O dever e o prazer

Colocar música no Tendências do Imaginário não lhe acrescenta valor. Mas gosto! Por prazer, faço disparates. A estupidez não é pecado; às vezes, é uma bênção. Colocar música não é, necessariamente, aliciante. Repetir dezenas de vezes a mesma música para escolher a melhor ligação é penitência. Mas é um tributo às músicas de grata memória. Ao valorizar um gosto, valoriza-se quem gosta. Dois princípios sobressaem na vida: o princípio do dever e o princípio do prazer. Acabei de participar numa reunião por videoconferência. Princípio do dever e da responsabilidade. Muita areia para crânios pequenos. Não me apetece analisar anúncios publicitários, obras de arte ou realidades sociais. Tão pouco me apetece vídeo conviver, colar lembretes no computador ou conceber aulas imateriais. Apetece-me pensar oblíquo e dizer disparates. Apetece-me ouvir música, música com garra. The Doors: End of the night; The end; e Riders on the storm. Prazer em águas turvas. Como sabe bem desconversar!
Michel Maffesoli

Michel Maffesoli e Muniz Sodré. Seminário O Trágico e o Grotesco no Mundo Contemporâneo. Tibães, 2005,
Michel Maffesoli faz hoje anos. Foi meu professor na Sorbonne em 1981 e contribuiu para a minha apetência pelo estudo do imaginário. Confesso que é uma das raras pessoas a quem invejo a qualidade da escrita e do discurso.
Seguem três ligações, algumas em jeito de prenda digital:
– Uma entrevista recente de Michel Maffesoli (11/11/2013): Narcisses. Sommes-nous la géneration la plus obsedée par ses défauts physiques de l’histoire de l’humanité?: http://www.atlantico.fr/decryptage/narcisses-sommes-generation-plus-obsedee-defauts-physiques-histoire-humanite-michel-maffesoli-895382.html
– Um vídeo, O Desconcerto do Mundo, concebido para um seminário, O trágico e o Grotesco do Mundo Contemporânio (Tibães, 2005), com a participação de Michel Maffesoli: http://tendimag.com/?s=desconcerto+do+mundo;
– As Duas Faces, Imagens de Cristo, um vídeo talhado para quem reconhece o valor e o alcance das imagens religiosas, tema que abordei parcialmente na comunicação “Le Mélange Insensé; De l’enluminure au digital”, nas jornadas Socialité Postmoderne (Sorbonne, Junho 2011), organizadas pelo Centre d’Etude sur l’Actuel et le Quotidien, dirigido por Michel Maffesoli: http://tendimag.com/?s=duas+faces.