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Reinvenção

O que foi bem dito, mesmo que esquecido, será repetido. Não me lembro qual foi o otimista que disse isto, mas alguém foi. Esta sentença aplica-se aos anúncios seguintes: o primeiro criou, o segundo retoma. Retoma duas maneiras paradigmáticas de estar no mundo: a reta e a curva. Segue em frente ou vai dar uma curva. O clássico e o barroco.

Marca: Citroen C-Crosser. Título: The New Road. Agência: H paris. Produção: Cosa. França, 2007.
Marca: Alpine. Título: Go Straight. Agência: Havas. Diretor criativo: Stéphane Gaubert. França, Abril 2021.

O post da meia noite

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Meia noite, na parvónia voam em vassouras as teclas de mau agoiro. No ecrã, surge, repescado e apressado, um mini-post.

A citröen é uma referência na publicidade. O povo francês tem sentido de humor, excelentes mimos (e.g. Marcel Marceau), cineastas (e.g. Jacques Tati) e actores (e.g. Fernandel). Este anúncio não renega a tradição.

Marca: Citroen. Título: Bip bip. Agência: H. Direcção: Thorsten Herken. França, 2011.

 

Criação e recriação

kia-optima-blake-griffin-fighter-pilotHá criação e recriação. Alguém disse que o que é bem pensado voltará a ser pensado. O anúncio Fighter Pilote, da Kia, retoma a papel químico o anúncio de Jacques Séguéla, Porte avion, para a Citroën (1985). Em suma, há recriação por todo o lado. Na publicidade, na ciência e na arte, expulsa-se a “folle du logis” (a imaginação). É substituída pela “follie ménagère” (a arrumação).

Marca: Kia. Título: Fighter Pilote. Agência: David&Goliath. Direção: Stacy Wall. USA, Fevereiro 2015.

Marca: Citroen. Título: Porte avion. Direcção: Jacques Séguéla. França, 1985.

Prazer motorizado

Citroen ds5Um anúncio composto por instantes, fragmentos, sombras e sensações. Sob a luz de Paris em maré de liberdade. O desdobramento em duas partes, com cores, motivos e arranjos musicais distintos, revelou-se uma aposta feliz.

Marca: Citröen Ds. Produção: Mac Guff Paris. França, 2013.

O carro e a paisagem

Citroen DCH13O segmento automóvel é um mundo à parte na publicidade. A excelência mora por estes lado. Os recursos ajudam. Este anúncio não tem nada de especial, a não ser a qualidade.

Marca: Citroen. Título: Citroen DCH13. Produção: Le rendez vous à Paris / Mac Guff. Direção : Laurent Nivalle. França, Abril 2013.

Uma Gota de Emoção

café galão portugues com torradaA Citroen, fiel ao símbolo do cavalo, convida-nos a uma praia que parece pertencer ao reino dos elfos. Uma criança amazonas persegue o prazer com o cabelo a ondular ao vento. A Nespresso, por sua vez, mostra-nos, em câmara lenta minuciosa, a musicalidade e o bailado do embate de gotas numa superfície líquida. Até apetece brincar aos estruturalistas: claro / escuro; ar / líquido; potência / emoção; leite / café… Juntando um descapotável e um expresso, temos ou um galão ou um irmão metralha.

Marca: Citroen. Título: Baby. Agência: H Paris. Direção: Tom Kuntz. França, Fevereiro 2013.

Marca: Nespresso. Título: Drop of Emotion. Agência: Soleil Noir, Paris. Direção: Maxime Bruneel. França, Fevereiro 2013.

Nos limites

Citroen. GhostOs limites atraem-nos. Para os explorar ou para os ultrapassar. Mesmo quando do outro lado espera a morte ou o inferno. Pisamos a linha. Batemos às portas do além. É a “paixão do risco”, diz David Le Breton. O que vale é a técnica, o anjo da guarda da modernidade. Salva-nos no momento oportuno. Assim acontece nestes três anúncios, como em muitos outros que batem na mesma tecla. No primeiro, Diablo, da Renault, o virtuosismo técnico frustra, raiando o impossível, as arremetidas do diabo. No segundo, Vampires, da Citroen, o carro, equivalente mecânico do cavalo de Zorro, resgata, no momento azado, o herói de uma orgia de vampiros. No terceiro, Ghost, também da Citroen, o carro é o último reduto contra a fúria de um fantasma importunado.

Marca: Renault. Título: Diablo. Agência: Aquila & Baccetti. Direção: Pucho Mentasti. Argentina, 1998.

Marca: Citroen. Título: Vampires. Agência: Euro RSCG. Direção: Enda Mc Callion. Espanha, 1997.

Marca: Citroen. Título: Ghost. Agência: Euro RSCG. Direção: Lionel Mougin. França, 1997.

Publicidade monumental

Já lá vai o tempo destes anúncios monumentais, excessivos,  exigentes em recursos e altas autorizações: porta-aviões e submarino disponibilizados pelo governo francês, utilização da muralha da China tolerada pelo governo chinês. Hoje, com tanta recomendação superior e contenção deontológica, este tipo de anúncios é muito improvável. Estes dois anúncios clássicos da Citröen são património da história da comunicação audiovisual. Pf, carregar na imagem.

Citroen Visa Gti. Le porte-avion Clémenceau. RSCG. Jean Becker. França, 1985

Citroen. Muraille de Chine / Révolutionnaire. França, 1987.

Gosto de gostar

Acontece-me pensar que se tornou de bom tom não gostar. Por desgaste (os veteranos já gostaram tudo), por elitismo (para os snobs nada os merece), por universalismo (os omnívoros gostam de tudo, logo de nada) ou por previdência (são os viciados em preservativos do desejo). Pois, eu arrisco gostar. Gosto, por exemplo, de Jacques Séguéla, que foi uma lufada de ar fresco na França do último quartel do séc. XX. Responsável pelas campanhas eleitorais de Chirac e de Giscard d’Estaing, celebrizou-se com o slogan “A Força Tranquila” da campanha de François Mitterand. Publicou uma dezena de  livros dedicados à publicidade. Destaco: o best-seller Ne dites pas à ma mère que je suis dans la publicité… elle me croit pianiste dans un bordel, Flammarion, 1979 ; Hollywood lave plus blanc, Flammarion, 1982 ; e Fils de pub, Flammarion, 1984. Gosto, principalmente, dos seus anúncios. Por exemplo, Les Chevrons Sauvages (1985), da Citröen, um marco na história da publicidade.

Gosto também do trabalho da agência de publicidade Euro RSCG, de que Jacques Séguéla é fundador e vice-presidente. Trata-se de uma multinacional com implantação em Portugal. Retenho dois vídeos: o primeiro é um anúncio português (Fundação EDP Ilumina, 2010); o segundo é uma montagem de prints recentes feita, em 2011, pela Euro RSCG Worldwide.