: Alice no País das Maravilhas (a cerimónia do chá), O Capuchinho Vermelho (a fuga na floresta), Aladino (o voo no tapete) e o Feiticeiro de Oz (a estrada dos tijolos amarelos).
Marca: Marks & Spencer. Título: Believe in Magic and Sparkle. Agência: Rainey Kelly Campbell Roalfe/Y&R. Direção: Johan Renck . UK, Novembro 2013.
Belo, demasiado belo
Épico, feérico, erótico. Um novo anúncio de Bruno Aveillan. Espera-se já pelo próximo. De preferência, inovador, que melhor do mesmo é pouco. É maldição dos génios ter que renascer a cada gesto. A obra de Aveillan ilustra bem a estética da publicidade contemporânea. Excesso de sensações, bastante emoção e algum (re)conhecimento. Sentido, sentimento, razão; a base, a face e o vértice da pirâmide estética propiciada pelo ecrã. Fisgadas nesta pirâmide, preguiçosamente atentas, as esfinges da vontade não param de destilar ídolos, ícones, marcas e mercadorias.
Marca: Guerlain. Título: La legende de Shalimar Guerlain. Agência: Quad. Direção: Bruno Aveillan. USA, Agosto 2013.
A Arte pela Arte
Este anúncio, Let Art Decide: Dog, remete-nos para a divisa “a arte pela arte”, adoptada por Théophile Gautier nos anos 1830. Pierre Bourdieu considerou esta divisa como a expressão mais emblemática da autonomia do campo da arte. Como reivindica este anúncio, “a arte pela arte” requer que a avaliação das obras artísticas se paute exclusivamente por princípios e critérios intrínsecos à arte, emancipando-se, assim, da moral, da religião, da economia e da política. Téophile Gautier escreveu vários textos fantásticos, entre os quais Avatar (1856), um conto em que as almas das personagens migram de corpos em corpos. Segue o pdf em português: Théophile Gautier. 1856 Avatar.
Anunciante: Art Directors Club. Título: Let Art Decide – Dog. Agência: The Conquistadors Collective. Direção: Jordi Soler. EUA, Dezembro 2012.
Supernova laranja
Imagens fantásticas de uma dinâmica cósmica e radical que tudo envolve e agita.
Carregar em HD.
Marca: Rani Float. Título: Supernova. Agência: Face to Face. Direção: Eric Will. Reino Unido, Outubro 2012. Versão longa.
A recriação do mundo
As marcas de cerveja têm queda para os anúncios épicos. Neste, um grupo de homens (re)anima ou (re)cria o mundo. Naquele tempo ainda não apareciam mulheres ou, pelo menos, não bebiam cerveja. Um anúncio merecidamente super premiado. Monumental, fantástico e refrescante.
Marca: Guinness. Título: Bring it to life. Agência: AMV BBDO, London. Direção: Johnny Green. Reino Unido, 2009.