Tag Archive | Banda Sonora

Música lenta

Les sanglots longs des violons de l’automne blessent mon coeur d”une langueur monotone.(Paul Verlaine)

Afinal, no programa “A Voz do Cidadão” de hoje foi só questão das RTP Açores e Madeira. Precipitei-me. Se houver algo aproveitável, passará quando passar. Mais do que a conferência “Vestir os Nus”, esta entrevista à RTP1 teve o condão de entreabrir um postigo mais fechado do que aberto. Algumas músicas de filmes tidos como eróticos tiveram o seu momento de celebridade. Destaca-se Emmanuelle, composta, tal como Bilitis e Love Story, por Francis Lai. Uma outra também se aproximou: a banda sonora do filme de culto do género, Histoire d’O (1975), composta por Pierre Bachelet. Das 14 faixas, retenho 4. Depois do tango, o slow.

Histoire d’O, do filme Histoire d’O. Compositor: Pierre Bachelet. 1975
O’ Et Le Chateau de Roissy, do filme Histoire d’O. Compositor: Pierre Bachelet. 1975
Tout celà est pour toi, do filme Histoire d’O. Compositor: Pierre Bachelet. 1975
O’ Comme Histoire d’O, do filme  Histoire d’O. Compositor: Pierre Bachelet. 1975

Purgatório eterno

Eis o homem! Põe a culpa no sapato quando o culpado é o pé (Samuel Beckett. À espera de Godot. 1953).

Vou dedicar os próximos dias ao compositor polaco Zbigniew Preisner. Comecemos pelo céu (Ciel, Opéra Egyptien) para passar em seguida ao inferno (Enfer, La Double Vie de Véronique). Para assistir a um “purgatório eterno”, aconselho À Espera de Godot, de Samuel Beckett, em cena no Theatro Circo, quinta 15 e sexta 16, às 21:30. Entre as peças de teatro que mais me marcaram.

À Espera de Godot – um título que se tornou proverbial em todo o mundo. Talvez nenhuma outra peça do séc. XX tenha conhecido um alcance tão expressivo, tão global. É legítimo afirmar que, na noite em que estreou esta “tragicomédia em dois atos”, Samuel Beckett alterou por completo não apenas a literatura dramática, mas a própria condição teatral. Numa estrada, junto a uma árvore, duas criaturas sem eira nem beira, saídas de um vaudeville ou do cinema mudo, entretêm-se com jogos e picardias, rindo e chorando, discutindo tudo: um par de botas, os Evangelhos, o suicídio… Aguardam por alguém que não chega, que nunca chega: Godot, personagem-mistério que Beckett sempre se recusou a identificar com Deus, porque, mais do que aquilo que esperamos, lhe interessava realçar o que acontece enquanto esperamos (https://www.theatrocirco.com/pt/agendaebilheteira/programacultural/1332).

Zbigniew Preisner. Ciel Opéra Égyptien. Preisner’s Music. 1995
Zbigniew Preisner. Enfer (La Double Vie de Véronique, 1991). Preisner’s Music. 1995

Música mecânica

Existem anúncios em que pelo menos parte da banda sonora “musical” provém dos conteúdos. Seguem dois exemplos da Honda: The Motor Song e The Cog. Este último afirma-se como um marco na história da publicidade.

Marca: Honda. Título: The Motor Song. Agência: Publicis. Direção: Carina Mazarotto, Ricardo Sant ‘Anna. Brasil, julho 2021.
Marca: Honda. Título: The Cog. Agência: Wieden + Kennedy. Direção: Antoine Bardou-Jacquet. Reino Unido, 2003.

Imagens musicais na publicidade

Doritos & Cheetos. Push It. Estados-Unidos, fevereiro 2022.

Preparei, recentemente, uma comunicação sobre a música na publicidade. Um dos tópicos incide sobre os anúncios com bandas sonoras híbridas: a componente propriamente musical combina com outra decorrente de sons imanentes às imagens e à ação (ver A Alegria dos Sentidos). Os anúncios Push It, da Doritos & Cheetos, e Earth Odyssey, da Jeep, ilustram o que se entende por imagens musicais e bandas sonoras híbridas. No segmento automóvel, a Mercedes foi pioneira neste tipo de anúncios e a Honda tem sido useira e vezeira. Estes casos serão contemplados nos artigos seguintes.

Marca: Doritos & Cheetos. Título: Push It | Flamin’ Hot. Agência: Goodby Silverstein & Partners. Direção: Tom Kuntz. Estados-Unidos, fevereiro 2022.
Marca: Jeep. Título: Earth Odyssey. Agência: Highdive. Direção: Lance Acord. Estados-Unidos, fevereiro 2022.

Bandas sonoras: Stephen Warbeck

Já lhe aconteceu ver um filme para ouvir sobretudo a música? Porventura o Laranja Mecânica (de Stanley Kubrick, 1974) ou o português Capas Negras (de Armando de Miranda, 1947), com a Amália Rodrigues. E ver um filme para ouvir música e relaxar? Talvez O Rei e o Pássaro (de Paul Grimault, 1980), um regalo para o olhar e os ouvidos.

Stephen Warbeck


Stephen Warbeck, inglês, nascido em 1953, é um compositor de música para filmes e séries de televisão. Ganhou o óscar de Melhor Banda Sonora Original Musical ou Comédia, pelo filme A Paixão de Shakespeare (1998), bem como outros prémios: BAFTA, BMI, Cannes, European Film Awards, Ghent e Grammy. Compôs mais de trinta bandas sonoras para filmes e séries televisivas.

Stephen Warbeck. My Name is Charlotte Gray. Charlotte Gray OST. 2001.
Stephen Warbeck. La Neige. Yellowbird OST. 2015.
Stephen Warbeck. Pont Saint Michel. ADN. 2020.
Stephen Warbeck. Le parc. ADN. 2020.

Um homem singular

A Single Man. 2009.

O Tendências do Imaginário não inclui nenhuma música da excelente banda sonora do filme A Single Man (2009), composta por Abel Korzeniowski e Shigeru Umebayashi. Escuto o disco com bastante frequência. Por isso mesmo, convenci-me que já o tinha colocado. Mais vale tarde do que nunca. É difícil escolher esta ou aquela faixa. Nenhuma se destaca. Todas possuem respiram qualidade. Das 19 músicas, seguem quatro: três de Korzeniowski (Stilness of the Mind; Daydreams; e Swimming) e uma de Umebayashi (George’s Waltz).

A Single Man. Stilness of the Mind. Compositor: Abel Korzeniowski. 2009. Festiwal Muzyki Filmowej 2017.
A Single Man. Daydreams. Compositor: Abel Korzeniowski. 2009.
A Single Man. Swimming. Compositor: Abel Korzeniowski. 2009. Festiwal Muzyki Filmowej 2017.
A Single Man. George’s Waltz (2). Compositor: Shigeru Umebayashi. 2009.

Bandas sonoras

The Farmhouse. Hilary and Jackie. 1998.

Lara’s Theme, do filme Doutor Jivago (1966), obteve, à semelhança do filme, um enorme sucesso. O realizador, David Lean, já tinha dirigido filmes como A Ponte do Rio Kwai (1957) ou Lawrence da Arábia (1962). Maurice Jarre compôs a música. Considero a versão original “muito instrumentada”. Não desgosto desta versão para piano.

De banda sonora para banda sonora, acrescento a música The Farmhouse, do filme Hilary and Jackie (1998), com realização de Anand Tucker e música de Barrington Pheloung.  

Barrington Pheloung. The Farmhouse. Hilary and Jackie. 1998.
Maurice Jarre. Lara’s Theme. Doutor Jivago. 1966.